MEIO AMBIENTE

Jericoacoara: sumiço da duna do Pôr do Sol afeta balneário cearense

Local é um dos principais pontos turísticos da região.

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19 de abril de 2023
Portal GCMAIS

A duna do Pôr do Sol, em Jericoacoara, no Ceará, caminha para o desaparecimento com a diminuição de tamanho ao longo dos anos. De acordo com especialistas, o processo é considerado natural, entretanto foi acelerado por ações do homem. O local é um dos principais pontos turísticos da região.

Jericoacoara: sumiço da duna do Pôr do Sol afeta balneário cearense
Foto: Reprodução

A duna do Pôr do Sol foi batizada com esse nome por ser frequentada por turistas que vão ao balneário cearense no final da tarde, para apreciar o sol poente.

A elevação de areia fica dentro do Parque Nacional de Jericoacoara, gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio).

Nos anos 1970, a duna tinha 60 metros de altura e atualmente tem apenas seis metros de elevação, conforme o ICMBio.

Além do atrativo turístico, as dunas da região de Jericoacoara têm funções no meio ambiente. Elas são responsáveis por fazer a recarga de água para os aquíferos da região, locais subterrâneos onde são armazenados recursos hídricos para abastecimento de cidades.

“A areia do campo de dunas recebe água da chuva, que fica armazenada no subsolo. A água potável dos municípios da região vem do aquífero”, explica Kelly Cottens, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Ela é bióloga e analista ambiental, chefe do Parque Nacional de Jericoacoara.

O deslocamento de dunas de Jericoacoara em direção ao mar é um dos fenômenos que mais atrai biólogos e geógrafos. A ocorrência é maior no segundo semestre, época que os ventos ficam mais fortes. A tendência é que a duna do Pôr do Sol perca mais altura quando chegar o período.

“O vento empurra as dunas. E a duna do Pôr do Sol foi se deslocando junto com as outras e acabou encontrando o mar. Quando isso acontece, o processo erosivo é mais acelerado porque a onda bate e vai carregando a areia. A duna está no fim da sua jornada, é muito triste, mas isso é natural”, informa a gestora do ICMBio.

Existe a expectativa de que outras elevações de areia, que também estão em deslocamento, possam repor a duna do Pôr do Sol nos próximos anos. No entanto, a velocidade para esse suprimento pode diminuir em razão das ações humanas no ecossistema.

Já o professor de geografia Davis de Paula, da Universidade Estadual do Ceará, diz que processo acelerado da duna do Pôr do Sol está associado ao aumento do fluxo de turistas e à degradação ambiental na região. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, ele avalia que as visitas a pé às dunas contribuem decisivamente para a redução do nível de areia.

“Jericoacoara recebe milhares de pessoas por ano. A sua capacidade de carga está em seu nível máximo. A intensa procura pelo pôr do sol na badalada duna tem trazido prejuízos ambientais, como o pisoteio da parte superior da duna. Isso provoca uma avalanche do material da duna, que contribui para que o sedimento vá mais rápido em direção ao mar”, diz o professor.

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