O mexicano Salvador Thomassiny, de 79 anos, tem todos os motivos para dizer que nasceu novamente. O idoso havia acabado de chegar ao Brasil quando sofreu uma parada cardíaca no meio do aeroporto. Aquela viria a ser a primeira de três no mesmo dia.
O turista teve o que os especialistas chamam de morte súbita abortada, que ocorre quando esse evento inesperado consegue ser revertido a tempo. É também conhecida como “quase morte súbita”. Se evoluísse para óbito, seria o chamado popularmente de infarto fulminante.
Foi o mesmo que aconteceu com o jogador dinamarquês Christian Eriksen, em junho de 2021, no meio de um campo de futebol.
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Estima-se que menos de 10% dos pacientes que têm um infarto fulminante consigam a reversão do quadro.
“Quando falamos de parada cardíaca nas pessoas, vamos dizer assim, normais e com mais idade, geralmente, é um infarto que leva a ela. Acabou sendo o caso dele”, explica Gustavo Lencia, cardiologista do Hospital Marcelino Champagnat, diretor de atenção e promoção à saúde da SBC/PA (Sociedade Paranaense de Cardiologia) e professor da PUC Paraná e da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que cuidou do caso.
“Chegando no hospital, ele teve mais dois casos de parada cardíaca entre os atendimentos e acabou indo para o cateterismo [procedimento para desobstruir o vaso que está entupido], e foi feito o tratamento. Só que, como ele já tinha mais de 40 minutos de parada cardíaca [tempo entre o aeroporto e o hospital], o manejo acaba sendo bem difícil, porque o corpo fica muito debilitado”, relata Lencia.
Em razão disso, o idoso recebeu doses altíssimas de remédios vasoativos, como dobutamina, noradrenalina e vasopressina, para manter a pressão arterial em níveis adequados.
“Ainda assim ele entrou em falência de vários órgãos, o fígado dele entrou em falência, o rim, por conta da parada cardíaca”, complementa o cardiologista.
O comprometimento do rim também exigiu que ele fosse submetido a hemodiálise. Após alguns dias passando por todos esses procedimentos, em coma induzido e entubado, ele acordou.
Apesar de não se lembrar do que aconteceu logo após a chegada ao aeroporto, a maior surpresa ainda estava por vir: ele não teve sequelas de todo o ocorrido.
“Comecei a avaliar meu estado de saúde. Sabia que após quatro minutos de anóxia [ausência ou diminuição da oxigenação no cérebro] começa a ter danos e, [assim] como os médicos que me trataram, tive certeza que tive algum dano neurológico. Mas a realidade foi outra. Estou completamente normal, sem dano neurológico, só é um pouco difícil de falar, mas acho que é por mais de uma semana de intubação”, conta Salvador do R7.
Segundo Lencia, normalmente, quando os pacientes sobrevivem a uma parada cardíaca, ficam com sequelas parecidas com a de um AVC (acidente vascular cerebral), como dificuldade para caminhar, para comer e para engolir. Alguns precisam até receber dieta direto no estômago ou por sonda.
“Já foi um milagre ele ter sobrevivido. […] Junto com isso, o fato de ele sair sem sequelas, sair bem, é realmente incrível”, celebra o cardiologista.
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