A cidade de Milhã, no Sertão Central do Ceará, ainda soma os prejuízos causados pelas fortes chuvas que banharam o município nos últimos dias. São comunidades inteiras sem acesso, famílias desabrigadas ou alojadas em casas de parentes e produtores rurais que perderam tudo. O município, conhecido como “Terra do Leite”, está em situação de calamidade reconhecida pelo governo federal.
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O pedreiro Carlos Vandick precisou retirar a família de casa às pressas. Ele, a esposa e o filho moravam à beira do rio Capitão-Mor, que passa por Milhã, a cerca de 300 quilômetros de Fortaleza. O homem relata que não lembra de uma enchente como a deste ano.
“Eu estava dentro de casa e quando vi a água perto, saí com meu filho de 5 anos e a esposa e fui deixar em um lugar mais alto, na casa da minha irmã. Quando eu voltei para tentar salvar alguma coisa, a água já tinha invadido tudo”, relatou.
Prejuízos das chuvas em Milhã
A chuva deixou mais de 2 mil pessoas desabrigadas na cidade. As aulas nas escolas estão suspensas e não há previsão de retorno. As unidades escolares foram transformadas em pontos de arrecadação de doações: roupas, alimentos, calçados, eletrodomésticos e outros materiais que possam auxiliar na reconstrução da dignidade e do teto dos moradores.
Impactos na agricultura
Conhecida como a “terra do leite”, Milhã teve aproximadamente 220 hectares de área de produção totalmente ou parcialmente destruídos. Os agricultores e produtores da região perderam motores usados para criação e ordenha de gado.
“Onde eu ficava, dava alimentação a eles, tudo isso vou ter que construir de novo. No momento eu não estou conseguindo fazer, mas se Deus quiser vamos chegar lá”, afirma o agricultor Marcos José Braga.
Os produtores maiores e queijeiras de Milhã estão com prejuízos imensuráveis. Por dia, a cidade produzia 120 mil litros de leite, mas parte da rota está parada. Além dos materiais de criação, gados morreram ou foram levados pela força da água.
O prefeito de Milhã, Alan Macedo, relata os prejuízos no município. “Isso gira em torno de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões mensais que giram no município de Milhã. Esse valor é duas ou três vezes maior do que entra de ICMS e FPM na prefeitura da cidade. Então a economia está parada, as estradas estão todas acabadas e infelizmente as chuvas não param, isso atrapalha muito”, ressalta.
Estado de emergência
No último dia 27 de março, a cidade de Milhã decretou estado de emergência após as fortes chuvas que caíram na cidade. Um parecer técnico elaborado pela Defesa Civil municipal informou que diversos moradores estão desabrigados. O documento detalha que houve “destruição de casas de moradores locais, rompimento de barragens de açudes locais, ainda havendo risco de arrombamento de reservatórios de médio e grande porte, além de trechos da CE que estão parcialmente comprometidos”.
Acompanhe a reportagem de Wesmenia Lopes, da TV Cidade Fortaleza:
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