A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou nesta quinta-feira (28) que, ao contrário do que foi noticiado pela mídia local e nacional, é falsa a informação de que o pescador que pisou num peixe-leão na praia de Bitupitá, em Barroquinha, município do litoral oeste do Ceará, tenha sofrido paradas cardíacas. Entretanto, por ter tido sete perfurações no pé causadas pelos espinhos do animal peçonhento, considerado invasor no litoral brasileiro, o jovem de 24 anos apresentou dores intensas no local, febre e convulsões.
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Após uma semana e três passagens por unidades de saúde de Barroquinha e Camocim, município vizinho, o pescador está em casa, desde o último domingo (24), com quadro clínico estável, consciente e sem febre. A pasta estadual segue monitorando o caso.
Na manhã desta quinta-feira (28), foi realizada reunião para discutir o cenário com representantes da Secretaria de Saúde do Ceará e de suas células de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora; da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema); do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e dos órgãos de vigilância e das unidades de saúde dos municípios de Barroquinha e Camocim e da Superintendência de Saúde da Região Norte.
Acidente inédito no Ceará
De acordo com a Sesa, não há precedentes de ocorrências semelhantes no Brasil, já que o acidente na costa cearense é considerado o primeiro do País com peixe-leão fora de ambientes de aquário. Em situações anteriores com aquaristas, foram observados sintomas como dor aguda no local da perfuração e febre, causadas pela toxina do animal no organismo humano.
Migração de espécie invasora
Registros da Sema e do Labomar/UFC apontam para uma migração dessa espécie invasora. Os peixes-leão são oriundos da região do Indo-Pacífico, das águas fundas do sul da Índia, da Indonésia, da China e do oeste da Austrália. Por serem animais ornamentais, são comuns em aquários do mundo todo. Não se tem uma causa definida para o surgimento desses animais nos mares do Caribe na década de 1980.
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No Norte do País, nos estados mais ao norte do Nordeste, como Piauí e Ceará, e no arquipélago de Fernando de Noronha (PE), os registros são recentes e datam dos anos de 2020 e 2021. No litoral nordestino, o aparecimento dessa espécie chama atenção por ser em águas rasas, com profundidade entre um e seis metros.
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Notificações de casos com peixe-leão Ceará
A Sesa informou que há 40 notificações e 28 peixes-leão coletados entre as praias de Luís Correia e Cajueiro da Praia, no Piauí, e nas cearenses Bitupitá (Barroquinha), Camocim, Jijoca de Jericoacoara, Preá (Cruz), Acaraú e Itarema. Cerca de 80% dos registros são em currais de pesca e marambaias (estruturas artificiais lançadas ao mar para servir como nicho e atrair peixes). Os especialistas esclarecem que o animal não costuma se estabelecer em terrenos arenosos (areia da praia), preferindo superfícies duras e rochosas.