O Ceará contabilizou 1.600 mortes violentas em 2024, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS). Esse número inclui os chamados Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI), e contabiliza os dados ainda não consolidados de junho, até o dia 19. Ou seja, as mortes registradas na chacina de Viçosa do Ceará e outros homicídios da última semana não entraram na análise.
Este número já representa um aumento em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2023, foram contabilizados 1.387 casos de mortes violentas. Até maio de 2024, o Ceará já registrava 1.455 casos.
Os homicídios dolosos, quando há intenção de matar, representam 97,13% dos casos. O roubo seguido de morte (latrocínio) aparece em segundo lugar, com 1,51%. A maioria das vítimas são do gênero masculino, compondo 91,59% dos casos.
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Comparativo Anual
Abril de 2024 foi o mês mais violento no Ceará desde novembro de 2020, com 320 assassinatos. O aumento no número de mortes violentas também é evidente nos primeiros quatro meses de 2024 em comparação com anos anteriores:
Em 2021, foram 1.080 mortos entre janeiro e abril.
Em 2022, foram 998 mortos no mesmo período.
Em 2023, de janeiro a abril, houve 947 crimes violentos letais intencionais.
Análise dos Especialistas
O Ceará registrou um aumento de 12% no número de mortes violentas nos primeiros três meses de 2024, comparado ao mesmo período do ano passado. Embora a liderança de grupos criminosos seja um fator relevante, especialistas apontam outras causas.
“Nós temos movimentações de confronto tanto entre grupos já consolidados como a fragmentação desses grupos, o que cria novos problemas e o surgimento de novos grupos, tensionando o cenário e aumentando os conflitos”, explica Luiz Fábio Paiva, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará.
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De janeiro a março deste ano, foram registradas 819 vítimas no estado, incluindo casos de homicídio, feminicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. No mesmo período de 2023, foram 730 casos, indicando um aumento de 12%.
O sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará destaca que a violência está ligada a fatores culturais. “Observamos uma cultura da agressividade que reivindica uma masculinidade baseada na violência. Quando frustrados, muitos indivíduos recorrem à violência como forma de resolver seus problemas”, afirma o especialista.
Os dados utilizados para a construção das estatísticas são oriundos de diferentes fontes. A principal é o Sistema de Informações Policiais (SIP/SIP3W), que inclui procedimentos usuais da Polícia Civil como Boletim de Ocorrência, Termo Circunstanciado de Ocorrência e Inquérito Policial. Para os CVLI, são utilizados também relatórios diários da Coordenadoria Geral de Operações (CGO), Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS) e relatórios de exames cadavéricos da Perícia Forense (PEFOCE). A responsabilidade de reunir, sistematizar e divulgar as informações estatísticas referentes à criminalidade e violência no estado cabe exclusivamente à GEESP/SUPESP.
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