Possível falha na comunicação entre piloto e co-piloto pode ter contribuído para a tragédia
Voo 168: Relembre o maior acidente aéreo ocorrido no Ceará
Na madrugada do dia 8 de junho de 1982, às 2h45min da madrugada, o avião da Vasp, voo 168, se chocou contra a Serra da Aratanha, no município de Pacatuba, no Ceará. O Boeing 727 – Super 200, da Vasp, se aproximava de Fortaleza, após cumprir mais um voo na extensa malha de rotas da companhia. Uma falha na comunicação entre piloto e co-piloto pode ter contribuído para a tragédia que se tornou o mais grave acidente da aviação comercial no Brasil, até então.

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A aeronave, que decolou do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, fez escala no Rio de Janeiro e realizava viagem normalmente. O avião bateu e explodiu contra uma serra durante sua aproximação, causando a morte imediata de 137 pessoas.
A bordo, estava um grupo de empresários cearenses do setor têxtil que retornava da 27ª Feira Internacional da Indústria Têxtil, realizada em São Paulo. Ao deixar o solo da capital paulista, o avião levava 54 passageiros e nove tripulantes. No comando, estava Fernando Antônio Vieira de Paiva, um dos mais antigos pilotos da Vasp na época, com 21 anos de serviço.
Às 22h53min, do dia 7 de junho de 1982, o avião decolou do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e cerca de 40 minutos depois pousou no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A escala na cidade era a única do voo que tinha como destino a cidade de Fortaleza.
No Aeroporto do Galeão, outros passageiros embarcaram na aeronave por volta das 00h12min da madrugada. Cerca de três horas após decolar, a aeronave perdeu contato com a torre de comando.
O piloto Fernando Antônio Vieira tinha 43 anos e era natural de Caxambu, cidade de Minas Gerais. Foi admitido na Vasp em 15 de março de 1961. Era piloto desde 1959, tinha nove anos como comandante e primeiro oficial de um boeing 737.
O co-piloto Carlos Roberto Duarte Barbosa tinha 28 anos, era casado e natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Admitido na Vasp no dia 28 de fevereiro de 1980, tinha dois anos e meio como primeiro oficial de um 727 – Super. Antes de entrar na empresa área, esteve na Varig por oito anos como co-piloto.
Já o engenheiro de bordo José Erimar de Freitas, de 31 anos, era natural de Morada Nova, no Ceará. Como mecânico de manutenção, passou a trabalhar na Vasp, em 19 de junho de 1972 e se tornou mecânico de voo de aeronave do modelo 727, em 1979. Antes de entrar para a Vasp, foi piloto comercial e instrutor de pilotagem em Itu, São Paulo.
Às 2h24min da madrugada, cerca de 140 milhas do Aeroporto de Fortaleza, o controle de tráfego aéreo autorizou que o avião descesse de 33 mil pés para 5 mil pés. Durante a manobra, foi identificado o primeiro fator que influenciaria no acidente. O comandante teria que avisar ao controle de tráfego quando a aeronave atingisse 10 mil pés, o que não ocorreu.
Outro erro teria acontecido na decisão do piloto em iniciar a descida final para o pouso antes do recomendado. O comandante Fernando Antônio Vieira realizou o procedimento ao alcançar 137 milhas de distância até o aeroporto e não 86 milhas, como indicado. A decisão não foi questionada por nenhum tripulante.
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Durante a descida, o sistema do avião tocou duas vezes e, por último, quando atingiu 2.800 pés. Os dois avisos sonoros foram ignorados pelo comandante Vieira, mas o avião já estava bem abaixo do nível de segurança determinado pela aviação na época, que era de 3 mil pés.
Em áudio contendo o diálogo entre a tripulação é possível observar um alerta. Cerca de dez segundos antes do acidente, Carlos Roberto Duarte Barbosa, o co-piloto, questionou o comandante sobre a presença de um morro à frente da aeronave. “Dá pra ver que tem um monte aí na frente”, disse.
O comandante Vieira parece que não compreendeu a mensagem. “Tem o quê?”, respondeu. Mesmo o co-piloto reforçando o aviso não foi possível evitar o acidente. Os momentos finais da gravação mostram o som de um grito e o barulho do impacto.
A falta de comunicação entre piloto e co-piloto pode ter sido a causa decisiva para a tragédia. O co-piloto Carlos Roberto, estava suspenso da Vasp após assumir o controle de uma aeronave durante pouso, o que na época era proibido. Por esse motivo, passou cerca de duas semanas afastado de suas funções.
O comandante Fernando Paiva era conhecido por ter uma personalidade forte, segundo o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Na época, ele passava por graves problemas financeiros e também familiares.
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O forte barulho do impacto do avião que se chocou contra a Serra de Aratanha chamou a atenção dos moradores. No local, eles encontraram destroços da aeronave que explodiu e não deixou sobreviventes no maior acidente aéreo já ocorrido no Ceará.
Confira a reportagem completa que o acidente que foi ar no Balanço Geral deste sábado (11):

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