A cantora Preta Gil anunciou nesta quarta-feira (11) que, após seis dias de internação em um hospital no Rio de Janeiro, foi diagnosticada com um câncer no intestino, chamado de adenocarcinoma.
A head de Oncologia Clínica do A.C. Camargo Cancer Center, Rachel Riechelmann, explica que o “adenocarcinoma é um tipo de tumor que pode aparecer em vários locais do corpo, não só no intestino”.
No entanto, o câncer colorretal é um dos mais comuns no Brasil. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), depois dos tumores de pele, o adenocarcinoma de intestino é o de maior incidência, independentemente do gênero dos pacientes.
Entre as mulheres a neoplasia maligna mais comum é a de mama, e entre os homens, é a de próstata.
No caso de Preta, a doença está localizada no final do intestino e logo ela vai começar o tratamento.
“Graças a Deus, hoje recebi um diagnóstico definitivo. Tenho um adenocarcinoma na porção final do intestino. Inicio meu tratamento já na próxima segunda-feira e conto com a energia de todos para seguir tranquila e confiante”, escreveu a cantora nas redes sociais.
“Os tumores que acometem o intestino na porção final são os que têm maior chance de cura, se comparados com os tumores na região inicial do intestino. Essa informação nos traz a ideia de que há uma maior chance de cura”, ressalta o médico oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Ricardo Carvalho.
A localização da neoplasia maligna interfere ainda nos sintomas da doença.
“Quanto mais próximo do reto, aparecem mais sintomas, como sangramento nas fezes, dor ao evacuar ou até alteração da aparência e da consistência das fezes — às vezes ficam mais fininhas. Quando o tumor é mais longe do reto, ou seja, mais do lado direito do intestino, muitas vezes os sintomas são mais inespecíficos. O paciente pode sentir fraqueza, anemia, perda de peso e dor abdominal”, ressalta Rachel.
No caso da doença mais avançada, e sem diagnóstico concluído, pode haver obstrução intestinal.
“Quando a doença continua a avançar, ela pode evoluir para um grau de obstrução intestinal, que é a parada completa da eliminação de fezes e gases. O que se configura com quadro de uma urgência médica e que geralmente tem de ser feita uma cirurgia”, alerta Carvalho.
Os principais fatores de risco do adenocarcinoma de intestino são a idade e a hereditariedade. “O risco aumenta quando a pessoa tem algum parente de primeiro grau com câncer de intestino”, salienta Rachel.
Outras características externas influenciam na formação de tumores, como obesidade, tabagismo, sedentarismo, consumo abusivo de álcool e, especificamente no câncer de intestino, uma alimentação rica em gorduras e carboidratos.
“Uma dieta pobre em fibras em leguminosas, em frutas e vegetais e rica em gorduras saturadas, em alimentos ultraprocessados, em proteínas de carne vermelha aumenta o risco de desenvolver esse tipo de tumor”, destaca o especialista da BP.
O diagnóstico é feito a partir da colonoscopia — exame de imagem do intestino, realizado por meio de um endoscópio. Como prevenção, o Ministério da Saúde recomenda que seja feito anualmente em todas pessoas acima de 50 anos.
No entanto, como a idade é fator de risco determinante, a médica do A.C. Camargo sugere que a prevenção comece aos 45 anos.
“Recomendo que todas as pessoas comecem o rastreamento de câncer de intestino a partir dos 45 anos, com a colonoscopia, que é o ideal, que avalia todo o intestino, e se tiver alguma alteração, pode até tirar. Pólipos, por exemplo, são lesões benignas, mas que podem virar câncer. Na colonoscopia já retira, então elimina o risco”, orienta Rachel.
O tratamento da doença depende do estágio em que foi diagnosticado o tumor, qual é o tipo de câncer e a idade do paciente.
“O tratamento vai depender muito da localização do tumor, do tipo histológico, do estágio da doença, da idade do paciente, das comorbidades dos pacientes. Não existe uma resposta única, o tratamento depende de diversas variáveis”, salienta Carvalho.
De maneira geral, as abordagens incluem cirurgia e radioterapia associadas à quimioterapia ou imunoterapia.
“O tratamento curativo é cirurgia. Dependendo do resultado da cirurgia, do tamanho do tumor, se tiver metástase nos linfonodos próximos ao tumor, indica-se complementar o tratamento com a quimioterapia adjuvante por três a seis meses. A quimioterapia nesse contexto aumenta ainda mais a chance de cura”, explica a médica.
Ela acrescenta, ainda, que “em todo paciente que tem um câncer de intestino é feita uma avaliação molecular desse tumor, para ver se tem características hereditárias, se usa a imunoterapia, se usa a quimioterapia ou drogas de alvo molecular”.
A boa notícia é a que as chances de cura de Preta Gil são altas. “Em média a chance de cura na população geral é de 65%. Quando falamos da doença inicial, em estágio 1, essa chance de cura vai para 90%. Agora, quando falamos na doença metastática que é o último estágio da doença, o estágio 4, a chance de cura fica em torno aí de 10% a 15%, chegando em alguns casos a até 20%”, ressalta Carvalho.
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