O novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Custódio Almeida, elencou como prioridade para seu período à frente da instituição a recuperação do que foi desfalcado nos últimos anos. Ele tomou posse no fim de agosto, sucedendo Cândido Albuquerque, que havia sido nomeado pelo então presidente Jair Bolsonaro. Custódio Almeida falou do tema em entrevista à Rádio Jovem Pan News Fortaleza, na manhã desta segunda-feira (25).
Segundo ele, houve uma série de prejuízos estruturais para a Universidade nos últimos quatro anos, mas não apenas: ele levanta que há um desabastecimento financeiro desde 2016, quando foi acentuada a escassez de verbas destinadas à UFC – assim como ocorreu a outras universidades federais no país. O reitor comenta que todo ano é preciso um esforço, inclusive financeiro, para repor equipamentos e promover melhorias e trabalho de manutenção, e que sem isso a universidade não consegue se manter.
Ele contextualiza ainda citando que as universidades, no Brasil, são relativamente jovens, em comparação a outras partes do mundo: “A nossa dívida de universidades no Brasil de fato é histórica. Estamos na América do Sul, nós somos um dos países onde a universidade é mais tardia. A UFC vai completar 70 anos no próximo ano, isso é uma criança. Você vai atrás de quais são as universidades mais antigas da América do Sul e encontra Peru, Chile… A mais antiga do Brasil é a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que é chamada Universidade do Brasil, e é de 1920.”
Segundo o novo reitor, com isso, a prioridade para os próximos meses deve ser tentar recuperar os prejuízos, para só então passar a focar em projetos novos para a UFC.
“Em 2019, era a Universidade que estava sendo desrespeitada”
Também na entrevista, Custódio falou sobre o momento da indicação de seu antecessor, em 2019. Na ocasião, Custódio Almeida foi escolhido pelos seus pares e liderou a lista tríplice para a indicação à reitoria – no entanto, naquele ano, o então presidente Jair Bolsonaro interrompeu o costume dos presidentes anteriores, de nomear o nome indicado pela instituição, e escolheu um nome seu, que foi o de Cândido Albuquerque. Já no governo atual, em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou Custódio, retomando a indicação da lista tríplice.
“Eu não estava precisando de consolação. Naquele momento, em 2019, era a Universidade que estava sendo desrespeitada, golpeada. E agora, a sensação é de que a expectativa é muito alta e o compromisso precisa ser forte. Então [durante a posse, em agosto] teve aquela alegria, por ter finalmente acontecido o que a comunidade universitária desejava”, pontuou.
O reitor diz ainda que há de sua parte um compromisso forte para reconstruir “uma infraestrutura que precisa de cuidado, ser recuperada em todos os aspectos”. Ele comenta que as pessoas “precisam de cuidado, estão doídas”: “Minha vontade é dizer: você está na universidade, a universidade é um grande laboratório, e laboratório é lugar de experimentação. A universidade tem o privilégio do erro, a gente pode errar e não tem problema errar, porque o erro na universidade é oportunidade de aprendizagem.”
Restaurante Universitário voltará a oferecer suco
Como informou Custódio Almeida, na ocasião, a Universidade já tomou providências para retomar a estrutura de que dispunha antes da pandemia da covid-19. Durante a crise sanitária, a UFC passou por restrições no funcionamento de equipamentos, como no caso dos aparelhos de ar-condicionado, muito dos quais deixaram de funcionar após o longo período sem uso.
Um caso emblemático, em meio a isso, é o do suco do Restaurante Universitário (RU), que também deixou de ser distribuído durante o período. A cobrança por parte dos alunos se manteve, uma vez que ainda hoje o suco não é disponibilizado, mas o reitor comenta que já foram tomadas providências para reverter a situação. Ele lembra que tudo nesse contexto passa por um trâmite burocrático e que portanto não voltará a ocorrer como antes imediatamente.
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