O renomado crítico de cinema Pedro Martins Freire lançou a primeira edição de sua obra literária intitulada “Os Filmes Proibidos e Censurados na História do Cinema”. O livro, dividido em quatro volumes, abrange filmes que foram alvo de censura ao longo de 130 anos de história cinematográfica. O autor compartilhou detalhes do projeto e insights sobre a censura no cinema durante uma entrevista à Jovem Pan News Fortaleza, destacando como a censura influenciou o cinema desde o seu nascimento.
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Pedro Martins Freire, que possui uma longa carreira como crítico de cinema, explicou que a motivação para escrever o livro surgiu de sua paixão pelo cinema e pela curiosidade sobre a censura. “É um trabalho de, basicamente, uma vida toda”, disse. Ele começou a escrever sobre cinema aos 18 anos e tem uma vasta experiência como crítico, além de ser formado em cinema pela Cinemateca Duman. Freire também foi responsável por reviver o conceito de Cinema de Arte em Fortaleza, trazendo filmes que exploravam temas mais ousados e controversos.
A censura no cinema, como Freire descreve, não é um fenômeno recente. Segundo ele, a censura existe desde o início da civilização e ganhou um capítulo especial na história do cinema. A primeira edição do livro, intitulada “Do Silêncio ao Som”, cobre os anos de 1890 a 1899, uma época em que a indústria cinematográfica estava apenas começando a se estabelecer.
“O cinema começou com filmagens bobas nas ruas, mas logo passou a registrar cenas que incomodavam os conservadores, como as apresentações de bailarinas e lutas de boxe, onde os negros frequentemente derrotavam os brancos, o que gerou uma forte reação negativa na época,” explicou.
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Pedro Martins Freire
Freire relata que a censura inicial no cinema não seguia um padrão específico e era frequentemente motivada por preocupações sociais e morais. Filmes que mostravam mulheres com tornozelos à mostra, lutas de boxe entre negros e brancos e até mesmo produções com temas religiosos, como a vida de Jesus Cristo e Santo Antônio, foram barrados devido à pressão de grupos conservadores.
Pedro Freire aponta que o Estado e as instituições religiosas desempenharam papéis cruciais na imposição de censura. Na época, filmes religiosos, como “A Vida de Jesus Cristo”, foram censurados por motivos aparentemente triviais.
“No filme de Jesus, a questão era uma simples camisa de linho que Cristo usava. Já no filme de Santo Antônio, uma mulher nua em um sonho gerou controvérsia,” detalhou, ressaltando como a censura muitas vezes se baseava em padrões morais conservadores.
Freire também destaca a contribuição fundamental de Jean Boullier, um nome pouco reconhecido na história oficial do cinema, como o verdadeiro inventor das máquinas que capturam imagens em movimento, vendidas posteriormente aos famosos irmãos Lumière devido à falta de recursos financeiros para patentear suas criações.
A obra é resultado de uma pesquisa extensa que começou nos anos 80, quando Freire começou a coletar dados sobre a censura no cinema. O autor visitou países como os Estados Unidos e França para entrevistar autores e obter materiais originais sobre a história do cinema.
“Esse livro é para quem quer conhecer o cinema em sua essência, principalmente a parte obscura da censura, que moldou tanto o que vemos nas telas quanto o que não chegamos a ver”, explicou Freire.
O primeiro volume de “Os Filmes Proibidos e Censurados na História do Cinema” já está disponível na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, no RioMar, e também na Amazon, tanto na versão impressa quanto digital. O autor assegura que o livro oferece uma análise minuciosa dos filmes censurados e é ideal para cinéfilos e estudiosos que buscam um entendimento mais profundo sobre a evolução do cinema e sua relação com a censura.
Planos futuros
Os volumes seguintes prometem continuar a exploração das décadas subsequentes, com o segundo volume cobrindo os anos 1900 a 1909, previsto para lançamento entre setembro e outubro. Freire adianta que a censura durante a época da ditadura no Brasil será abordada em edições futuras, prometendo uma análise crítica e detalhada das intervenções políticas e sociais que impactaram o cinema nacional e internacional.
“Estou revisando o volume 4 e, assim que o segundo volume sair, estarei de volta para discutir ainda mais sobre este tema fascinante”, concluiu Freire.
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