Desde os primeiros meses de vida, o exercício físico pode desempenhar um papel fundamental na formação das habilidades motoras e na promoção da saúde infantil. Estimular os pequenos a explorar o ambiente, manipular objetos diversos, engatinhar, agarrar e puxar não apenas impulsiona o desenvolvimento físico, mas também cria hábitos que perduram por toda a vida. De acordo com especialistas, essa prática não só promove a proteção contra lesões precoces, mas também contribui para o desenvolvimento motor, o controle de peso e estabelece a base para um estilo de vida ativo ao longo dos anos. Os benefícios de uma vida ativa iniciada na infância são vastos, e é nesse estágio que os alicerces dos hábitos saudáveis são solidificados.
Entretanto, o papel do exercício físico não se limita apenas à saúde física. A professora Aldeísa Gadelha, do Conselho Regional de Educação Física do Ceará (CREF5 – Ceará), explicou como a atividade física orientada influencia o desenvolvimento das crianças.
Segundo Gadelha, a introdução precoce ao exercício físico orientado, conduzido por profissionais competentes, estabelece uma base sólida para um estilo de vida ativo ao longo da vida. Ela ressaltou que “a partir da educação infantil, desde crianças de um ano, a prática de atividades físicas evita muitas doenças, como obesidade e hipertensão, enquanto contribui para o desenvolvimento físico-motor, emocional, intelectual, afetivo e social”.
A professora esclareceu a diferença entre atividades físicas e fisioterapia para crianças com menos de um ano. De acordo com a profissional, a fisioterapia é voltada para a recuperação de deficiências, enquanto a educação física tem o propósito de prevenir problemas de saúde. Através de estímulos adequados, as crianças são guiadas a desenvolver habilidades motoras de maneira saudável.
Os impactos positivos da atividade física orientada são diversos e abrangentes. Desde a postura até a saúde física geral, Aldeísa destaca que a atividade física influencia até mesmo em áreas como a concentração durante as aulas. Crianças que possuem uma boa sustentação corporal enfrentam menos problemas de saúde no futuro.
“Uma postura com sustentação dos músculos pode gerar outras doenças, inclusive na caminhada, no trabalho. Uma criança em uma escola tem que passar, hoje em dia, oito horas sentada em sala de aula. Se ela não tiver exercício sendo realizado para ter essa sustentação corporal, ela pode vir a ter muitos problemas de saúde”, destacou.
Abordagens específicas
A professora também ressaltou as mudanças na educação e na modalidade de atividade física infantil. Com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o foco é direcionado ao desenvolvimento integral da criança, onde o processo de descoberta e a criatividade são valorizados, ao invés de uma abordagem de imitação.
“A lei já vem, inclusive, traçando o que deve ser trabalhado em cada faixa etária e em cada nível de ensino, porque tem a faixa etária e tem o nível intelectual. Então, com crianças bem pequenas, a gente não pode estar levando já para performance, para aprender o esporte propriamente dito. Esse é o momento de fazer com que a criança descubra, com que ela mesmo encontre a forma de fazer. A orientação é que não faça com que a criança copie ou imite o professor, mas que ela tenha que atingir um objetivo a partir da criatividade dela, da maneira que ela consegue fazer com o próprio corpo”, explicou.
Quanto à musculação, Aldeísa desmistificou a ideia de que é restrita a uma idade específica. Ela afirmou que a musculação pode ser introduzida desde a educação infantil, mas com uma metodologia adaptada. Os exercícios são realizados de forma lúdica e segura, levando em consideração as características de cada faixa etária.
Quando questionada sobre a diferenciação entre esportes para meninos e meninas, a professora é enfática: não há diferenças significativas nessa fase. O foco deve estar na ludicidade e no estímulo, sem pressões competitivas. Atividades que promovam desafios e contestes são apreciadas pelas crianças, e a competição não é o cerne da abordagem.
“As crianças não estão preocupadas com diferença de masculino e feminino. Os exercícios, as atividades, os jogos e as brincadeiras são muito utilizados com a ludicidade. Por isso, o professor de educação física na educação infantil tem esse contexto. Diferente do adulto, que, às vezes, não quer fazer, mas ele sabe a necessidade e vai fazer. A criança, para fazer, precisa estar estimulada. Então, essa atividade é realizada de maneira lúdica. Sem estimular a competição. Nessa idade, eles gostam muito de desafio, então, se trabalha com contestes. O que são contestes?! É quem consegue subir, quem consegue descer, quem consegue correr, mas não quem chega primeiro, quem chega depois, isso não deve ser utilizado”, concluiu.
Em um mundo onde a tecnologia muitas vezes compete pela atenção das crianças, é fundamental reconhecer o poder transformador do exercício físico orientado. Desde os primeiros passos até a adolescência, essa prática é um investimento no bem-estar presente e futuro das crianças, garantindo que elas cresçam saudáveis, confiantes e preparadas para enfrentar os desafios da vida.
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