REPORTAGEM

Série “Divercidade”: como lidar com o preconceito contra pessoas LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho

Murilo Gonçalves e Silvinha Cavalleir são exemplos de luta e resistência pelo respeito

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26 de junho de 2024
Portal GCMAIS

Na semana em que se comemora o dia do Orgulho LGBTQIAPN+,  o Jornal da Cidade exibe a série “Divercidade” para discutir as dificuldades e conquistas enfrentados pela comunidade. Na primeira reportagem, o assunto é mercado de trabalho, onde muitas vezes as oportunidades são reduzidas e a sexualidade é levada em conta por causa do preconceito, o que não acontece com uma pessoa heterossexual.

Série “Divercidade”: como lidar com o preconceito contra pessoas LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho
Foto: Reprodução

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Murilo Gonçalves, advogado e professor universitário de 35 anos, viveu uma transição de gênero que começou em 2018. Murilo, que sempre soube que não se identificava com o gênero atribuído ao nascimento, encontrou a coragem e segurança necessárias para iniciar oficialmente sua transição apenas aos 30 anos.

“Eu só fui realmente tomar a decisão daquilo que já experimentava no meu íntimo em 2018, já com 30 anos, já formado em direito, já mestre em direito, já inserido no mercado de trabalho. Então, essa transição foi uma decisão talvez muito mais autônoma e que eu realmente consegui ali”, relatou Murilo.

Apesar do grande preconceito em torno da transexualidade, que pode ocorrer em diversos ambientes como em casa, na escola, na faculdade, na religião, na comunidade e no mercado de trabalho, Murilo teve uma experiência mais positiva. Ele relata que a alteração de sua identidade foi um processo gradual e que foi uma grande conquista se tornar o primeiro homem trans a ter a identidade de gênero oficialmente reconhecida pela OAB Ceará.

“Você recebe essa nova certidão de documento e aí começa o trabalho de formiguinha. Qualquer pessoa, se parar para pensar em quantos documentos oficiais dispõe, nós temos vários: RG, CPF, carteira de trabalho, passaporte. Essa alteração é automática? Não. Você tem que alterar documento por documento em todos os órgãos. Até hoje nem ajeitei meu passaporte. Mas a gente precisa pensar que a transição também não se aperfeiçoa pelo nome. Há pessoas trans que preferem manter a alcunha que já tinham anteriormente.”

Murilo também destacou que a transição de gênero foi tratada de forma respeitosa tanto pelos clientes do escritório de advocacia quanto em outros ambientes profissionais. Para ele, a maior conquista foi olhar no espelho e se reconhecer.

“Muito feliz com a minha escolha, sou muito realizado. Acho que tomei a decisão no momento em que eu estava fortalecido para isso. É muito importante que as crianças e os jovens que pensem sobre isso reflitam, que os pais conversem, que procurem centros de saúde mental para o diálogo sobre isso.”

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Série “Divercidade: Silvinha e os desafios e conquistas de uma mulher trans

Em contraste, Silvinha Cavalleire, uma mulher trans, enfrentou muito preconceito para conquistar seu espaço no mercado de trabalho. Desde criança, Silvinha já não se reconhecia no gênero atribuído ao nascimento e precisou enfrentar a família e a sociedade para ser quem realmente é.

“As bonecas, as novelas, as cores ditas para meninas como rosa, vermelho, roxo… Então tudo era muito diferente pra mim e desde muito pequena todas as pessoas adultas ao meu redor percebiam que eu não me identificava com nada de menino e procuravam me doutrinar para gostar das coisas de menino, de futebol, de carrinho, de roupas… mas não, por mais que insistissem, eu não conseguia.”

Ao ingressar na faculdade aos 16 anos, Silvinha começou a enfrentar os primeiros desafios como mulher trans e passou a batalhar pelos direitos da comunidade LGBT+. Ela percebeu que sua luta não podia ser apenas pessoal, mas precisava ir além, para beneficiar toda a coletividade.

“Eu percebi que lutar vale a pena, então não podia encerrar minha luta só com os meus objetivos pessoais. Eu precisava ir além para ter essas conquistas para o coletivo, para a coletividade.”

Silvinha destaca que o preconceito em torno da transexualidade, que começa ainda na infância, não só gera consequências emocionais, mas também falta de oportunidades e problemas na colocação profissional.

“Comumente você vai ter pessoas LGBT+, sobretudo pessoas trans empregadas, mas não em espaços de visibilidade. Então, a gente continua ficando invisível, mesmo sendo trabalhadoras e trabalhadores formais.”

As histórias de Murilo e Silvinha ilustram tanto os desafios quanto as conquistas das pessoas trans em diferentes contextos, destacando a importância de apoio, visibilidade e respeito para a construção de uma sociedade mais inclusiva.

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