Deputados estaduais questionam a aplicação dos recursos da Assembleia Legislativa do Ceará com as doações realizadas para as Cozinhas Comunitárias que integram o programa Ceará Sem Fome, do governo estadual. Apenas as unidades da capital estão sendo contempladas com as entregas, enquanto os equipamentos espalhados pelo interior do estado funcionam de forma precária. Os parlamentares apontam que a medida teria fins eleitorais, já que o presidente da Casa, Evandro Leitão (PT), é pré-candidato a prefeito de Fortaleza.
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Na última semana, a cozinha comunitária do bairro Papicu, na capital cearense, recebeu da Assembleia itens como freezer, fogão industrial e panelas. Outro equipamento no bairro Moura Brasil, também em Fortaleza, possui eletrodomésticos antigos, mas já há a expectativa de receber novas doações nos próximos dias.
“Nessas doações nós recebemos um fogão industrial, dois freezers e uma geladeira. Não são novos, mas estão funcionando bem, graças a Deus, e tem as panelas. Uma parte é nossa, que também foi doada, e tem algumas que são de uma pessoa que trabalha aqui na comunidade com salgados”, revelou o presidente da Associação Maná, no Moura Brasil, Abreu da Justa.
As cozinhas comunitárias estão sendo equipadas pela Assembleia Legislativa. Elas integram o programa Ceará Sem Fome, do governo do estado. No entanto, a cozinha da Associação de Moradores do Conjunto Novo Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, não tem previsão de quando será beneficiada, conforme o presidente da entidade, Fábio Lima.
“Faz muita falta, sim. Nós estamos com alguns equipamentos antigos que demandam muito de energia, e esses novos equipamentos seriam uma boa ajuda para nós no bom funcionamento do dia-a-dia.
Assembleia beneficia apenas cozinhas comunitárias de Fortaleza
Há um ano, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou por unanimidade um projeto de lei para fornecer os eletrodomésticos e utensílios para as cozinhas comunitárias. De lá para cá, apenas cozinhas de Fortaleza foram beneficiadas com os equipamentos. Enquanto isso, as cozinhas da Região Metropolitana e do interior aguardam para receber esse benefício.
“A gente precisa ter muito cuidado para que essa nossa ação não seja voltada única e exclusivamente com projetos eleitoreiros. Nós estamos em um estado que tem 184 municípios, e eu não tenho dúvida de que a fome existe em todos os municípios”, ressalta o deputado estadual Antônio Henrique (PDT).
São mais de R$ 3 milhões investidos em equipamentos domésticos. O valor vem do saldo do duodécimo, repasse obrigatório de recursos do governo ao legislativo para o funcionamento da Casa. Um projeto de lei que tramita nas comissões da Assembleia, de autoria do deputado estadual Cláudio Pinho (PDT), prevê o uso desse saldo em emendas parlamentares.
“Nós apresentamos um projeto para que essa sobra pudesse voltar para o governo do estado e esse dinheiro ser revertido em emendas obrigatórias para todos os deputados indicarem para o local que quiser. Pode ser com o interior, pode ser com a Fortaleza, mas o objetivo é o quê? Fazer com que o dinheiro, que é do povo, volte para o povo através das emendas parlamentares”, justifica Cláudio Pinho.
Embora seja a favor da distribuição dos equipamentos para as Cozinhas Comunitárias, o deputado estadual Felipe Mota, do União Brasil, teme que a ação possa ser usada como propaganda eleitoral.
“Você criar ou fazer política em cima da fome das pessoas, eu sou totalmente contra. Eu não posso ser favorável e digo mais, eu faço oposição ao governador, faço oposição ao pré-candidato Evandro Leitão, mas eu tenho que dizer que a ação é interessante, porém nós não podemos politizar esse fato”, complementou.
O que diz a Assembleia
A equipe do GCMAIS entrou em contato com a Assembleia Legislativa que preferiu não comentar a reportagem.
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