Desde a chacina de Viçosa do Ceará, onde oito pessoas foram brutalmente assassinadas em uma praça pública, o estado do Ceará tem vivido uma sequência alarmante de episódios de violência. Entre a última quinta-feira (20) e domingo (23), foram registrados pelo menos 26 homicídios no Estado, sendo 18 deles apenas no final de semana.
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Um dos casos mais chocantes foi a tentativa de chacina na Areninha do Barroso, em Fortaleza, que resultou na morte de uma criança de 10 anos e uma mulher. O ataque também deixou oito feridos, sendo todos menores de idade.
Em outro incidente, no bairro Maraponga, duas pessoas foram mortas a tiros na frente de uma pizzaria, onde o alvo era um entregador, mas um cliente que morava em frente ao estabelecimento acabou sendo atingido e morreu.
De acordo com o painel dinâmico da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública, de janeiro a maio deste ano, ocorreram 1.455 homicídios no estado, um aumento significativo em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 1.176 homicídios.
Em resposta à crescente violência, o governo estadual anunciou a convocação de novos policiais militares. “O governador determinou imediatamente um reforço financeiro que vai permitir que a gente coloque mais 20% de policiais no patrulhamento através da diária de reforço operacional”, declarou Roberto Sá, titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). “Nós vamos colocar mais 20% de policiais militares e civis para nos ajudar nessa prevenção, na saturação e no policiamento nessas áreas.”
Além do reforço imediato, 437 policiais militares em formação foram destacados para patrulhamento na região de Messejana.
“Eles já estão aptos a fazer esse patrulhamento, armados e acompanhados de um policial mais experiente”, informou a SSPDS. “E hoje, eu acabo de vir do gabinete do governador, onde assinamos a convocação de mais 426 policiais do cadastro de reserva desse concurso, de 1.100 policiais, para iniciarem seu curso de formação.”
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Escalada de violência no Ceará pode estar ligada à disputa territorial e ao tráfico de drogas , diz especialista
Apesar do aumento no efetivo de policiamento, especialistas defendem que ações de inteligência são cruciais para que o estado possa antecipar e inibir ataques criminosos.
“Fundamentalmente, deveria se usar a questão da inteligência para mapear e conhecer o território”, argumentou o sociólogo César Barreira, que é especializado em segurança pública. “Nós sociólogos usamos muito essa máxima: você tem que primeiro conhecer para poder superar.”
O especialista acredita que a escalada de violência no Ceará está ligada à disputa territorial e ao tráfico de drogas entre facções criminosas. “Essas facções estão sempre disputando monopólios dos territórios de tráfico de drogas e de armas. Hoje, cerca de 70% dessas áreas são dominadas pelas facções”, explicou.
Em nota, a direção do Instituto Doutor José Frota informou que cinco das oito crianças e adolescentes feridos durante o ataque no bairro Barroso seguem em tratamento no hospital.
Um menino de oito anos, ferido na cabeça, está na UTI pediátrica. Dois adolescentes de 15 e 16 anos se recuperam de cirurgias de emergência, enquanto uma menina de 11 anos está na enfermaria pediátrica e um garoto de 10 anos permanece em observação na emergência.
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