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Por que a criança que matou animais em hospital veterinário no Paraná não pode ser punida?

Por que a criança que matou animais em hospital veterinário no Paraná não pode ser punida?

Foto: Reprodução

Uma criança de 9 anos invadiu a fazendinha de um hospital veterinário e matou 23 animais de pequeno porte, na noite de domingo, 13, em Nova Fátima, no interior do Paraná, um dia após evento realizado no Dia das Crianças para marcar a inauguração do espaço. Embora seja crime maltratar animais, o menino não pode ser responsabilizado criminalmente em razão da idade, conforme a Polícia Civil do Estado. A família não foi localizada, pois a identidade do menino não foi divulgada.

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“Como uma criança de 9 anos é a autora, não há implicações criminais. O boletim de ocorrência e outras informações foram repassados ao Conselho Tutelar”, afirmou a polícia nesta quarta-feira, 16.

Por que essa criança que matou os animais não pode ser punida?

De acordo com Rafael Paiva, advogado criminalista, pós-graduado e mestre em Direito, ela é considerada inimputável, segundo a Constituição Federal do Brasil, que estabelece o início da responsabilização penal a partir dos 18 anos.

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“Assim, por ser menor de idade, ela não pode sofrer nenhuma punição criminal. Como tem menos de 12 anos, nem sequer se submete ao que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (para punições de atos infracionais), afirmou ele.

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, a partir dos 12 anos, o que aconteceria?

“O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que apenas pessoas com 12 anos ou mais podem ser responsabilizados por atos infracionais. Portanto, a lei não prevê qualquer sanção para os menores de 12 anos, como nesse caso”, afirma Enzo Fachini, advogado, mestre em Direito pela FGV.

Nesse caso, seria submetida a uma medida socioeducativa de internação na Fundação Casa. “No Paraná, esses centros de internação são chamados apenas de Centros de Socioeducação”, complementa Paiva.

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O que deve acontecer com a criança?

Conforme a Polícia Civil do Paraná, o boletim de ocorrência e outras informações foram repassados ao Conselho Tutelar.

Segundo Fachini, o foco do Conselho Tutelar é o bem estar da criança. “Quando o Conselho Tutelar é acionado, significa que será realizada avaliação do contexto social da criança, e serão determinadas medidas necessárias para proteger e orientar a criança e sua família.”

São medidas que não têm caráter de repressão. “O Conselho Tutelar foi acionado para identificar e encaminhar a criança, que tem apenas 9 anos, bem como os responsáveis, para os programas adequados, tais como tratamentos psicológicos e psiquiátricos, dentre outros, uma vez que a criança não pode ser submetida à medida socioeducativa”, reforça Jenifer Moraes, mestre em Direito Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

“Entendo que o juiz da Vara da Infância deve ser acionado para decidir sobre quais medidas de proteção adicionais podem ser aplicadas a essa criança. Na prática, significa aquilo que levantamos: não haverá nenhum tipo de responsabilização a essa criança”, acrescenta Paiva.

Como ocorreu o ataque aos animais

Conforme a Polícia Militar, a criança mora com a avó e não tinha histórico de violência. Em conversa com os policiais, ele deu detalhes de como havia praticado as ações. Para entrar no recinto, ele pulou o cercado. Assim que soube do ocorrido, o veterinário do hospital acionou a polícia. Ao chegar ao local, os policiais encontraram os animais mortos, alguns deles esquartejados. Eram principalmente coelhos e porquinhos-da-índia.

O menino estava presente na inauguração da fazendinha, com um grupo de crianças, no sábado, dia anterior, mas voltou ao local na noite do dia seguinte para atacar os animais.

A dona da fazendinha examinou as imagens das câmeras de vigilância e se surpreendeu ao ver a criança chutando os bichos. Ele ficou cerca de 40 minutos no local. Alguns animais foram arremessados contra a parede e outros tiveram as patas arrancadas.

A veterinária Brenda Rocha Almeida Cianciosa e o também médico veterinário Lúcio Barreto, sócios do hospital veterinário, gravaram vídeo nas redes sociais no qual se pronunciaram sobre o episódio em uma entrevista. “Foi muito triste. Eu cheguei aqui e vi todos os animais jogados no chão”, disse Brenda.

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