MINISTÉRIO DA SÁUDE

Governo recua e suspende nota técnica sobre aborto sem limite de tempo; entenda

A pasta afirmou também que a ministra Nísia Trindade teve conhecimento do assunto durante agenda hoje em Boa Vista (RR).

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29 de fevereiro de 2024
Portal GCMAIS

O Ministério da Saúde suspendeu, nesta quinta-feira (29) uma nota técnica que revogava uma recomendação emitida pelo governo Bolsonaro que estabelecia um prazo de 21 semanas e seis dias de gestação para a realização do aborto legal.

Governo recua e suspende nota técnica sobre aborto sem limite de tempo; entenda
Foto: Reprodução

“O documento não passou por todas as esferas necessárias do Ministério da Saúde, nem pela consultoria jurídica, portanto está suspenso”, disse em nota do Ministério da Saúde.

A pasta afirmou também que a ministra Nísia Trindade teve conhecimento do assunto durante agenda hoje em Boa Vista (RR).

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O que previa a nota técnica do governo Lula

Com a alteração, valeria apenas o que é previsto no Código Penal, em vigor desde 1940. Nele, não é estabelecido qualquer limite de tempo para fazer aborto nas condições previstas em lei. Atualmente, o Brasil permite a interrupção de uma gravidez em apenas três casos:

  • quando há risco de vida da pessoa gestante;
  • a gravidez for resultado de estupro;
  • e em caso de anencefalia fetal – quando há má formação do cérebro do feto.

Governo nega que documento ampliaria o aborto legal

Antes de ser suspensa por Nísia, a nota técnica publicada na quarta provocou forte reação de parlamentares da oposição, que prometiam tentar derrubá-la no Congresso Nacional.

A oposição alegava que, por meio do documento, o governo Lula estaria autorizando o aborto em qualquer fase da gestação, mesmo quando o feto já teria viabilidade para sobreviver fora do útero da mãe.

Fontes do Ministério da Saúde ressaltaram, entretanto, que, com a nota da quarta, valeria o que está previsto no Código Penal, que não estabelece qualquer limite de tempo para aborto legal no Brasil.

Integrantes da pasta lembraram ainda que o documento não ampliava o aborto legal, atualmente permitido apenas quando a gravidez é resultado de estupro ou coloca em risco a vida da gestante.

O que prevê a recomendação do governo Bolsonaro

A recomendação do governo Bolsonaro era a de que o aborto legal fosse feito até 21 semanas e 6 dias de gestação. O argumento era que, a partir daí, haveria “viabilidade do feto” de sobreviver e não seria mais um aborto, mas parto prematuro.

Embora não possua força de lei, o texto do governo Bolsonaro pode ser utilizado para negar o acesso ao aborto legal, segundo avaliação de especialistas. Um exemplo disso ocorreu em Santa Catarina, onde uma menina de 11 anos teve o procedimento recusado quando estava com 22 semanas e dois dias de gestação.

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