Agricultura cearense já sente os impactos das condições climáticas extremas
Agricultura e pecuária devem ser afetadas com seca prevista para 2024 no Ceará
O estado do Ceará está se preparando para enfrentar o que pode ser um dos piores cenários de seca em 2024, com impactos diretos na agricultura. A previsão é baseada no aquecimento das águas do Oceano Atlântico Norte, conhecido como El Niño, indicando a probabilidade de um inverno fraco. Com isso, municípios do interior foram alertados, e os órgãos ligados à agricultura, pecuária e fornecimento de água estão trabalhando em alternativas de abastecimento para as comunidades rurais.
A agricultura já sente os impactos das condições climáticas extremas. Ziza Laureano, agricultor, esperava colher 50 sacas de milho neste ano, mas as chuvas excessivas prejudicaram sua plantação, resultando em menos da metade da produção esperada. Agora, com a terra seca novamente, ele se prepara para o próximo plantio, aguardando a quadra chuvosa.
“A gente tem sempre um processo de preparação, né? Preparar a terra e esperar a quadra chuvosa para a gente poder plantar. Sempre temos uma esperança que consigamos colher bem, mas vai depender muito também do período chuvoso”, disse o agricultor.
A preocupação se estende também à pecuária. Laureano planta capim durante o ano para alimentar seu gado em uma área irrigada. No entanto, a incerteza sobre a disponibilidade de água coloca em risco a produção de alimentos para os animais.
Em outra propriedade, uma plantação de maracujá e acerola também é irrigada e promete dar muitos frutos caso a quadra chuvosa de 2024 seja favorável.
“A água hoje é o nosso problema, né? Que a água está um pouco escassa. Mas até que tem dado certo. Aí vamos ver como é que vai ser dezembro/fevereiro, se o inverno vai vir cedo”, disse Narzim Mendes, agricultor.
O açude utilizado pelo agricultor até encheu no início deste ano, mas que está quase seco atualmente.
A situação dos reservatórios de água é crítica e previsão é de pouca chuva para 2024, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Se confirmada, as reservas hídricas do estado podem cair de 40% para 30%, e alguns reservatórios podem atingir o volume morto.
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Em resposta a esse cenário desafiador, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado planeja intensificar a perfuração de poços, distribuição de água pelo Projeto São José e aumento da distribuição de cisternas. Moisés Braz, secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará, enfatizou a importância de preparar estratégias para enfrentar a seca.
“O estado está se preparando. Primeiro passando essas informações e segundo trabalhando com vários programas que nós já achamos que é estratégia. Entre eles, principalmente, o que se trata de abastecimento da água para o consumo humano e para o consumo animal, já que a gente vai ter muita dificuldade em ano de seca e ter grandes projetos ou até pequenos projetos de irrigação no estado do Ceará”, informou Moisés Braz.
A distribuição de sementes do Programa Hora de Plantar, crucial para a agricultura local, será realizada logo após as primeiras chuvas do próximo ano. A mudança climática, com temperaturas elevadas, impõe desafios significativos à agricultura, levando a riscos de grandes prejuízos e demandando adaptações por meio do melhoramento genético das plantas.
“O que está sendo planejado é que nas primeiras chuvas, toda a semente que já está nos nossos armazéns, no interior do estado do Ceará, a gente possa entregar para os trabalhadores. Esse ano nós vamos entregar semente de feijão. Mesmo sendo um ano que está previsto que nós vamos ter pouca chuva, nós não vamos deixar de executar esse programa que a gente avalia que é muito importante para o agricultor”, informou o secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará.
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Segundo Marcelo Soares, doutor em Geociências do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), existem grandes riscos de prejuízos na agricultura no próximo ano.
“Por razão da própria temperatura, que modifica a produtividade dessas plantas, mas também de extremos climáticos. Por exemplo, secas e inundações. Isso leva à erosão do solo, perda de nutrientes do solo e também acelera processo de doenças nas plantas, que também leva a perderá a produtividade agrícola”, de talhou o doutor.
As mudanças climáticas cada vez mais exigem adaptações na agricultura e segundo Marcelo Soares “através do melhoramento genético, existe uma possibilidade de adaptar melhor as plantas para conviver com secas, inundações e com temperaturas mais altas”.
Seca prevista para o Ceará vai impactar a agricultura no próximo ano
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