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Ceará tem 4ª maior incidência de câncer de mama no Brasil; entenda os motivos

Ceará tem 4ª maior incidência de câncer de mama no Brasil; entenda os motivos

Foto: Divulgação / Governo do Ceará

Um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que o Ceará figura entre os quatro estados com maiores incidências de câncer de mama no Brasil: o estado registra uma taxa de 54,1 casos a cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Santa Catarina (74,8), Rio de Janeiro (70,5) e São Paulo (56,3). Os dados são referentes ao ano de 2022.

Ainda conforme o estudo, a taxa nacional de incidência é de 41,8 casos anuais a cada 100 mil habitantes. Se Santa Catarina fica na dianteira, o estado que apresenta a menor incidência, referente ao período, é o Amapá (20,0). A região com maior incidência é o Sudeste (52,8), seguido pelo Centro-Oeste (47,3), Nordeste (42,1), Sul (41,0) e, por último, a região Norte (27,7).

Os diferentes níveis de incidência podem ser explicados por diferentes fatores. Segundo Igor Veras, médico radioterapeuta do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), o aumento da incidência da doença está ligado a fatores comuns em todos os estados do Brasil, que muitas vezes têm relação com mudanças no estilo de vida ao longo dos anos.

Ele conta, por exemplo, que hoje em dia as mulheres optam por ter a gestação em uma idade mais tardia, o que pode aumentar a probabilidade de ter câncer de mama. A diminuição da prole, com as mulheres tendo menos filhos hoje em dia, também contribui. Cabe destaque ainda ao tabagismo e ao consumo de álcool, mas principalmente a obesidade, apontada como um dos principais fatores de risco.

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Luiz Porto, coordenador do Comitê Estadual de Controle de Câncer do Ceará, comenta que deve-se levar em conta ainda o aumento da expectativa de vida da população, uma vez que o câncer é uma doença do envelhecimento. Ele observa que o Sudeste estar no topo do ranking de incidência tem, em parte, relação com esse aspecto. “O Ceará tem tido um ganho de expectativa de vida nos últimos 75 anos muito significativo, então à medida que a população vai envelhecendo, vai tendo mais chance de ter câncer de mama”, explica.

Nos aspectos culturais, as mulheres têm participado de modo mais ativo do mercado de trabalho do que algumas décadas atrás, o que faz com que a amamentação também acabe ficando mais difícil. A diminuição da lactação também é considerado um fator que contribui para o desenvolvimento desse câncer.

Prevenção e detecção são fatores relevantes para a incidência do câncer de mama

Os especialistas apontam, no entanto, que não se deve desprezar o peso que a subnotificação pode ter sobre os números coletados. Segundo Igor Veras, as instituições de tratamento de câncer no Ceará têm um registro de câncer bastante eficaz, o que poderia justificar essa maior incidência nos dados do Inca.

Cabe destacar, nesse quesito, a atuação das instituições e órgãos do governo para promover a prevenção e impulsionar a detecção do câncer de mama na população – ilustrando a importância da campanha do Outubro Rosa. “No câncer de mama, apesar de utilizarmos algumas práticas de prevenção, como estímulo à atividade física, alimentação saudável e controle do tabagismo e etilismo, um dos principais focos nas campanhas de conscientização é a detecção precoce através do autoexame e da realização de mamografia na idade correta”, explica Igor.

No entendimento de Luiz Porto, o rastreamento ainda é bastante precário inclusive no estado do Ceará, apesar dos esforços tomados nessa direção. Ele conta que é possível encontrar casos de mulheres residindo nas proximidades de unidades de saúde que são referências no combate ao câncer de mama, em Fortaleza, e que ainda assim muitas vezes acabam deixando a doença se desenvolver, por ignorância ou falta de orientação dos profissionais que as atendem.

Igor Veras sublinha que a questão também passa por fatores econômicos, no que diz respeito ao financiamento desses serviços na rede pública. “Mais recentemente ainda tivemos um agravante. A diminuição de recursos para tratamento de câncer por parte do estado e do município tem levado a um aumento das filas de espera para tratamento de câncer, seja quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. Isso certamente irá impactar no aumento da mortalidade por câncer de mama nessas pacientes.”

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