TRAGÉDIA AÉREA

Voo 168: Relembre o maior acidente aéreo ocorrido no Ceará

Possível falha na comunicação entre piloto e co-piloto pode ter contribuído para a tragédia

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12 de dezembro de 2021
A10

Na madrugada do dia 8 de junho de 1982, às 2h45min da madrugada, o avião da Vasp, voo 168, se chocou contra a Serra da Aratanha, no município de Pacatuba, no Ceará. O Boeing 727 – Super 200, da Vasp, se aproximava de Fortaleza, após cumprir mais um voo na extensa malha de rotas da companhia. Uma falha na comunicação entre piloto e co-piloto pode ter contribuído para a tragédia que se tornou o mais grave acidente da aviação comercial no Brasil, até então.

Voo 168: Relembre o maior acidente aéreo ocorrido no Ceará
O Boeing 727 super 200, da Vasp, se aproximava de Fortaleza, após cumprir mais um voo na extensa malha de rotas da companhia. Porém, um estrondo foi ouvido na cidade de Pacatuba, acordando a maioria dos moradores que, sem saber, ouviram o maior e o mais grave acidente da aviação comercial brasileira até então. (FOTO REPRODUÇÃO)

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A aeronave, que decolou do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, fez escala no Rio de Janeiro e realizava viagem normalmente. O avião bateu e explodiu contra uma serra durante sua aproximação, causando a morte imediata de 137 pessoas.

A bordo, estava um grupo de empresários cearenses do setor têxtil que retornava da 27ª Feira Internacional da Indústria Têxtil, realizada em São Paulo. Ao deixar o solo da capital paulista, o avião levava 54 passageiros e nove tripulantes. No comando, estava Fernando Antônio Vieira de Paiva, um dos mais antigos pilotos da Vasp na época, com 21 anos de serviço.

Às 22h53min, do dia 7 de junho de 1982, o avião decolou do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e cerca de 40 minutos depois pousou no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A escala na cidade era a única do voo que tinha como destino a cidade de Fortaleza.

No Aeroporto do Galeão, outros passageiros embarcaram na aeronave por volta das 00h12min da madrugada. Cerca de três horas após decolar, a aeronave perdeu contato com a torre de comando.

O piloto Fernando Antônio Vieira tinha 43 anos e era natural de Caxambu, cidade de Minas Gerais. Foi admitido na Vasp em 15 de março de 1961. Era piloto desde 1959, tinha nove anos como comandante e primeiro oficial de um boeing 737.

O co-piloto Carlos Roberto Duarte Barbosa tinha 28 anos, era casado e natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Admitido na Vasp no dia 28 de fevereiro de 1980, tinha dois anos e meio como primeiro oficial de um 727 – Super. Antes de entrar na empresa área, esteve na Varig por oito anos como co-piloto.

Já o engenheiro de bordo José Erimar de Freitas, de 31 anos, era natural de Morada Nova, no Ceará. Como mecânico de manutenção, passou a trabalhar na Vasp, em 19 de junho de 1972 e se tornou mecânico de voo de aeronave do modelo 727, em 1979. Antes de entrar para a Vasp, foi piloto comercial e instrutor de pilotagem em Itu, São Paulo.

Às 2h24min da madrugada, cerca de 140 milhas do Aeroporto de Fortaleza, o controle de tráfego aéreo autorizou que o avião descesse de 33 mil pés para 5 mil pés. Durante a manobra, foi identificado o primeiro fator que influenciaria no acidente. O comandante teria que avisar ao controle de tráfego quando a aeronave atingisse 10 mil pés, o que não ocorreu.

Outro erro teria acontecido na decisão do piloto em iniciar a descida final para o pouso antes do recomendado. O comandante Fernando Antônio Vieira realizou o procedimento ao alcançar 137 milhas de distância até o aeroporto e não 86 milhas, como indicado. A decisão não foi questionada por nenhum tripulante.

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Durante a descida, o sistema do avião tocou duas vezes e, por último, quando atingiu 2.800 pés. Os dois avisos sonoros foram ignorados pelo comandante Vieira, mas o avião já estava bem abaixo do nível de segurança determinado pela aviação na época, que era de 3 mil pés.

Em áudio contendo o diálogo entre a tripulação é possível observar um alerta. Cerca de dez segundos antes do acidente, Carlos Roberto Duarte Barbosa, o co-piloto, questionou o comandante sobre a presença de um morro à frente da aeronave. “Dá pra ver que tem um monte aí na frente”, disse.

O comandante Vieira parece que não compreendeu a mensagem. “Tem o quê?”, respondeu. Mesmo o co-piloto reforçando o aviso não foi possível evitar o acidente. Os momentos finais da gravação mostram o som de um grito e o barulho do impacto.

A falta de comunicação entre piloto e co-piloto pode ter sido a causa decisiva para a tragédia. O co-piloto Carlos Roberto, estava suspenso da Vasp após assumir o controle de uma aeronave durante pouso, o que na época era proibido. Por esse motivo, passou cerca de duas semanas afastado de suas funções.

O comandante Fernando Paiva era conhecido por ter uma personalidade forte, segundo o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Na época, ele passava por graves problemas financeiros e também familiares.

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O forte barulho do impacto do avião que se chocou contra a Serra de Aratanha chamou a atenção dos moradores. No local, eles encontraram destroços da aeronave que explodiu e não deixou sobreviventes no maior acidente aéreo já ocorrido no Ceará.

Confira a reportagem completa que o acidente que foi ar no Balanço Geral deste sábado (11):

 

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