Vândalos assinaram livro de visitas do Museu do Senado durante invasão
Vândalos assinaram livro de visitas do Museu do Senado durante invasão
Além de depredar 14 obras de arte do Senado Federal, os vândalos que invadiram o Congresso no último domingo (8) deixaram recados no livro de visitas do museu da Casa. Os extremistas escreveram frases em que afirmam não reconhecer o atual governo e que “o poder emana do povo”.
“O povo exige o fim desse governo corrupto”, escreveu um invasor. O livro é para que visitantes deixem registrada a presença no Museu do Senado. Outras duas pessoas também puseram a assinatura no caderno usando os codinomes de “Mourão” e “Sandrão”.
“É revoltante. Porque se ocupa uma casa, que realmente é do povo, mas para depredar, ferir nossa democracia. Então realmente é um ato de terrorismo, e no livro fica mais esse registro que vai ficar para a história”, disse a coordenadora do museu, Maria Cristina Monteiro.
Processo de restauração
Ao todo, o Serviço de Gestão de Acervo Museológico (Segam) vai liderar a restauração de 14 obras de arte danificadas pelos vândalos. Não há prazo definido para a conclusão dos trabalhos, que ocorrem em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Instituto Burle Max e a Secretaria de Cultura do DF.
A avaliação dos prejuízos foi estimada entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão, mas a coordenadora do museu explica que o valor será menor com as parcerias e voluntariados para repor as pessoas. “Esse valor leva em conta toda a obra, do zero. A reparação não custa o valor da peça, então esperamos que esses custos fiquem abaixo dessa primeira estimativa”, disse Monteiro.
O procedimento burocrático e as restaurações mais simples devem ser concluídos até o fim de fevereiro, mas algumas obras vão requerer mais tempo, como uma tapeçaria de Burle Max que ficava na entrada do museu. A peça foi arrancada da parede, molhada, urinada e rasgada. “Como não há especialista da Casa nesse tipo de restauração, precisaremos de parceiros para concluir esses reparos”, disse o servidor Raimundo Nonato, um dos integrantes da equipe do Segam.
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Outro desafio é consertar uma mesa da época imperial que ficava na Presidência do Senado. A Polícia Legislativa afirma que a madeira da mesa foi usada pelos vândalos para destruir outras partes do prédio e obras de arte. “Foram encontradas partes da mesa em vários locais do Senado, inclusive no túnel dos senadores”, relatou Nonato. Apesar dos danos, a expectativa é que o móvel volte para o local de onde foi retirado. “Vamos fazer de tudo para recuperar a peça, e a expectativa é positiva”, completou o restaurador.
Já os quatro quadros com o rosto de senadores que foram cortados não devem ser restaurados. A ideia é pedir para fazer novas telas, uma vez que o artista responsável, Urbano Villela, 80 anos, está vivo.
Confira a lista de todos os itens do acervo que foram alvo dos vândalos:
• tapeçaria de Burle Marx;
• quadro Ato de Assinatura do Projeto da 1ª Constituição, de Gustavo Hastoy;
• quadros de Urbano Villela na galeria dos presidentes: cinco quadros vandalizados;
• tinteiro de bronze da época do Império;
• vitrine com fotos e réplica da Constituição;
• Painel Vermelho, de Athos Bulcão;
• tapete persa de decoração do dispositivo de receptivo dos chefes de Estado;
• quadro de Guido Mondim;
• mesa de trabalho do século 19 que pertenceu aos palácios dos Arcos e Monroe; e
• cadeira que pertenceu ao Palácio Monroe.
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