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Pacientes com endometriose podem ser atendidas em Fortaleza; saiba os locais

Pacientes com endometriose podem ser atendidas em Fortaleza. Como forma de cuidado e atenção à mulher, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) lançou, em parceria com a Secretaria das Mulheres, em agosto deste ano, o Programa Saúde da Mulher, ação que agiliza as cirurgias eletivas de endometriose no estado, bem como o tratamento da doença. A iniciativa está sendo realizada no Hospital Geral Dr. César Carls (HGCC), no Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), unidade federal.

O diagnóstico tardio da endometriose pode ocasionar graves consequências, incluindo a infertilidade e o comprometimento de órgãos importantes. No Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), há um ambulatório especializado para tratamento da doença, e segundo o ginecologista obstetra, Lucas Nogueira, tem sido cada vez mais comum a presença de pacientes jovens com um alto comprometimento.

“A gente costuma receber as pacientes da rede de alta complexidade, com idades entre 30 e 35 anos de idade, já com a doença bem avançada. Muitas delas já não têm mais perspectivas de ter filhos devido às complicações e que tiveram que tirar o útero, outras que retiraram os ovários porque a doença já tinha afetado de forma muito grave e agora vão ter que repor os hormônios, além de não poder mais engravidar, algumas com comprometimento nos rins, que chegaram até a perder o órgão”, conta Nogueira.

O médico alerta que é uma doença com consequências graves, se não tratada, e, por isso, é importantíssimo ter atenção aos sinais. “As dores vão progredindo, assim como a inflamação. E as mudanças devem ser observadas, como: dor ao menstruar (cólicas), dor ao ter relação sexual, dor ao defecar ou ao urinar, dor pélvica fora do ciclo menstrual, dor no final da coluna ou na região lombar e a dor de não poder engravidar”, explica.

Há pacientes, que mesmo percebendo a escalada da dor e até o surgimento de novos sintomas, evitam buscar ajuda por medo, falta de conhecimento e até o costume. No caso da enfermeira do HMJMA Sara Suiane Sousa, 27, o medo foi o obstáculo. O acompanhamento tardio ocasionou a infertilidade.

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Sinais de alerta

Cólicas intensas e sangramentos durante relações sexuais são características comuns da doença, assim como dores para evacuar e/ou urinar, principalmente durante o ciclo menstrual. “São sintomas sugestivos. Essas mulheres devem ser avaliadas por um médico especialista e, a partir do diagnóstico, ser acompanhadas para avaliar a gravidade”, afirma Nogueira. O profissional destaca que problemas relacionados à endometriose podem surgir ao longo de toda a idade reprodutiva da mulher.

Acompanhada da mãe, Manuelle Tomé, 18, realizou cirurgia para retirar cistos no ovário; jovem é acompanhada pelo serviço ambulatorial do HMJMA

Manuelle Raquel Freires Tomé, 18, também foi diagnosticada com a doença em janeiro de 2020. “Sentia dores fortes na região dos ovários, às vezes passava para perna e lombar. Já menstruava muito, mas começou a aumentar o fluxo ainda mais, além das dores. Chegou um momento em que eu não conseguia fazer minhas coisas; meus estudos também foram afetados”, conta a jovem.

Com cistos no ovário, Tomé iniciou o tratamento para tentar reverter o quadro. No entanto, uma cirurgia precisou ser realizada. Foi no HMJMA que a moradora de Itapipoca, distante cerca de 130 km de Fortaleza, pôde se preparar para a retirada de cistos – procedimento realizado no fim de janeiro deste ano. A estudante é acompanhada no serviço ambulatorial da unidade hospitalar.

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Identificação e tratamento

A endometriose se caracteriza pelo endométrio fora de seu lugar original e por células que respondem a hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona, também responsáveis pela menstruação. Estas células podem se espalhar por todo o corpo, mas, normalmente, permanecem nos ovários, numa parte atrás do útero, no intestino, nas trompas, na bexiga, ou, então, na pelve. Lesões podem ser formadas nos locais, estimuladas todos os meses pelo ciclo menstrual. “Isso faz com que menstruem dentro da barriga, e esse sangue não tem como sair do corpo, fazendo com que o tecido fique inflamado. Com o passar do tempo, causa cicatrizes e nódulos”, explica Nogueira.

Ainda de acordo com o médico, não é possível prevenir a doença, mas identificá-la precocemente pode evitar o agravamento. O obstetra ressalta que o tratamento indicado, a depender das condições de cada paciente, visa a preservar a qualidade de vida e a fertilidade das mulheres acometidas, sendo, em sua maioria, jovens.

No tratamento clínico, podem ser indicados analgésicos, anticoncepcionais e DIU hormonal. Caso a mulher não obtenha uma resposta aceitável ou já apresente nodulações em regiões com risco de obstrução ou suspeita de malignidade, é preciso considerar a cirurgia. “O procedimento retira as lesões. É uma cirurgia mais conservadora, porque a paciente pode ser jovem e ainda quer gerar filhos, e, por isso, também é muito mais trabalhosa. É uma operação delicada, com riscos, pois mexemos em órgãos essenciais, mas que devolve a qualidade de vida da paciente”, pontua Nogueira.

Atendimento de pacientes com endometriose em Fortaleza

O ambulatório de endometriose do HMJMA funciona às quintas-feiras. As consultas são agendadas via Central de Regulação e podem ser solicitadas de todo o Ceará. O hospital de média complexidade realiza diversos tratamentos para a doença, como clínico, implantação de DIU e cirurgia. A unidade também auxilia as pacientes com apoio psicológico. O HMJMA fica na Rua Princesa Isabel, 1526 – Centro de Fortaleza.

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