Veio à tona no início da semana uma denúncia de que mulheres estavam sendo filmadas nuas, sem serem informadas, em uma em clínica de estética, em Fortaleza. Os vídeos seriam gravados pela proprietária do estabelecimento.
Em entrevista ao GCMais, a dona da clínica, Val Silveira, diz ter sido vítima de um golpe virtual e que foi extorquida por três meses por uma quadrilha especializada em crime virtual e exploração sexual. Ainda, segundo relatos dela, estava vivendo um relacionamento amoroso virtual, há 6 meses, com um homem que se apresentava como empresário paulista. Durante os contatos online, de acordo com a esteticista, ela teria perdido R$ 10 mil, além de ter dois celulares roubados e os maquinários da clinica furtados pelo grupo.
“O pesadelo começou quando finalmente marcamos um encontro presencial há um mês. Ao invés dele, apareceu uma mulher e um homem em um carro. Eles me colocaram dentro do veículo e me sequestraram por algumas horas. Foi aí que eu tive a certeza que tinha caído num golpe. Estava apaixonada, fui burra, acreditei. Eles me liberaram, mas era só o começo das coisas horríveis que eles me obrigaram a fazer. Fui obrigada a me prostituir, enviar vídeos meus nua. A todo momento eles diziam que iam me matar, matar meus filhos. Minha família corria risco, tive medo de denunciar”, relatou Val Silveira.
Segundo denúncia de mulheres que tiveram imagens vazadas nas redes sociais, a dona da clínica estaria filmando clientes, amigos e familiares sem permissão. As imagens gravadas sem consentimento foram expostas nas redes sociais da própria clínica. Na segunda-feira (11), os perfis da dona da clínica começaram a publicar diversas fotos, mostrando diferentes clientes.
“Depois do sequestro, para que eu não denunciasse, eles começaram a me chantagear. Sempre recebia uma ligação, por algum integrante do grupo, com o pedido para eu enviar vídeos meus nua. Eu fazia isso pra não morrer, não ganhei dinheiro com isso, pelo contrário, nesses meses todos ainda fui roubada em quase R$ 10 mil reais, os pix estão aí pra provar. Se a polícia buscar o CNPJ da empresa que entrava o dinheiro, vai descobrir do que se trata. Eu pesquisei, eles deram baixa na empresa depois que a história caiu na imprensa. Por que a policia não investiga a fundo, pra provar que se trata de algo perigoso e que eu também fui uma vítima?”, questiona.
Os vídeos das mulheres nuas foram postados com tarjas e as clientes foram convidadas a enviar mensagens para ter acesso a todo o conteúdo gravado delas. No perfil, o responsável pela exposição do caso se diz “mais uma vítima” da mulher. Sobre as imagens das clientes postadas no perfil da clínica dela, Val acredita que o namorado virtual, que ela chama de Pedro Lucas, tenha sido o responsável pelas postagens, já que ele tinha as senhas das contas das redes sociais dela.
“Estava apaixonada e fiquei cega. No inicio do relacionamento à distância, ele disse que poderia me ajudar a impulsionar as minhas contas profissionais nas redes sociais. Eu entreguei todas as senhas pra ele. Eu não aguentava mais ser ameaçada. Chegou um momento em que eles não se satisfaziam mais somente com as minhas imagens, aí eles me obrigaram a mandar imagens das clientes, também, senão todas as pessoas ao meu redor corriam perigo. Foi ai que eu dei um basta, disse que não faria mais isso, e que iria denunciar. Foi aí que eles fizeram isso comigo e eu vou provar minha inocência”, afirmou.
Ao GCMais, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou que investiga a denúncia de “crime contra a dignidade sexual, que teria sido praticado em ambiente virtual”. Segundo a Polícia Civil, boletins de ocorrência foram registrados na delegacia do 6° Distrito Policial e transferidos para a Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza.
A dona da clínica também registrou um boletim de ocorrência e afirmou que teve o perfil nas redes sociais invadido.
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Mulher teve imagens nuas vazadas nas redes sociais
Beth Campêlo, uma das vítimas filmadas sem consentimento, contou que era cliente da clínica há quatro anos. Ela fez um desabafo sobre o caso nas redes sociais e afirmou nunca ter imaginado passar por isso.
“Era o meu momento de relaxar. Nunca imaginei que a Val [dona da clínica] faria isso, nunca mesmo, nunca imaginei. Teve um… momento que eu meio que notei [que era filmada], e aí ela já justificou: ‘amiga, eu bati só uma foto para acompanhar teu resultado’. E eu falei ‘de boa’, porque nunca imaginei”, explicou.
A cliente disse que Val fingia que estava mandando áudio no celular para gravá-las:
“No meu vídeo eu chego bem perto dela e falo: ‘Amiga, olha esse meu sinal’. Não tinha como a gente saber que ela estava gravando a gente”, garantiu.
Ainda segundo Beth, a pessoa que fez as publicações expondo as gravações a procurou e contou que, entre os conteúdos de clientes, havia vídeos também de familiares e até dos filhos de Val, que seriam crianças:
“Tem vídeo dos filhos dela, ela gravava os próprios filho. Sobre vídeos gravados com os filhos, Val se defende: “tive meus dois celulares roubados por este grupo, evidente que teriam imagens minhas e da minha família em vídeos domésticos, foi isso que aconteceu.”
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