ANIVERSÁRIO DA CAPITAL

Fortaleza 298 anos: a história da vila que se transformou na 4ª maior cidade do país

Fortaleza nasceu da construção de fortes, depois foi vila até ser elevada à categoria de cidade

Compartilhe:
13 de abril de 2024
Paulo Martins

Fortaleza chega aos 298 anos neste sábado, dia 13 de abril de 2024, como uma cidade moderna, com avanços importantes, principalmente, nas áreas de infraestrutura, transporte, mobilidade urbana e turismo, contudo, ainda enfrenta muitos desafios diante de problemas como falta de moradia, fome, violência, entre outros.

Fortaleza 298 anos: a história da vila que se transformou na 4ª maior cidade do país
Foto: Reprodução

Hoje imponente, com seus mais de 2,4 milhões de habitantes, centenas de arranha-céus, ruas e avenidas pavimentadas, sinalizadas, portos e aeroporto modernos, Fortaleza nem de longe se parece com aquela vila fundada em 1726 pelos portugueses que aqui desembarcaram em busca de novas especiarias.

>>>Acompanhe o GCMAIS no YouTube<<<

Nesses quase 300 anos de história, a capital de todos os cearenses enfrentou momentos marcantes e outro emblemáticos como a vaia ao sol diante de uma seca que durava anos, a luta de Dragão do Mar contra o tráfico negreiro, tornando-se um ícone abolicionista, além de se tornar berço de célebres escritores como José de Alencar, criador da eterna Iracema, a “virgem dos lábios de mel” que até hoje inspira e dá nome a diversos espaços da capital.

Mas para entender melhor como Fortaleza chegou até a presente marca de quase três séculos de fundação é preciso viajar no tempo. Inclusive para saber o que inspirou o nome da cidade, para entendermos que ele tem ligação direta com a construção dos fortes ou fortalezas, tanto por parte de portugueses como de holandeses. Vejamos alguns momentos da história de nossa Capital:

Forte de São Tiago

Fortaleza 298 anos: a história da vila que virou cidade

Foto: Reprodução

A história de Fortaleza começa a ser escrita em 1603, quando Pero Coelho de Souza fundou o Forte de São Tiago na Barra do Ceará. A ocupação inicial da cidade, porém, foi realizada por Martim Soares Moreno, capitão português que recuperou e ampliou o Fortim de São Tiago e o rebatizou de Forte de São Sebastião.

Martim Soares serviu até de inspiração para um dos principais personagens do romance Iracema, de José de Alencar.

O processo de ocupação de Fortaleza é considerado tardio, quando comparado às demais capitais litorâneas do Nordeste. Um dos principais motivos era o conflito constante entre os portugueses e as tribos de povos originários da região, como os potiguaras.

A ocupação militar portuguesa no Forte de São Sebastião não impediu a continuidade desses conflitos e nem a invasão de tropas estrangeiras, como a dos holandeses, que invadiram Fortaleza em dois momentos distintos: em 1637, sendo expulsos pelos indígenas poucos anos depois e em 1649, quando ficaram apenas cinco anos com o domínio da região.

Forte de Nossa Senhora da Assunção

Fortaleza 298 anos: a história da vila que se transformou na 4ª maior cidade do país

Foto: Reprodução

Foi na segunda invasão holandesa que, às margens do Riacho Pajeú, foi construído o Forte Schoonenborch, construção fundamental para o início do desenvolvimento urbano da futura capital do Ceará. Após a expulsão dos holandeses, os portugueses mudaram o nome da edificação para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção – daí vem o nome do município.

Ao redor do Forte, foi se formando um povoado. Conforme foi crescendo, Fortaleza foi elevada à categoria de vila, em 1726, e apenas em 1823 virou cidade. O fluxo de imigrantes vindos do interior do Ceará para fugir da seca era intenso, o que acabou gerando um crescimento populacional cada vez maior.

