No contexto da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, o Jornal da Cidade, do Grupo Cidade de Comunicação, apresenta a série de reportagens intitulada “Conectar e Somar para Construir Inclusão”.

No terceiro episódio, os destaques são as histórias de dois jovens sonhadores que acumulam conquistas, cada um, em sua área de preferência: Betinho, no cinema e Rayana, na natação e musculação.

Com apoio da APAE, eles foram inseridos desde cedo no âmbito da convivência com outros colegas e com a sociedade e superaram os desafios impostos pelo diagnóstico precoce da síndrome de Down, no caso de Betinho e da artrogripose distal e deficit cognitivo, na situação de Rayana Duarte.

Cinema como inspiração para sonhar alto

No que depender do esforço e da dedicação do estudante Beto Studart Neto, o Betinho, o Ceará pode ter o primeiro cineasta com síndrome de Down. É que aos 24 anos, ele está cursando o sexto semestre da faculdade de cinema. Um sonho que ele persegue desde a infância.

“Desde quando eu era criança minha mãe sempre me levou para várias peças de teatro. Depois, na minha adolescência, minha mãe, meu pai, minha avó sempre me levaram para o cinema, eu assistia e adorava os filmes”, afirma.

Apaixonado pelo time do Ceará, Betinho também pratica a pintura nas horas vagas. Nas telas espalhadas pelas paredes da casa onde mora, ele retrata os sentimentos de amor pela arte, além disso, ele ainda arranja tempo para produzir roteiros de curta e longa metragens e se dedicar à leitura, mais uma paixão do jovem sonhador.

Paixão pela natação

Aos 34 anos, a estudante Rayana Duarte, diagnosticada com artrogripose distal e deficit cognitivo ainda na infância, acumula várias medalhas e troféus conquistados na natação, esporte que pratica desde os seis anos.

“Eu faço musculação, natação, estudo e sonho ser atleta profissional”, diz a estudante.

O pai dela, o oficial da Marinha aposentado, Edmar Duarte é o principal incentivador da filha, a quem se dedica de forma integral acompanhando-a em todos os desafios que aparecem pelo caminho.

“É minha missão que Deus me deu. Desde 1994 que troquei toda minha vida pela minha filha, então nós fazemos tudo, atividades de natação, musculação, antigamente ainda vivíamos nas casas de shows, ela inclusive é conhecida por alguns cantores, então fazemos tudo juntos”, relata.

A dedicação de Rayana é notada e muito elogiada até pela professora da academia que frequenta há mais de dez anos.

“A gente iniciou há mais de dez anos, na natação, na qual ela começou a se inserir tendo uma boa relação com os outros alunos, sempre teve uma boa socialização e sendo muito bem dedicada no que faz”, afirma a educadora física Priscila Zaranza.

A importância do apoio da família e da sociedade para promover a inclusão

Para a psicopedagoga Verônica Milhome, quanto mais cedo as pessoas com deficiência intelectual receberem os estímulos, melhor será o desenvolvimento delas, seja no ambiente escolar ou na sociedade.

“É necessário que a sociedade, que a família saiba o quanto é importante esta estimulação, tanto que quanto mais o laudo for recente, mais fácil é para o desenvolvimento cognitivo, motor, social das pessoas com deficiência”, explica.

A psicopedagoga reforçou a importância do apoio familiar e da sociedade para que a inclusão passe a ser cada vez maior.

“As pessoas acham que as pessoas com deficiência não têm condição de estar no mercado de trabalho, de estar na escola, de estar circulando no âmbito social e aqui nós da Apae levantamos a bandeira, trabalhamos com a inclusão fazemos esse trabalho de conscientização com a família e com a sociedade para que a inclusão realmente aconteça”, conclui.

É com essa rede de apoio, que Betinho, pretende alçar voos altos no cinema, quem sabe até atuar fora do país, nos Estados Unidos, berço das grande produções cinematográficas do mundo.

“Eu quero ir para Hollywood, para essas cidades grandes que investem no cinema do Brasil, Rio, São Paulo. Eu pretendo chegar aos topos”, projeta.

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Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla

De 21 a 27 de agosto, é comemorada a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A data foi instituída pela Lei nº 13.585/2.017 e visa ao desenvolvimento de conteúdos para conscientizar a sociedade sobre as necessidades específicas de organização social e de políticas públicas para promover a inclusão social desse segmento populacional e para combater o preconceito e a discriminação.

O tema deste ano –  “Conectar e somar para construir inclusão” – visa mostrar à população que, diante da força da Era da Informação e dos impactos que a mesma causa, a conexão – por meio da comunicação interpessoal e digital – é uma ferramenta capaz de ampliar horizontes e perspectivas, permitindo, consequentemente, a união de esforços em torno de uma corrente: a construção da inclusão.

O Ministério da Saúde reforçou que as políticas públicas têm por objetivo assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência e sua inclusão social.

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A Apae Brasil

A Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais nasceu em 1954, no Rio de Janeiro. Caracteriza-se por ser uma organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência intelectual e múltipla. A Rede Apae destaca-se por seu pioneirismo e capilaridade, estando presente, atualmente, em mais de 2.200 mil municípios em todo o território nacional.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest em 2006, a pedido da Federação Nacional das Apaes, mostrou que a Apae é conhecida por 87% dos entrevistados e tida como confiável por 93% deles. São resultados expressivos e que refletem o trabalho e as conquistas do Movimento Apaeano na luta pelos direitos das pessoas com deficiência.

Nesse esforço destaca-se a incorporação do Teste do Pezinho na rede pública de saúde, a prática de esportes e a inserção das linguagens artísticas como instrumentos pedagógicos na formação das pessoas com deficiência, assim como a estimulação precoce como fundamental para o seu desenvolvimento.

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A Apae Fortaleza

A Apae Fortaleza é uma unidade da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) localizada em Fortaleza. Assim como outras unidades da APAE em diferentes cidades do país, a APAE Fortaleza tem como objetivo oferecer assistência, educação, saúde e inclusão social para pessoas com deficiência intelectual e múltipla, além de apoiar suas famílias.

Assista à reportagem do terceiro episódio da série: