Seis espécies, entre peixes e moluscos, foram analisadas no estudo.
75% dos peixes que vivem no rio Cocó possuem fragmentos de plástico no trato digestivo
Um estudo realizado pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), revelou que 75%, de 3 espécies de peixes encontradas no Rio Cocó, e 62% de moluscos, também de 3 tipos diferentes, possuem o microplásticos no trato digestivo. As coletas aconteceram ao longo de 2022, na Sabiaguaba, e os estudos em laboratório são feitos desde então.
Os microplásticos são fragmentos entre 1 micrômetro e 5 milímetros, formados a partir de sacolas, tintas, isopores e borrachas, por exemplo. Eles são ingeridos por animais marinhos e prejudicam a nutrição e reprodução dessas espécies, chegando até o ser humano em alimentos.
Os peixes analisados foram Carapeba (Eugerres brasilianus), Carapicu (Eucinostomus gula) e Tainha (Mugilidae).
Segundo Caroline Feitosa, professora no Labomar à frente das análises dos peixes, a presença de microplásticos “pode afetar reprodução, contaminar o animal e trazer uma série de problemas no âmbito de doenças, de problemas nutricionais, mas não vão causar obstrução intestinal, por ser uma partícula muito pequena”. A pesquisa deve avançar para entender como essa contaminação afeta os músculos dos peixes, a parte que é consumida pela população, já que a maior concentração dos microplásticos está nas vísceras dos animais.
Entre os moluscos analisados (Crassostrea sp., Iphigenia e Tagelus) o problema também é grave: 62% estão com o poluente dentro do trato digestivo. As espécies escolhidas são consumidas em barracas e no Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba.
No estudo, foram coletados 100 animais de cada espécie, em 5 momentos diferentes do ano, abrangendo tanto o período seco quanto o chuvoso. Os resultados mostram uma equivalência da contaminação entre as ostras e os períodos do ano.
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Segundo os pesquisadores, “os microplásticos eram, principalmente, fragmentos de sacolas plásticas, fibra proveniente de roupa de poliéster e restos de materiais de pesca”, detalha Emanuelle Rabelo, pesquisadora na Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).
Ela explica que esses animais acabam sendo veículos do microplástico até os seres humanos. Em uma refeição feita com 12 ostras, por exemplo, o ser humano ingere 9,5 partículas de microplástico. Em sopas, o número pode dobrar, segundo a pesquisa.
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Esses microplásticos podem ser absorvidos pelo intestino, causando contaminações, podendo entrar na corrente sanguínea e a Ciência registra alguns casos desse poluente chegando até a placenta.
Além disso, as ostras são alimento de outros animais que vão sendo contaminados em escala na cadeia alimentar. “Se esses animais morrem, os microplásticos voltam para o meio ambiente porque não se acabam nunca, ficam ali esperando a ‘próxima vítima’”, alerta.
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