O Ceará realizou mais de mil cirurgias de transplante de córnea no ano de 2023, fazendo com que em 2024 a fila de espera se mantenha zerada. A doação de órgãos salva vidas e qualquer um pode ser doador. Para isso, é importante sinalizar, conversar com familiares sobre a intenção. O Grupo Cidade de Comunicação apoia a causa por meio da Campanha Maria Sofia.
O aposentado Gilberto Martins nasceu com uma doença genética nos olhos. A esperança de ver chegou aos 34 anos com o transplante de córnea feito há três meses. A recuperação da cirurgia demora um ano, mas ele já comemora os primeiros resultados. “No tempo que eu não tinha feito o transplante eu via que tudo era escuro, hoje a diferença é muito grande. As pessoas devem doar, dar luz a outras pessoas”, diz.
O Ceará é o segundo estado com maior número de transplante de córnea no Brasil. No ano passado realizou mais de mil cirurgias desse tipo. Entre janeiro e março deste ano já foram feitos 202 transplantes de córnea, 117 deles, realizados no Hospital Geral de Fortaleza que é referência nesse procedimento. Atualmente a fila de espera está zerada.
A jornalista Karla Camila precisou esperar quatro anos pelo procedimento e, para não perder a visão do olho esquerdo precisou fazer o transplante em São Paulo. Em 2011, o banco de olhos estava parado, ou seja, não existia doações suficientes para a quantidade de pessoas que precisavam de transplante de córnea em Fortaleza. Então minha médica me encaminhou para São Paulo. De um mundo preto e branco passei a ver um mundo colorido. A minha vida eu devo hoje a essa pessoa que doou as córneas para mim”, diz.
O transplante é possível quando apenas a córnea está afetada por alguma doença. No Brasil, as doenças ceratocone e a ceratopatia bulbosa são as mais comuns, conforme Dácio Costa, coordenador da residência de oftalmologia do HGF. “No ceratocone a característica é de baixa de visão no geral indolor. O olho não fica vermelho, não inflama, não tem secreção e a visão é só borrada. Na ceratopatia bulbosa há dor no olho, que fica bem vermelho e muda de cor”, explica.
Desde o início do ano passado, o HGF está com uma nova técnica de transplante de córnea. Ela permite uma recuperação até quatro vezes mais rápida. “Em vez de trocar a córnea inteira você troca só a camada doente. Isso leva a uma dimunição da taxa de rejeição que baixa de 5% para apenas 1%”, conclui.
Doação de córnea e transplante de órgãos no Brasil
No Brasil, a autorização para a doação de órgãos é concedida pelos familiares. Dessa forma, para que a vontade em doar os órgãos após a morte seja atendida, é importante avisar a sua família sobre essa decisão e pedir que ela atenda ao desejo. A doação de órgãos pode ocorrer após a morte encefálica ou em vida. Neste último caso, é possível doar um dos rins, parte do fígado e um lobo (parte) dos pulmões para um cônjuge ou parente até o quarto grau e com a devida compatibilidade. Também é possível doar órgãos para alguém que não seja da família. Porém, nesse caso, além da devida compatibilidade, é necessária a autorização judicial, e comunicação ao Ministério Público e ao comitê de ética do hospital.
Em janeiro deste ano, a família da influenciadora digital Maria Sofia começou uma campanha para conscientização da doação de órgãos no Brasil. Maria Sofia estava com complicações na saúde e precisava de um transplante de fígado. Passou pelo transplante em 7 de dezembro e faleceu dois dias depois.
A jovem é filha do prefeito de Caucaia Vitor Valim e de Gaida Dias, empresária, comunicadora e sócia-proprietária do Grupo Cidade de Comunicação. Sofia estudava direito e acumulava mais de 500 mil seguidores. Ela comentava sobre viagens, lazer e moda. Chegou a realizar eventos beneficentes com venda de roupas.
Gaida Dias afirma que hoje sua maior missão é levar adiante a importância da doação de órgãos e que está promovendo a campanha para mudar a visão do Brasil sobre o assunto.
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