Estudiosos destacam uma relação direta entre a atuação de facções criminosas no Ceará e o alarmante aumento da violência no estado. Dados da Secretaria da Segurança Pública, colhidos entre o início do ano e o dia 19 de junho, revelam que o Ceará já registrou mais de 1.600 mortes violentas, um número que preocupa as autoridades locais.
Os estudos do Atlas da violência, referentes ao ano de 2022, indicam que quatro grupos criminosos operam no estado, agindo como verdadeiras “indústrias do crime”, conforme explicado o sociólogo Raul Thé: “Há um escalonamento da violência e dos lucros, onde alguns são vítimas enquanto outros lucram em seus ‘palácios de poder'”.
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Em um relato exclusivo, um morador de Fortaleza, que preferiu não se identificar, mapeou as áreas controladas por cada facção na cidade. O bairro José Walter está dividido entre duas delas, uma do Rio de Janeiro e outra local. No Janguru Sul, predominam dois grupos locais. Já a Messejana está fracionada entre um grupo criminoso do Rio, um local e outro de São Paulo.
Nos últimos anos, a violência tem se intensificado, com confrontos frequentes entre as facções pelo controle de territórios estratégicos. No Barroso, por exemplo, há uma disputa entre o braço da facção do Rio e um grupo dissidente, o que pode ter resultado nas recentes tentativas de chacina.
Os estudos sobre o tema ressaltam que as facções criminosas ganharam força no Ceará a partir de 2010, atraindo jovens de gangues locais.
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Diante desse cenário alarmante, o estado enfrenta um aumento significativo nos índices de criminalidade, especialmente relacionado ao tráfico de drogas e armas. “Essa dinâmica é complexa e está ligada às condições socioeconômicas e às políticas de segurança pública”, afirma Fernanda Mamede coordenadora do Núcleo de Apoio às Vítimas de Violência Urbana da Unifor.
“Todos esses grupos estão nascendo sob a custódia do Estado. Então, pessoas que deveriam estar participando de um processo de ressocialização, elas estão tendo que se vincular a esses grupos e que estão crescendo dentro do sistema penitenciário”, explica.
“Então, eu tô colocando essas pessoas lá, mas eu não estou cuidando de uma ressocialização dessas pessoas. E eu também não estou cuidando de quem está aqui fora. Se nós não entendermos esse movimento como um movimento estrutural, a gente não vai conseguir superar em nenhum momento ou em qualquer medida essa dinâmica, que eu acredito que tem uma tendência a crescer”, conclui Mamede.
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