JUSTIÇA

Chacina do Curió: julgamento dos policiais militares segue até sexta-feira (23)

Estão sendo julgados Marcus Vinícius Sousa da Costa, António José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio

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21 de junho de 2023
Portal GCMAIS

O julgamento dos quatro policiais militares acusados de um dos maiores crimes no Ceará, a ‘Chacina do Curió’, deve seguir até sexta-feira (23), no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. Conforme denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), os carros usados pelos réus foram flagrados, na região onde o massacre ocorreu. Estão sendo julgados Marcus Vinícius Sousa da Costa, António José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio.

Chacina do Curió: julgamento dos policiais militares segue até sexta-feira (23)
Foto: Reprodução

O carro Wellington Veras Chagas foi captado por câmera do Departamento de Trânsito do Ceará (Detran-CE) trafegando na Grande Messejana. As imagens mostram que o veículo transitava com uma placa que não constava registrada em sistemas policiais, mas, em seguida, os investigadores notaram que os números haviam sido adulterados. O MPCE ainda aponta que o depoimento de Wellington apresentou contradições.

O depoimento do outro PM Ideraldo Amâncio apresentou mais  inconsistências, segundo a MPCE. O soldado disse que não esteve na região dos crimes, mas uma câmera do Detran na região mostrou a passagem do carro do acusado, que também estaria com placas adulteradas. Ideraldo confirmou que não emprestou o veículo para outra pessoa.

Marcus Vinícius foi mais um que teve o carro flagrado na região por câmera do Detran. Além disso, um veículo “com fortes semelhanças” ao usado pelo soldado foi visto nas proximidades do local onde uma das vítimas, Renayson, foi morto, conforme imagens de uma outra câmera de vigilância.

António José de Abreu Vidal Filho, por sua vez, foi colocado na cena do crime através da identificação, via câmera do Detran, do carro que foi emprestado à mãe dele. Também este veículo estava com sinais de adulteração na placa, conforme a denúncia.

Veja como foi o primeiro dia do julgamento

Familiares das vítimas chegaram ao fórum às 8 da manhã. Colocaram flores, cartazes e velas em memória das onze vítimas da chacina do Curió. A revolta pelas mortes também aconteceu em forma de poesia. Em seguida, os familiares das vítimas deram as mãos e fizeram uma oração. Edna Carla, mãe de Alef Sousa Cavalcante, falou sobre a expectativa para o julgamento.

“Muita comida entalada na nossa garganta, tanto da minha, como das outras mães. Muitas noites mal dormidas e noites sem dormi. Mas chegou o dia da gente fazer justiça”, disse.

Estão sendo julgados Marcus Vinícius Sousa da Costa, António José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio.

De acordo com o processo, na noite de 11 e madrugada do dia 12 de novembro, em diferentes ruas da região da Grande Messejana, 11 pessoas foram mortas, três sofreram tentativa de homicídio e outras quatro foram vítimas de tortura.

Oito das vítimas tinham entre dezessete e dezoito anos. Segundo o Ministério Público do Ceará, o crime foi motivado por vingança, por causa da morte de um soldado da corporação. Mas acabou atingindo pessoas sem relação com o crime, como ressalta Mara Carneiro, Coordenadora Geral do Centro de Defesa de Crianças e Adolescentes (DECECA).

“Foi uma chacina brutas, em que a polícia saiu na comunidade provocando uma matança. Corpos foram escolhidos e esses corpos eram de adolescentes negos e periféricos”, explica.

O caso teve repercussão em todo país. Quem esteve presente no julgamento foi o ouvidor Nacional dos Direitos Humanos Bruno Renato Teixeira.

“O estado brasileiro não pode mais permitir que os próprios agendes do estado sejam os violadores dos direitos humanos. É nessa perspectiva que a gente entende que é grave que aconteceu no Ceará é um julgamento simbólico, histórico. nos queremos que seja um divisor de águas para posição da força de segurança publica em relação as comunidades da periferia do todo o Brasil, que sirva de exemplo e que justiça seja feita aos longos desse dia”, disse.

O processo inclui trinta réus. Outros dezesseis policiais militares devem ser julgados até o final do ano. Walmir Medeiros, que é advogado de defesa de Marcus Vinícius Sousa da Costa, afirma que não há elementos que comprovem que o cliente dele tenha participação no crime.

“Ele foi até o local de carro, mas não desceu do veículo. Não existem imagens dele descendo do carro. Não foram feitas as perícias que deveriam ter sido feitas”, pontua.

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