O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 12, em queda de 0,56%, a R$ 5,6182. O dia foi marcado por ganhos de divisas emergentes e valorização de mais de 2% das cotações de petróleo e minério de ferro. Pela manhã, a moeda americana até ensaiou uma alta no mercado local e tocou máxima a R$ 5,6766, em meio à cautela com o quadro fiscal doméstico apesar da aprovação da reoneração gradual de folha de pagamentos pela Câmara dos Deputados.
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Ao longo da tarde, o dólar se firmou em queda, em sintonia com o exterior, e registrou mínima a R$ 5,6152. O real apresentou, porém, desempenho inferior a de seus principais pares, como os pesos mexicano e chileno, que exibiram ganhos superiores a 1%. Operadores afirmam que o mercado local se mantém na defensiva, o que se reflete em liquidez reduzida e pouco espaço para a apreciação do real. A manutenção da taxa de câmbio acima do nível de R$ 5,60 reflete prêmios de risco associados ao ceticismo com o cumprimento das metas fiscais e a dúvidas sobre a condução da política monetária.
Investidores já ajustam posições à espera da “super quarta”, no dia 28, com decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos. Dados de inflação ao produtor americano em agosto e de pedidos de semanais de auxílio-desemprego em linha com as expectativas pouco mexeram com as apostas para a decisão do Federal Reserve. Monitoramento do CME Group mostra que as chances de corte de 25 pontos-base se mantiveram acima de 80%.
Pela manhã, o Banco Central Europeu (BCE) cortou suas taxas de juros em 25 pontos-base, como esperado, mas a presidente da instituição, Christine Lagarde, alertou para repiques de inflação até o fim do ano e manutenção de juros restritivos. Isso levou a um fortalecimento do euro, o que, por tabela, derrubou o índice DXY.
Por aqui, o resultado acima do esperado de vendas no varejo em julho reforçou a projeção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dê início, na semana que vem, a um ciclo de alta da taxa Selic, com as apostas de economistas convergindo para uma elevação inicial de 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano. Já entre os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), a expectativa de aperto de 50 pontos pelo Copom na próxima semana ganhou espaço.
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Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, a combinação de uma postura gradualista tanto do Fed quanto do BC não traz um aumento do diferencial de juros interno e externo em magnitude suficiente para desencadear um movimento sustentável de apreciação do real. Ele observa que, diante da desancoragem das expectativas de inflação e da percepção cada vez maior de crescimento da dívida pública, a despeito da expansão do PIB, aumentam os prêmios de risco embutidos nos ativos locais.
“A arrecadação com as medidas de ampliação de receita está abaixo do esperado. O mercado já sabe que o governo não vai cumprir as metas fiscais. Com esse quadro, para o dólar cair de forma sustentável só se o BC der um choque nos juros, com alta de 0,50 ponto ou até de 0,75 ponto, o que não vai ocorrer”, afirma Velho, acrescentando que a sazonalidade é desfavorável para o fluxo cambial e que há cada vez mais demanda de empresas e investidores por hedge.
A Câmara dos Deputados concluiu hoje a votação do projeto de lei que prevê a reoneração gradual da folha de pagamentos de 17 setores da economia e de municípios, além das medidas para compensar a renúncia fiscal. Houve polêmica e ajuste de redação no texto para incluir valores esquecidos em instituições financeiras como recursos que podem ser usados para cumprimento da meta de superávit primário.
Operadores relataram que houve certo desconforto com a notícia, veiculada pelo G1, de que o governo pretende criar um auxílio emergencial para pescadores atingidos pela seca. Segundo o ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, está em estudo uma forma de antecipar o seguro defeso, com atendimento a mais de 90 mil pessoas durante dois meses.
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