Os integrantes de torcida organizada que espancaram dois torcedores em Fortaleza, na última quarta-feira (5), podem ser afastados dos estádios esportivos como forma de punição. Essa é apenas uma das medidas cabíveis após o caso de agressão registrado na Avenida Eduardo Girão, onde dois jovens ficaram gravemente feridos e tiveram que ser internados em uma unidade hospitalar.
Segundo o promotor Edvando França, coordenador do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor) do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), o caso pode acabar com punição para as torcidas e até para o próprio clube, caso seja comprovado que essas pessoas integram uma torcida organizada.
“A torcida pode ficar fora do estádio, não pode fazer festas. O próprio torcedor, o próprio militante ou membro pode ficar afastado, de três meses até três anos afastado, e o clube também pode sofrer sanções, porque o clube também precisa adotar medidas educativas, medidas preventivas, com seus sócios, com sua torcida organizada.”
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Torcedores podem ser afastados dos estádios após agressão
Segundo a Lei Geral do Esporte, o torcedor que for preso em flagrante por cometer atos de violência também responderá por associação criminosa e tumulto. Além disso, ele também deve ser proibido de frequentar arenas esportivas.
Caso o agressor não seja parte de torcida organizada, o caso deve ser tratado como uma ocorrência de violência urbana comum, como as outras que ocorrem na cidade, fora da lei específica para tratar dos torcedores.
SSPDS
Em dias de jogos, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) realiza operações para garantir a segurança dentro e fora dos estádios. A partir desse trabalho, cinco pessoas foram presas tentando acessar a Arena Castelão para assistir a partida entre Fortaleza e CRB. Conforme informado, todos estavam com mandados de prisão em aberto e alguns deles tinham uma extensa ficha criminal.
Edvando França comenta que essas ações diminuíram os casos de violência dentro e no entorno dos estádios, mas pontua também que a Secretaria precisa tomar outras medidas para evitar confrontos em outras áreas da cidade.
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“O monitoramento disso é feito através das próprias redes sociais que eles usam, para marcar alguma coisa. O estudo faz esse monitoramento e o policiamento ostensivo. Existe um estudo, um levantamento preventivo, uma avaliação para que as viaturas possam circular em dias de jogada. Estamos falando de uma capital da magnitude de Fortaleza, então nem sempre vai ser possível chegar a tempo.”
Mãe
A mãe de um dos jovens lamentou o ocorrido com o filho, que teve que dar entrada no Instituto Dr. José Frota (IJF) após as agressões, em estado grave. Ela, que preferiu não se identificar, cobra que os responsáveis sejam punidos.
“Fiquei sem reação, porque uma coisa dessa, principalmente da forma de como aconteceu, com a brutalidade dessa… Porque isso aí não se faz com o ser humano, não. Como foi vários, que todos sejam identificados, para poder a Justiça prender, prender os culpados, fazer pagar.”
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A agressão
Torcedores gravaram vídeo que registra o momento exato da briga. Nas imagens, é possível ver vários homens correndo para participar do espancamento.
A confusão teria iniciado por briga de torcidas do Fortaleza, com o grupo que aparece espancando os dois homens anunciando, nos vídeos, que são da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF). O caso aconteceu na Avenida Eduardo Girão, em direção à Arena Castelão, antes do jogo contra o CRB.
“Agradece a quem pra não morrer? Agradece à TUF, é a TUF”, grita um dos torcedores, enquanto uma das vítimas é espancada. No vídeo, é possível ver quase todos estão usando camisetas ou adereços do Fortaleza Esporte Clube. Em outro trecho, vê-se ainda pelo menos 20 pessoas trafegando em motocicletas.
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Os rapazes foram agredidos a socos, pontapés, pedradas e golpes de capacete, perdendo bastante sangue no processo. Um dos dois, de 25 anos, conseguiu subir em um ônibus que passou pelo local, pelado e ainda totalmente ensanguentado, e o motorista o levou a um ponto em que a vítima pôde ser atendida por socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O outro, de 20 anos, chegou a ficar desacordado e teve que ser socorrido no próprio local da agressão por outra equipe do Samu.
Denúncias
A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia.