Investigações

Ministro diz que evento no Ceará e em outro local foi a causa do apagão que atingiu o país

A normalização ocorre 6 horas depois do início da interrupção de energia em grande parte do país.

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15 de agosto de 2023
Portal GCMAIS

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta terça-feira (15) que o apagão que atingiu todas as regiões do país foi causado por um “evento” no estado do Ceará e talvez um outro, em local ainda não detectado pelas autoridades.

Ministro diz que evento no Ceará e em outro local foi a causa do apagão que atingiu o país
Foto: Reprodução

“Foi um fato que causou a interrupção na Região Norte e Nordeste e, por uma contingência planejada do ONS, minimizou a carga das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, para que não houvesse a interrupção total dessas regiões. Um dos eventos já apontados pelo ONS aconteceu no Norte do Nordeste, mais precisamente na região do Ceará. O outro evento possível ainda não está detectado pelo ONS”, disse o ministro em entrevista coletiva.

Alexandre Silveira ainda não explicou o que exatamente causou o apagão. Apenas citou os dois “eventos”. “Os dados técnicos serão passados no momento adequado. Serão passados nas próximas 48 horas”, completou o ministro.

Todas as regiões estão com o sistema de energia restabelecido

Todas as regiões do país, incluindo as capitais já tiveram a energia restabelecida, de acordo com o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A informação também foi compartilhada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A normalização ocorre 6 horas depois do início da interrupção de energia em grande parte do país.

A maior parte dos 16 mil megawatts (MW) que haviam sido interrompidos por volta das 8h30 da manhã desta terça-feira (15) já foi restabelecida. De acordo com a ONS, ao todo foram recompostos 13,5 MW, até as 12h25.

“Informo que a situação do reestabelecimento de energia em todas as regiões do Brasil está 100% normalizada, desde às 14h49. Vale destacar que as regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste foram restituídas cerca de 45 minutos após o incidente, pela manhã. As regiões Norte e Nordeste foram restauradas neste início de tarde. Determinei também que a ONS e ANEEL intensifiquem, agora, as ações para levantar as causas da interrupção do fornecimento de energia.”, informou Alexandre Silveira, na tarde desta terça-feira.

Ainda segundo a ONS, as regiões Norte e Nordeste são as que ainda não estão com toda a carga recomposta, com 55% e 81% respectivamente. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a carga foi recomposta integralmente, assim como em todas as capitais.

Segundo o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, a resposta do Ministério de Minas e Energia foi rápida e efetiva. “Eu fiquei sabendo logo em seguida, às 8h30 da manhã, e as providências foram tomadas rapidamente”, disse.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que estava no Paraguai em agenda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está retornando ao Brasil para acompanhar de perto, na sala de situação, a recomposição da carga de energia do país.

Alexandre Silveira vai detalhar o andamento da apuração sobre o problema e o trabalho de restabelecimento dos serviços, em entrevista marcada para a tarde desta terça-feira, no Ministério de Minas e Energia.

Brasil tem histórico de apagões recorrentes; relembre

O Brasil tem sofrido de forma recorrente com apagões como o que atingiu 25 estados e o Distrito Federal nesta terça-feira (15). Durante a década de 2000, no Governo Fernando Henrique Cardoso, foi o registrado a maior crise dessas quedas de energia generalizadas. À época, uma série de apagões que afetaram diversas regiões do país causou prejuízos econômicos e transtornos para a população. Um dos momentos mais críticos ocorreu em 2001, quando o sistema elétrico brasileiro enfrentou uma crise de abastecimento, resultando em racionamento de energia em diversas áreas.

Naquele momento, o sistema não era interligado como hoje. No Sistema Interligado Nacional, uma região contribui com a outra no fornecimento de energia. Por exemplo, se a região Sul tiver produzindo mais energia que a região Nordeste, o sistema interligado compensa essa falta.

Com a crise energética de 2001, o governo FHC tomou medidas para melhorar a capacidade instalada do país, incluindo investimentos em geração, transmissão e distribuição de energia. No entanto, apagões ainda ocorrem esporadicamente devido a uma combinação de fatores, como problemas técnicos, falhas na infraestrutura, condições climáticas adversas e até mesmo a falta de chuvas, afetando a produção de energia hidrelétrica, que é uma das principais fontes do Brasil.

Além disso, questões relacionadas à gestão, regulação e planejamento do setor energético também influenciaram na ocorrência de apagões. A falta de coordenação entre os diversos órgãos responsáveis pela energia elétrica muitas vezes contribui para a vulnerabilidade do sistema.

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Veja os principais episódios de apagões no Brasil

Há registros de apagões em vários momentos da história do Brasil, mas decidimos focar nas ocorrências mais recentes e que abrangem vários estados e regiões ao mesmo tempo. Relembre os principais episódios:

1998: Um apagão afetou diversas regiões do país devido a problemas técnicos na Usina de Itaipu, quando sete torres na cidade de Campina da Lagoa, a 460 quilômetros de Curitiba (PR), foram derrubadas por ventos. Na ocasião, duas linhas de transmissão foram afetadas e alguns estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste ficaram sem luz.

