Manifestação faz espiritualidade desse grupo residente no município localizado a 215 quilômetros de Fortaleza.
Tradição dos Tremembés, Torém é ensinado para várias gerações por meio da escola
Na terceira reportagem da Série Povos Originários, o Jornal da Cidade foi até a cidade de Itarema, no litoral norte do Ceará para conhecer o dia a dia dos Tremembés. No local, a equipe presenciou o Torém, manifestação da espiritualidade desse grupo residente no município localizado a 215 quilômetros de Fortaleza.
A dança de roda é conduzida por cantos que relacionam os indígenas à natureza. O ritual é transmitido ao longo das gerações. Para mantê-lo vivo, o costume é incentivado e praticado aos Tremembés desde criança. Na Escola Indígena Maria Venância, o Torém é realizado duas vezes por semana.
“Antes na escola a gente dançava o Torém todos os dias, mas devido a essas influências de outras culturas os alunos começaram a ficar um pouco dispersos e hoje a gente dança o Torém aqui nessa escola duas vezes por semana”,afirma Getúlio Tremembé, diretor da escola.
Educação dos Tremembés
A educação é a base para contribuir na autoafirmação da identidade dos Tremembés, com a valorização das crenças, tradições e costumes da etnia. São sete escolas indígenas no município de Itarema. “É necessário que não apenas o nosso povo valorize essa educação, que foi criada pelo povo, mas é necessário que as políticas públicas criadas pelo governo estadual, federal elas cheguem até nós”,,enfatiza Getúlio Tremembé
A presença do Tremembés no Ceará decorre desde o século XIX além de Acaraú e Itapipoca, a maioria dos indígenas da etnia se concentra em Itarema, ao longo de 5 mil hectares de terra. O mais conhecido aldeamento é Almofala, localizado na região litorânea onde está a praia de mesmo nome, e onde vivem 2 mil habitantes. Seja no litoral ou à margem do Rio Aracati-Mirim, os Tremembés marcam e reafirmam sua existência até os dias de hoje.
“A discriminação não acabou, ainda existe muito, mas hoje está menor, já esteve mais acirrada com a questão da educação, outros projetos da gente isso tem amenizado”, reforça Cacique João Venâncio, líder Tremembé.
É da agricultura de onde vem a subsistência do povo Tremembé. Na casa de farinha, acontece o descasque da mandioca e produção do alimento para consumo nas aldeias. Os indígenas Tremembé se valem de um rico ecossistema dentro do território. A natureza é a fonte de fé e de cura.
“Eu curava pela fé, as vezes eu não sabia nem de tanta reza, mas a reza maior é aquele que surpreende a gente, lá de cima, ele cura tudo. Essa terra é sagrada, o aldeamento do Povo Tremembé, quer queira quer não, essa terra é nossa”, desabafa o Pajé Luis Caboclo,
O povo Tremembé possui os únicos territórios homologados pelo Governo Federal em todo o Ceará: Córrego João Pereira, em Itarema, e Barra do Mundaú, em Itapipoca. Isso foi possível devido ao rápido processo de desintrusão: o pagamento de indenizações a posseiros que ocupavam irregularmente as áreas. Apesar de demarcada, Almofala não recebeu homologação. Ameaças de invasões na área são constantes.
Educação, autoafirmação identitária e organização social são as ferramentas usadas pelo povo Tremembé para conquistar o mais importante dos direitos: o de viver na terra de onde se originaram.
Assista à reportagem completa:
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