Um recém-nascido faleceu após ser realizada, durante o parto, uma manobra não recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O bebê veio a óbito 17 dias após o nascimento, que ocorreu em Baturité, no último mês de agosto. O caso se deu na Maternidade José Pinto do Carmo, que está sendo acusada pela mãe de cometer violência obstétrica.
O parto evoluiu normalmente até que a equipe médica informou que os batimentos cardíacos da criança estavam baixos. Para controlar o quadro, os profissionais optaram por realizar a manobra de Kristeller – que é prescrita pela OMS, não sendo recomendada em nenhuma situação. “Trata-se de uma manobra em que é feita uma pressão, geralmente feita por alguém da equipe assistindo o parto, e já faz alguns anos que a manobra é prescrita. Não existe nenhum benefício de realizar a manobra, pelo contrário, pode levar a lesões tanto à mulher quanto ao bebê e por isso não deve ser feita nunca”, explica a diretora da Comissão de Mortalidade Materna da Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia (Socego).
O caso foi relatado por Vanessa Rocha, amiga da mãe, que também comenta sobre outros casos já relatados sobre ocorrências do tipo na Maternidade. “Há muito tempo eu ouvia minhas primas, tias, falando de relatos absurdos que tinham vivido na Maternidade, tanto que a maioria das gestantes de lá têm medo de ir para lá. Mas é uma maternidade referência não só de Pacoti, mas de todos os municípios do Maciço de Baturité.”
A mãe informou que, após o parto, a equipe médica garantiu que o filho estava bem. No entanto, uma hora depois o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para transferi-lo para um hospital em Fortaleza, devido a complicações. A transferência teria demorado cerca de quatro horas.
Na capital, o recém-nascido foi internado em uma UTI Neonatal e fez exames que constataram o funcionamento adequado dos órgãos, mas comprovaram ainda a existência de edema. Na primeira semana de setembro, o bebê faleceu.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará informou que a Maternidade é uma unidade filantrópica e que recebe recursos da pasta. Mensalmente, são repassados R$ 240 mil para manutenção dos serviços. O estado comunica que acompanha o caso. Na segunda-feira (11), o Ministério Público do Ceará (MPCE) instaurou um inquérito civil para acompanhar as investigações.
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