Mesmo com o fim da greve do INSS em boa parte do país, no Ceará a paralisação persiste, afetando diretamente quem depende dos serviços do Instituto. Já são três meses de negociação sem acordo definitivo, o que tem causado transtornos e dificuldades para os beneficiários, que reclamam da falta de atendimento tanto presencial quanto pelos canais digitais.
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O aposentado José Francisco Gomes, por exemplo, está tentando resolver um problema com o INSS há mais de 20 dias. Segundo ele, após inúmeras tentativas de contato por telefone, pelo aplicativo e visitas à agência central de Fortaleza, ainda não obteve nenhum retorno concreto. “Todo dia que eu chego aqui não tem uma solução. É só você ligar 135, que você faz o agendamento e resolve alguma coisa, mas só que não resolve nada”, desabafou.
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A situação se repete com Maria Francisca, outra aposentada que frequenta a agência regularmente na tentativa de resolver um desconto indevido em seu benefício. Sem sucesso, ela relata as dificuldades para acessar os serviços do INSS, já que, segundo ela, o telefone 135 não conclui o agendamento e o uso do aplicativo também é inviável. “Quem ganha um salário mínimo não tem condições de comprar um smartphone para entrar em qualquer aplicativo. E o 135 não conclui o agendamento. Então a gente fica no mato sem cachorro, sem saber o que fazer. Aí mandam para uma lan house, quer dizer, eu tenho que pagar para agendar um serviço que é direito meu”, lamenta.
Greve e reivindicações
O movimento grevista, que já dura três meses, completa 90 dias em 16 de outubro. De acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenaspes), o governo federal se recusa a reabrir negociações, após duas entidades ligadas à CUT assinarem um acordo sem o consentimento da maioria da categoria. Esse acordo prevê reajustes salariais de 9% em janeiro de 2025 e 9% em abril de 2026, além da reestruturação da carreira.
Mesmo assim, aproximadamente 30% dos servidores continuam em greve nas gerências do Ceará, localizadas em Fortaleza, Juazeiro do Norte e Sobral. Apesar disso, as agências seguem funcionando, mas com atendimento reduzido, segundo os próprios funcionários. “Tem 30% ou 40% em greve. O que você não nota muito no atendimento, porque o atendimento está sendo preservado nas unidades que têm perícia médica. E a maioria dos servidores estão no teletrabalho, na análise. E essa análise, a produção, como eu já disse, caiu de 30% a 40% no Nordeste”, detalha um representante dos servidores.
Deborah Vidal, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Sinprece) e da Fenasps, também destaca a pressão que os grevistas vêm enfrentando. “Nós estamos em greve há 90 dias. Desde o dia 16 de julho nós estamos em greve. Já estão cortando o salário de novo e a gente continua em greve”, afirmou.
Posicionamento do INSS
Em nota, o INSS informou que, em todo o Brasil, apenas 63 servidores permanecem paralisados, e que somente uma entidade, a Fenaspes, não assinou o acordo com o governo. O Instituto afirma que, nas regiões onde a greve ainda persiste, os atendimentos continuam sendo realizados, mas com possíveis reduções na capacidade de resposta.
Sobre as dificuldades enfrentadas pelos beneficiários para agendar atendimentos via telefone ou aplicativo, a assessoria de imprensa do INSS garantiu que os sistemas estão funcionando normalmente e que os problemas relatados podem ter sido causados por um congestionamento pontual devido ao horário de pico. O número 135, responsável pelos agendamentos e informações, funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h.
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