De janeiro a julho de 2023, o Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (NAIA) do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), em Fortaleza, registrou 2.497 atendimentos a pacientes que buscaram tratamento de transtornos psiquiátricos que acometem crianças e adolescentes, segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Cuidar da saúde mental de crianças e adolescentes pode ser um desafio para pais e profissionais de saúde. Além dos transtornos que envolvem esse público, os processos de internação e problemas de saúde podem afetar os pequenos no campo da saúde psíquica. Daí a necessidade de atendimento especializado.
O público atendido é encaminhado pela Central de Regulação da Sesa. Entre os principais casos recebidos na unidade, destacam-se o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno de Humor (depressivos) e Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). O serviço conta, ainda, com um ambulatório específico voltado para crianças de 3 a 6 anos, no qual diversas patologias são tratadas.
A funcionária pública Francisca Cláudia Silva, de 50 anos, sempre acompanhou a filha nos atendimentos mensais.
“Desde os três anos de idade, quando foi diagnosticada com TDAH e TAB que ela é acompanhada pelos profissionais desse ambulatório. Minha filha já está com quase dezoito anos e, durante todo esse tempo, recebemos um tratamento excelente, pois aqui até os familiares são cuidados. Atualmente, ela está muito bem, pois jamais deixamos de comparecer às consultas e sempre seguimos à risca o tratamento recomendado”, afirma.
Saiba quais sinais podem indicar problemas relativos à saúde mental de adolescentes
Para atender à demanda, o Núcelo conta com equipe formada por psicólogos, psiquiatras, pediatra e assistente social. O atendimento é considerado também referência na área de ensino por oferecer Residência em Psiquiatria e Especialização em Infância e Adolescência.
De acordo com a psicóloga Marleide Oliveira, a adolescência é uma etapa de transição que inclui diversas transformações físicas, um período vulnerável para o desenvolvimento de problemas relativos à saúde mental. Na ausência de um suporte adequado, tal fragilidade psíquica pode comprometer todo o processo de desenvolvimento esperado nesse período.
“Os indicadores de comprometimento da saúde mental podem se apresentar como respostas emocionais desproporcionais aos fatos vivenciados. Alguns sinais, como dificuldades para estabelecer e manter relacionamentos interpessoais, consumo de álcool e outras substâncias, alterações do humor e irritabilidade podem ser indícios de uma saúde mental fragilizada, sendo necessário buscar ajuda profissional”, alerta.
A psicóloga ressalta que, nessa fase, a família exerce um papel fundamental na promoção da saúde mental. Por isso, é importante que esteja aberta ao diálogo e tenha sensibilidade para entender as necessidades e as diferenças individuais de cada jovem, oferecendo suporte emocional e carinho aos seus filhos.
“Também é necessário incentivar hábitos positivos, como a realização de exercícios regulares, a socialização, o bom relacionamento familiar e a busca por ajuda, em caso de necessidade. Esse apoio é imprescindível para o fortalecimento da autoestima do jovem, bem como para que se sinta acolhido e encorajado a manter o cuidado”, diz Marleide.
A especialista reforça que o profissional da área deve sempre estabelecer o vínculo com o paciente. “É importante acolher e ouvir o adolescente e os familiares atentamente, mostrar empatia e respeito, além de não fazer julgamentos. Falar com o paciente sobre questões relacionadas à depressão e ansiedade pode ajudá-lo a se sentir mais seguro e confortável para conversar sobre assuntos que lhe causam incômodo”, reforça.
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