1999: Mais de 60% do território nacional foi atingido pelo blecaute. O apagão foi provocado por um problema na subestação de energia elétrica da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), em Bauru (SP). Dez estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, Acre e parte do Paraguai tiveram o abastecimento de energia interrompido. De acordo com o Governo, a causa foi a queda de um raio na subestação de Bauru.

2000: Algumas áreas dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás e Tocantins ficaram sem energia. De acordo com o comunicado da Furnas Centrais Elétricas, às 00h32 teria havido o desligamento de quatro unidades geradoras da usina de Itaipu, no Paraná, provocado pela atuação do esquema de controle e emergência do sistema de 750 kilowatts

2001: O Brasil passou por uma grave crise energética que resultou em racionamento de energia e apagões frequentes devido à baixa capacidade de geração elétrica em relação à demanda crescente. O problema foi causado por falta de chuvas e investimentos no setor, que trouxeram risco de novos apagões.

Para evitar o colapso do sistema elétrico brasileiro, o governo federal implementou cortes de energia programados, conhecidos como blecautes, uma medida preventiva.

Originalmente programado para iniciar em 1º de junho de 2001, o apagão foi antecipado para 17 de maio e estendeu-se por nove meses. Nesse período, aproximadamente um terço da iluminação pública nas ruas foi apagada. Como parte das ações tomadas, o governo também impôs o racionamento de energia para consumidores residenciais e industriais em 16 estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, além do Distrito Federal.

Durante essa crise, as tarifas de energia foram reajustadas, incluindo a previsão de incentivos, penalidades e até mesmo a possibilidade de suspensão do fornecimento para aqueles que não conseguissem reduzir o consumo em 20%. Setores essenciais para a população, como hospitais e delegacias, ficaram isentos das restrições de racionamento.

2002: O racionamento estava perto do fim quando um novo apagão atingiu mais de 76 milhões de brasileiros. Pelo menos 10 estados foram afetados, São Paulo foi o mais atingido. Na época, o Governo explicou que o que causou o blecaute foi o rompimento de um cabo da linha de transmissão que liga a Usina de Ilha Solteira à subestação de Araraquara, no interior do estado de São Paulo.

2005: Uma falha no sistema de transmissão de energia causou um grande apagão, deixando pelo menos 3 milhões de pessoas sem eletricidade. A falha de um funcionário durante a operação do sistema elétrico na subestação de Cachoeira Paulista (SP) provocou o apagão que atingiu os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo e parte de Minas Gerais.

2009: O maior apagão antes deste de 2023 foi o de 2009, já no segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva . Na ocasião, informações fornecidas pela usina hidrelétrica de Itaipu evidenciaram um incidente de 25 minutos ocorrido em 10 de novembro. Conforme o relatório, uma descarga elétrica causou a desconexão de uma linha de transmissão durante a tarde na região de Itaberá (SP), mas esta foi rapidamente religada.

À noite, as linhas integrantes do sistema de Furnas foram desativadas automaticamente, desencadeando um apagão, após um raio. Segundo o Ministério de Minas e Energia, um curto-circuito derrubou três linhas de alta tensão, levando ao desligamento da usina de Itaipu. Em virtude dessa ocorrência, outras usinas também foram desconectadas por motivos de segurança.

Na noite do dia 10, o problema afetou pelo menos 18 estados. Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo ficaram totalmente sem energia. Já os outros estados, como Acre, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia, foram parcialmente afetados pela falta de energia elétrica.

2010: Todos os estados da região Nordeste enfrentaram um episódio de queda parcial de energia elétrica que durou cerca de 40 minutos. A Eletrobrás afirmou que o apagão não chegou a afetar completamente nenhum estado da região. A causa desse blecaute foi a interrupção de parte do fornecimento de energia do Sudeste para o Nordeste. Apesar de duração relativamente breve, este foi o terceiro evento de falta de energia a atingir mais de um estado desde o final de 2009.

2011: Mais um episódio de apagão deixou vários estados do Nordeste sem fornecimento de energia elétrica, desta vez já no governo de Dilma Roussef. O problema teve origem em um defeito considerado pouco comum: uma falha no componente eletrônico chamado “cartela”, que acionou erroneamente o sistema de proteção da linha de transmissão conectando as usinas de Luiz Gonzaga, localizada em Jatobá (PE), e Sobradinho (BA). Isso levou ao subsequente desligamento da subestação Luiz Gonzaga. O blecaute afetou no mínimo sete estados: Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

2013: Outro apagão abrangente atingiu o Nordeste, provocando a interrupção temporária de energia. As cidades mais importantes dos estados de Piauí, Paraíba, Alagoas, Ceará, Sergipe, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte foram impactadas.

A causa desse apagão foi atribuída ao desligamento automático de duas linhas de transmissão que conectavam os sistemas Sudeste/Centro-Oeste ao Nordeste. Essas linhas estavam localizadas entre as subestações Ribeiro Gonçalves e São João do Piauí, no interior do estado do Piauí. Durante esse incidente, foram identificados focos de queimadas nas proximidades das estruturas das torres.

2018: Já no governo de Jair Bolsonaro, mais uma vez um blecaute atingiu todas as regiões, mas, novamente, as regiões mais afetadas foram Norte e Nordeste do país. Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins foram os estados mais atingidos.

 

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