A capital cearense e outros 13 municípios do estado possuem água contaminada chegando à população. O dado é do Mapa da Água, levantamento realizado pela Repórter Brasil, organização de comunicação e projetos sociais. No estudo, é avaliada a qualidade e os riscos oferecidos pela água distribuída em 763 cidades brasileiras entre 2018 e 2020.
Os dados apontam que a água que sai das torneiras em 14 municípios cearenses estão fora dos padrões permitidos. Os testes foram feitos por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde.
O resultado da pesquisa pode ser consultado aqui. No site Mapa da Água é possível saber as substâncias presentes na água e quais os efeitos para a saúde.
De acordo com especialistas, o limite de presença de substâncias nocivas na água é amplo no Brasil, estando acima de padrões de países da União Europeia. Dependendo do produto contido na água, o consumo diário pode aumentar o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, fígado e no sistema nervoso.
As cidades que tiveram resultados acima do considerado inofensivo à saúde humana foram: Poranga, Ararendá, Tamboril, Catunda, Monsenhor Tabosa, Umari, Baixio, Ipaumirim, Mauriti, Porteiras, Juazeiro do Norte, Nova Olinda, Fortaleza e Caucaia. Em todos esses municípios foi encontrada pelo menos uma substância em altas concentrações.
Segundo a pesquisa, a maior parte das substâncias não pode ser retirada após tratamento da água com filtros ou fervura. Os pesquisadores classificaram a água como contaminada ou imprópria, colocando em risco a saúde de quem a bebe.
Estudos aceitos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e as agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália associam esses produtos ao câncer, mutações genéticas e diversos outros problemas de saúde.
Uma das substâncias encontradas na água contaminada é o nitrato, usado na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e medicamentos. Ele é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela OMS.
Agrotóxicos já foram encontrados em poços profundos, lençóis freáticos e até mesmo na água da chuva.
Quase metade dos municípios brasileiros (48%) não informaram os resultados ao Sisagua, impedindo o monitoramento da água nessas localidades.