ARTE

Pinacoteca do Ceará abre exposição de Leonilson com obras inéditas a partir deste sábado (9)

Além de visitar a exposição, o público é convidado a participar de uma homenagem ao artista

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4 de dezembro de 2023
Portal GCMAIS

No ano marcado pelas três décadas da morte de Leonilson (1957-1993) – pintor, desenhista e escultor cearense que é um dos nomes mais relevantes da arte contemporânea brasileira –, a Pinacoteca do Ceará realiza a exposição “Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades”. A abertura da mostra será neste sábado (9), a partir das 16h. O acesso é gratuito.

Pinacoteca do Ceará abre exposição de Leonilson com obras inéditas a partir deste sábado (9)
Foto: Ascom Pinacoteca do Ceará

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A exposição reúne, também, trabalhos de Batista Sena, Efímia Meimaridou, Luiz Hermano, Siegbert Franklin, Zé Tarcísio, Marcus Francisco, Karim Aïnouz e Ricardo Bezerra, além de pinturas, desenhos, instalações e bordados de Leonilson, incluindo obras inéditas do artista. Cearenses ou radicados no Ceará, alguns desses artistas conviveram com Leó, como era chamado pelos amigos. Outros mantinham uma interseção artística com ele: ainda que não fossem próximos pessoalmente, o interesse pelo desenho, a pintura e os temas abordados na criação dialogavam com a obra de Leonilson. A curadoria é assinada por Aline Albuquerque e Ricardo Resende.

Além de visitar a exposição, o público é convidado a participar de uma homenagem ao artista. Também no sábado (9), a partir das 17h, no Pátio da Pinacoteca, haverá ao pôr-do-sol uma leitura de cartas do acervo pessoal de Leonilson por alguns de seus amigos. O momento terá, ainda, uma solenidade que celebra o primeiro aniversário da Pinacoteca do Ceará.

Exposição de Leonilson na Pinacoteca do Ceará

Composta por um total de 245 obras, a mostra tem a parceria do Projeto Leonilson, instituição cultural responsável pela pesquisa, catalogação e divulgação da obra do artista. Há, ainda, trabalhos de acervos do Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), da Pinacoteca do Ceará e de coleções particulares.

A exposição apresenta 117 obras de Leo – outra forma carinhosa com que era chamado. Entre os destaques, estão desenhos e pinturas inéditas, produzidas no final da década de 1970 e começo dos anos 1980, que retratam a paisagem do Ceará. Em comum, os trabalhos trazem a natureza e seus fenômenos como equivalentes sensíveis das emoções que o artista costumava abordar de forma tão íntima e política.

Nascido em Fortaleza, em 1957, Leonilson mudou-se com a família para São Paulo ainda pequeno, mas sempre vinha à capital cearense para visitar amigos e familiares, que o recebiam num sítio no bairro Maraponga. Nas décadas de 1970 e 1980, Leo vinha com frequência e registrava em diários, agendas e cadernos vestígios de sua passagem e dos afetos que cultivava na cidade natal em desenhos.

Ícone para muitos artistas que se seguiram, Leonilson exerce forte influência sobre as novas gerações, comovendo o público de suas exposições, que o tem como referência. A mostra é dividida em dois núcleos, um com trabalhos de Leonilson e outro com as 137 obras “Das Amizades”, aproximando artistas com linguagens distintas que também trazem em seus traços, pincéis, linhas e sons as centelhas de uma produção viva e conectada às questões do seu tempo, que também era o tempo de Leo e ainda refletem o tempo de hoje.

A expografia, de Gisele de Paula, renova a ideia de uma montagem clássica de pinacoteca no núcleo “Das Amizades”, dispondo as obras quase sobrepostas. O pavilhão expositivo ganha outra atmosfera, ambientada por cores vivas e carregadas como o vermelho encarnado presente nas obras de Leonilson.

A exposição “Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades” fica em cartaz na Pinacoteca do Ceará até 26 de maio.

Quem foi Leonilson?

Pintor, desenhista e escultor brasileiro, Leonilson é um dos principais nomes da arte contemporânea no Brasil e internacionalmente, conhecido por sua obra singular e autobiográfica. Natural de Fortaleza, em 1957, mudou-se para São Paulo ainda criança e logo cedo começou a demonstrar interesse pela arte. Fez cursos livres na Escola Panamericana de Arte e depois ingressou no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado. Na década de 1980, fez parte do grupo de artistas que retomou a prática da pintura, conhecido como “Geração 80”. Participou de importantes mostras no Brasil e no exterior, como Bienais, Panoramas da Arte Brasileira e a emblemática “Como vai você, Geração 80?”.

O artista faleceu jovem, em decorrência do vírus HIV, na cidade de São Paulo, em 1993, aos 36 anos de idade. Deixou cerca de 4.000 obras, além de múltiplo acervo documental. Sua poética trata de sua existência e evoca sentimentos, alegrias, conflitos e dúvidas. Principalmente no final de sua vida, quando descobre ser portador do vírus HIV, aborda suas angústias, medos, a convivência com a doença e o impacto que ela causa na sua vida. Sua produção é considerada por críticos brasileiros e internacionais de grande valor conceitual para a arte no Brasil.

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