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Eleição de Fortaleza será a primeira dos últimos 12 anos a não ter mulher encabeçando chapa

Eleição de Fortaleza será a primeira dos últimos 12 anos a não ter mulher encabeçando chapa

Foto: reprodução

Em Fortaleza, a eleição de 2024 marca um ponto inédito: pela primeira vez em 12 anos, a cidade não contará com mulheres na disputa pela Prefeitura. Embora o número de candidatas femininas postulantes ao cargo de vice-prefeita neste ano seja superior ao de homens, nenhuma mulher está concorrendo à cabeça de chapa para o Executivo Municipal.

A cientista política Mariana Dionísio, especialista em gênero e política, atribui a baixa representatividade a diversos fatores estruturais. “Os partidos políticos reproduzem esse machismo estrutural, essa exclusão da participação feminina”, aponta. Ela acrescenta que o baixo investimento em candidaturas femininas também contribui para o problema. “O partido usa o fundo partidário de acordo com os cabeças de chapa e as coligações que têm mais interesse. E as mulheres, infelizmente, não estão nesse mesmo panorama”, observa.

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Além disso, a cientista política destaca uma falta de representatividade social que agrava a situação. “Existe socialmente uma falta de representatividade de mulheres em posições de poder e decisão”, afirma.

A legislação eleitoral brasileira, que aderiu a cota de gênero no final da década de 1990 e tornou-a obrigatória em 2009, se concentra nas candidaturas a cargos proporcionais, como câmaras municipais e assembleias. De acordo com a norma, partidos e federações devem garantir pelo menos 30% de candidaturas femininas.

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Ausência de mulheres na eleição para prefeito em Fortaleza

No entanto, a ausência de diretrizes específicas sobre a alocação dessas cotas e a distribuição do fundo partidário possibilita que as mulheres sejam frequentemente posicionadas em cargos menos visíveis, como o de vice-prefeita.

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“Quando o Tribunal Superior Eleitoral determinou os 30% de cotas para mulheres, não especificou como essas cotas deveriam ser preenchidas”, explica Mariana Dionísio. “Colocar essas mulheres como vices é uma maneira de atender à demanda do Tribunal Superior Eleitoral sem grande desgaste político, ao mesmo tempo em que retira essas mulheres da visibilidade maior da campanha”.

Apesar dos avanços realizados ao longo dos anos, a cientista política ressalta que ainda há um longo caminho a percorrer. “Dar visibilidade a essas mulheres é um grande passo, mas também estimular essas mulheres a se envolverem mais com a política é essencial para reduzir a falta de representatividade”, conclui.

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