Na sexta-feira passada, um trágico acidente envolvendo um avião da Voepass em São Paulo deixou 62 mortos, reacendendo o medo dos passageiros em relação à segurança aérea. Apesar de a aviação ser um dos meios de transporte mais seguros, tragédias como essa podem impactar a confiança dos viajantes.
A recente trágedia aérea, fez com que algumas pessoas recordassem momentos de terror já vividos durante voos. Entre eles está a empresária Francileide de Carvalho, que recorda com intensidade o medo que passou há 32 anos quando o avião em que estava, a caminho de Canto do Buriti, no interior do Piauí, teve que realizar um pouso de emergência devido à falta de combustível.
“O avião avisa na hora que o combustível está acabando. Quando começou a apitar, que a gente se preparou para cair, foi quando o meu marido avistou uma estrada. Aí foi que respiramos, foi uma luz no fim do túnel pra gente. O avião deu mais uma levantadazinha, aí seguimos, voamos até a estrada e o avião entrou na estradazinha estreita e sobrevivemos por isso,” relatou Francileide.
>>>Clique aqui para seguir o canal do GCMAIS no WhatsApp<<<
Um ano depois, a empresária enfrentou uma situação semelhante em outro voo. “Era o contrário, já era voltando, não tinha combustível até Teresina, nós estávamos nessa fazenda em Canto Buriti e o piloto avisou para o meu marido que não tinha combustível até Teresina. Quando o avião começou a apitar que não tinha mais combustível, aí ele foi, a única solução foi fazer o pouso forçado na BR”, recorda.
Com o recente acidente da Voepass, Francileide não pôde evitar recordar os momentos de pânico vividos. “Todas as vezes que eu vejo um avião que cai, que as pessoas morrem, hoje depois de mais velha, eu fico emocionada porque hoje sim eu percebo o perigo que eu passei. Hoje eu sei o quanto a minha vida foi”
O acidente com a aeronave da Voepass está sendo investigado pelo CENIPA, que analisa os dados das caixas pretas. Segundo Rômulo Mesquita, piloto e especialista em aviação, apesar das hipóteses sobre as causas, é necessário aguardar a conclusão das análises.
>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<
“Como se diz nos vídeos, nas hipóteses, realmente a formação de gelo pode sim ter sido um fator contribuinte, porque a formação de gelo altera o perfil aerodinâmico da asa do avião, perturba o escoamento do ar na asa do avião, prejudicando a sustentação e, consequentemente, o avião entrando no stall, a perda de sustentação. Mas, realmente, só a perícia que vai poder concluir, a perícia do SENIPA, vai poder concluir esse relatório final para descrever todos os fatores contribuintes. Falar que foi somente a questão da formação de gelo, somente os peritos podem dizer isso. Então existem realmente essas hipóteses, essas suposições, mas a gente não pode dizer que exatamente foi isso que aconteceu com o voo da Voipass,” explica.
Ele também destaca que, dado o estado crítico do avião, um pouso de emergência seria extremamente desafiador. “Pelo que nós vimos do avião da Voepass, aquele parafuso chato é muito difícil. O avião está girando 360 graus em torno do seu próprio eixo, então ele fica praticamente incontrolável. Mas em outras condições, apenas um stall, um outro parafuso mais simples ou realmente um pouso de emergência e que o avião esteja em situações de controle, aí sim a gente tem que procurar um lugar onde a gente vai pousar em emergência, porque o objetivo final é realmente salvar vidas das pessoas.”
Apesar dos riscos, pilotos e comissários são rigorosamente treinados para lidar com emergências. Os passageiros também devem prestar atenção às instruções de segurança fornecidas pela tripulação.
Leia também | Mulher que vinha de Goiânia em posse de 4 kg de drogas é presa no Cariri
“Tem que pensar sempre em primeiro lugar em uma situação de emergência e quais ações têm que ser tomadas. Os pilotos e comissários de voo são muito treinados para isso. Essa é a nossa especialidade, inclusive aqui na escola, nós treinamos os comissários de voo para entender todas as situações de emergência a bordo e transmitir para os passageiros as devidas ações a bordo da aeronave. Antes de todos os voos, os comissários demonstram todas as situações de emergência que podem acontecer, e os passageiros realmente têm que prestar muita atenção e seguir corretamente aquelas instruções,” concluiu Mesquita.
>>Acompanhe o GCMAIS no YouTube<<<