Uma greve conjunta convocada por funcionários do Metrô e da CPTM, em São Paulo, deve provocar um caos no trânsito na terça-feira (3). A paralisação foi marcada em protesto contra o plano de concessões e privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e terá adesão de funcionários da Sabesp, a companhia estadual de abastecimento de água e coleta de esgoto.
Juntos, Metrô e CPTM transportam todos os dias cerca de 4,2 milhões de passageiros, considerando apenas as linhas administradas pelas duas estatais e que devem ter a operação afetada pela greve. A previsão é de que tanto as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata, que são do Metrô, quanto as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, que são da CPTM, fiquem paradas.
Durante a última paralisação dos metroviários, no dia 23 de março deste ano, a capital registrou mais de 700 km de congestionamento. Naquele dia, a Prefeitura da capital reforçou a frota de 13 linhas de ônibus que cruzam a cidade. Em dias normais, os ônibus da capital já registram uma média de 7,3 milhões de embarques, segundo a SPTrans.
A greve dos funcionários das duas categorias contra os projetos de privatização do governador Tarcísio de Freitas deve durar 24 horas. No sábado (30/9), Tarcísio criticou a mobilização grevista.
“Uma greve sem pauta, uma greve política”, disse. “Não estou fazendo nada de diferente do que eu ia fazer”, completou o governador, destacando que o plano de privatizações foi apresentado na campanha eleitoral de 2022.
O governo defende a desestatização argumentando que mudança na administração trará vantagens para a população, com a melhoria dos serviços, antecipação de investimentos e até redução de tarifas. Os trabalhadores, no entanto, discordam da posição e utilizam o exemplo das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda para contrapor a ideia.
Desde que as duas linhas da CPTM foram concedidas para a ViaMobilidade, elas registraram um aumento significativo no número de falhas e viraram alvo de investigação do Ministério Público.
Como alternativa para diminuir o impacto da manifestação nos moradores da região metropolitana, os funcionários da CPTM e do Metrô propuseram trabalhar com catracas liberadas, ou seja, sem a cobrança de passagem para os usuários do transporte público. Já os trabalhadores da Sabesp asseguram que manterão um efetivo para emergências e que não haverá problema no abastecimento de água.
Na quinta-feira (28/9), no entanto, a juíza Raquel Gabbai de Oliveira, do Tribunal do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), recusou a proposta de liberação das catracas nas estações de trem e estabeleceu uma multa diária de R$ 500 mil em caso de descumprimento da decisão. Além disso, a juíza determinou que a CPTM mantenha efetivo total dos trabalhadores nos horários de pico no dia 3 de outubro e 80% dos funcionários no restante do tempo.
Na sexta-feira (29/9), os grevistas tiveram outro revés. O TRT-2 concedeu liminar ao governo de São Paulo determinando que os metroviários mantenham 100% da operação nos horários de pico. O desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira disse que a circulação da frota deve acontecer de forma integral das 6h às 9h e das 16h às 19h, e com 80% nos demais períodos, sob pena de multa de R$ 500 mil.
No caso da Sabesp, a Justiça determinou a manutenção de 85% do efetivo de trabalhadores vinculados aos setores responsáveis pela prestação dos serviços essenciais de saneamento básico, tratamento e abastecimento de água e esgoto, sob pena de multa diária de R$ 100 mil para cada entidade sindical.
Os sindicatos das três categorias afirmaram que vão recorrer das decisões e que a greve está mantida. “A greve é um direito assegurado na Constituição Federal”, afirmou Eluiz Alves, presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo. Presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa disse que o grupo já buscou a Justiça para reverter a decisão.
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