Pesquisa indica que cerca de 98% das cidades cearenses têm focos de Bicho-de-pé
Somente este ano, 31 pessoas foram atendidas em postos de saúde em Fortaleza devido à Tungíase
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13 de agosto de 2024
Portal GCMAIS
O Ceará está enfrentando um aumento significativo nos casos de Tungíase, popularmente conhecida como Bicho-de-pé. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), 98% das cidades cearenses têm registrado focos da doença, com a maior incidência ocorrendo na região costeira do estado.
A Tungíase é causada pela pulga Tunga penetrans, que penetra na pele para se alimentar de sangue. O parasita costuma habitar em áreas arenosas e quentes. Segundo a pesquisa, dos 184 municípios do Ceará, 181 apresentam focos da doença.
A Tungíase é uma doença focal, o que significa que ela ocorre de forma localizada, mesmo dentro de um mesmo município. “Ela pode ocorrer em comunidades com condições de vida precárias, como favelas e assentamentos”, explica Jorg Heukelbach, professor de pós-graduação da Universidade Federal do Ceará. “Por exemplo, em Fortaleza, na Aldeota, não há casos, mas em áreas vizinhas, como morros e comunidades rurais, a situação já é mais preocupante.”
Somente este ano, 31 pessoas foram atendidas em postos de saúde em Fortaleza devido à Tungíase. Os especialistas recomendam buscar assistência médica para a remoção da pulga e para evitar complicações, como infecções bacterianas secundárias. “É super importante procurar assistência médica para remover a pulga, e o uso de antisséptico local pode ajudar a prevenir infecções”, orienta Raíla Macedo, dermatologista.
Embora considerada uma doença simples, a tungíase pode levar a complicações graves, incluindo mutilação e até óbitos, se não tratada adequadamente. “Há casos de óbitos direcionados a essa causa, e a ocorrência de infecções secundárias, como o tétano, também é uma preocupação”, alertou o biólogo Nathiel Silva.
Os pesquisadores esperam que os dados coletados ajudem a formular políticas públicas mais eficazes para o controle da doença. “84% dos municípios receberam relatos de casos graves, com complicações e infecções secundárias. Nosso foco é desenvolver um programa direcionado aos mais vulneráveis e planejar intervenções baseadas nas evidências que encontramos”, concluiu Heukelbach.