INTERNACIONAL

Lula afirma que Zelensky faltou ao encontro marcado no G7

Lula destaca que fim da guerra entre Ucrânia e Rússia só será possível, quando houver um cessar fogo, mas que nenhum dos dois líderes está disposto a ceder pra conversar sobre paz

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21 de maio de 2023
Portal GCMAIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante coletiva de imprensa, na noite deste domingo (21), no Japão, que tinha encontro marcado com presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mas, o ucraniano não chegou na hora marcada e nem deu retorno sobre o motivo da falta.

Lula afirma que Zelensky faltou ao encontro marcado no G7

“É isso que aconteceu. Se ele teve outro problema mais sério, outro encontro mais importante, eu não sei. O dado concreto é que estava marcado aqui, neste salão, às 15h15”, disse Lula ao ser questionado pelos jornalistas.

Lula respondeu ainda sobre a posição do Brasil na guerra entre Rússia e Ucrânia. O presidente brasileiro destacou que só será possível uma negociação a partir de um cessar fogo.

“O que eu sinto é que nem o Putin e nem o Zelensky estão falando em paz neste momento. Me parece que os dois acreditam que alguém vai ganhar e não precisa discutir a paz”.

O petista ponderou ainda que os mediadores da guerra precisam ser países que não estão envolvidos no conflito direta ou indiretamente. “Brasil, China, Índia e Indonésia são alguns países empenhados em construir a paz. Todos nós condenamos a ocupação territorial da Ucrânia, os russos não tinham o direito de fazer isso. Mas, isso irá até quando?”

Durante a coletiva, antes de embarcar para o Brasil, Lula atacou também o papel do Conselho de Segurança da ONU, formado por Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China.

“Se o conselho de segurança da ONU tivesse força para negociar, é possível que não tivéssemos a guerra entre Ucrânia e Rússia. É preciso uma instituição séria, com peso e força para tomar decisões. E isso, na questão climática, também é essencial.”

Lula e Zelensky não se encontram no G7

A reunião bilateral entre Lula e Zelensky, durante a cúpula do G7, não foi possível por dificuldade na conciliação das agendas dos dois líderes mundiais. O governo brasileiro sugeriu mais de um horário, mas não houve acerto. Em entrevista, o presidente ucraniano confirmou a dificuldade.

“Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil”. Questionado se ficou decepcionado por não ter conseguido realizar essa reunião, Zelensky respondeu: “Acho que ele que ficou decepcionado”.

Cúpula do G7 no Japão reúne Lula, Zelensky, Biden e outras lideranças mundiais

O G7 reúne lideranças da União Europeia e dos sete países mais industrializados do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Até 2014, a Rússia integrava o grupo, que era conhecido como G8. Ela, no entanto, foi expulsa devido à anexação da Crimeia, até então vinculada à Ucrânia.

As cúpulas do G7 costumam contar com a presença de países convidados. Nesta edição, o Brasil é o único representante sul-americano. Também foram convidados Austrália, Coreia do Sul, Vietnã, Índia, Indonésia, Comoros e Ilhas Cook.

Zelensky foi quem pediu encontro com Lula

O governo brasileiro chegou a ser informado pelos japoneses há algumas semanas que a ida de Zelensky a Hiroshima era uma possibilidade. O presidente ucraniano aproveitou a oportunidade para buscar mais apoio na guerra contra a Rússia. A organização de uma reunião bilateral entre Brasil e Ucrânia foi inicialmente um pedido do país europeu.

O Brasil é um dos países, como a Índia e a China, que vem proclamando publicamente uma postura de neutralidade na guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Por isso, países europeus e os Estados Unidos, que apoiam os ucranianos no conflito, faziam pressão para que Lula e Zelensky se reunissem. Embora não tenha conversado pessoalmente com o presidente brasileiro, Zelensky chegou a ter um encontro com o premiê da Índia, Narendra Modi.

A guerra que desencadeou uma invasão da Ucrânia por forças militares russas em fevereiro do ano passado tem raízes profundas. O presidente russo, Vladmir Putin, sustenta agir em defesa da população russa de Lugansk e Donetsk, no Leste ucraniano. Também já justificou movimentações militares como uma reação à aproximação entre a Ucrânia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar articulada pelos Estados Unidos e outros países ocidentais em meio à Guerra Fria. Já o governo ucraniano afirma que houve violação de sua soberania e acusa a Rússia de ter projetos imperialistas na região, desde a anexação da Crimeia em 2014.

Durante o painel do G7, que contou com a presença de Zelensky, Lula lembrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada em 1945 para para evitar nova guerra mundial. “Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares. Tenho repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz”, disse Lula.

Ele também defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU e disse que membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, o que indica que os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos não funcionam no formato atual. Lula citou outros povos no mundo que sofrem com conflitos armados, como palestinos e sírios. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia.

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