A volta dos portugueses

Tropas sob o comando de Álvaro de Azevedo Barreto tomaram o forte em 1654, sem resistência. O nome do forte foi mudado para Nossa Senhora da Assunção, até hoje padroeira da cidade. Nas décadas seguintes, o povoado ao lado do forte teve lenta expansão. Conforme demonstra Maria Auxiliadora Lemenhe em As razões de uma cidade (1991, Stylus), Fortaleza é exceção na história colonial. As atuais grandes cidades surgidas no período, como Rio de Janeiro ou Belém, eram centro de escoamento da produção para o mercado externo e, também, sede da estrutura militar e burocrática. Fortaleza estava longe da incipiente produção econômica na capitania, ligada à pecuária. E, diante da dependência administrativa, tampouco havia relevância burocrática. Afinal, o Ceará ficou subordinado ao Maranhão entre as décadas de 1620 até a de 1660. E, depois, a Pernambuco, até 1799. A função defensiva, durante longo período, foi a única razão para existir o povoado. Em 1696, o capitão-mor Pedro Lelou estimou a população em cerca de 200 pessoas. A maioria das casas era de palha. Raras tinham telhas.

Vila São José de Ribamar

Em 13 de fevereiro de 1699, ordem da Coroa portuguesa criou a vila de São José de Ribamar, no Ceará. Foi o início de uma longa contenda. A ordem régia não definiu o lugar. O capitão-mor, os soldados e padres – uma incipiente burocracia local – queria mas proximidades do forte. Os proprietários de algumas terras – um arremedo de elite econômica – preferiam Aquiraz.

Houve ao menos quatro mudanças do local. Como aponta o livro Fortaleza: uma breve história, de Artur Bruno e Airton de Farias (2012, Edições Demócrito Rocha), passou por Aquiraz, pelo Pajeú e pela foz do rio Ceará. Até que, em 27 de junho de 1713, então, a vila de São José de Ribamar foi instalada em Aquiraz. Mas, em 18 de agosto do mesmo ano, como desenrolar da chamada “guerra dos bárbaros”, índios anassés atacaram a primeira vila do Ceará. Cerca de 200 pessoas morreram. Os sobreviventes buscaram abrigo no forte do riacho Pajeú, para onde a Câmara foi transferida, diante da insegurança constatada em sua localização original. A violência e o medo novamente atuavam na história de Fortaleza. Em 13 de abril de 1726, foi instalada uma segunda vila.

As duas vilas reivindicavam a denominação de São José de Ribamar. E ambas queriam que a outra fosse suprimida. Em 1728, ordem régia reafirmou que as duas deveriam ser mantidas. Quanto à denominação, com o tempo prevaleceu que uma passou a se chamar Aquiraz e a outra, Fortaleza. Em 1758, foram criadas duas outras vilas no território da atual Fortaleza: Vila Nova de Arronches (Parangaba) e Messejana, atuais bairros da Capital.

Elevação à categoria de cidade

Em 1799, com o desmembramento do Ceará em relação a Pernambuco, Fortaleza foi conformada como Capital. No fim da década de 1810, o forte de Nossa Senhora da Assunção, de madeira e em estado avançado de deterioração, foi reconstruído em alvenaria. Em 1823, a vila foi elevada à condição de cidade, com nome de Fortaleza de Nova Bragança. A denominação não vingou.

Nomes que Fortaleza já teve

1500 – Rostro Hermoso (rosto bonito)
1603 – Nova Lisboa
1611 – Forte de São Sebastião
1649 – Forte Schoonenborch
1654 – Forte de Nossa Senhora da Assunção
1699 – Vila de São José de Ribamar (status e nome reivindicado, em disputa com Aquiraz). Após a elevação definitiva a vila, em 13 de abril de 1726, seguiu-se disputa pelo nome, embora já tivesse ficado consagrada como vila do forte, do Pajeú ou vila da Fortaleza
1823 – Cidade de Fortaleza de Nova Bragança (não vingou)

Leia também | Aniversário de Fortaleza: ônibus circulam com tarifa social neste sábado (13)

WhatsApp do GCMais

NOTÍCIAS DO GCMAIS NO SEU WHATSAPP!

Últimas notícias de Fortaleza, Ceará e Brasil

Lembre-se: as regras de privacidade dos grupos são definidas pelo Whatsapp.