O crime ocorreu na casa do acusado, no bairro Varjota, após uma discussão sobre o preço cobrado pelos serviços da vítima
Justiça do Ceará aceita denúncia contra garçom que matou garota de programa em Fortaleza
A Justiça do Ceará aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) contra o garçom Antônio Carlos Sousa Pereira, acusado de matar a garota de programa B.G.S, Bruna Gonçalves, de 30 anos, no dia 26 de outubro deste ano. O crime ocorreu na casa do acusado, no bairro Varjota, em Fortaleza, após uma discussão sobre o preço cobrado pelos serviços da vítima.

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A denúncia, apresentada pela 109ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, classifica o caso como feminicídio não íntimo, pois o acusado e a vítima não tinham relação anterior. Segundo o MP, o crime foi cometido com extrema crueldade, utilizando uma faca de cozinha, e a vítima sofreu múltiplos ferimentos sem possibilidade de defesa.
O caso integra o programa “Tempo de Justiça”, que tem como meta julgar crimes de feminicídio em até dois anos. A iniciativa é uma parceria entre o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social e a Vice-Governadoria do Ceará.
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O crime
Na manhã do crime, moradores ouviram gritos e acionaram a Polícia Militar, que encontrou Bruna já sem vida e o suspeito com sangue nas mãos e roupas enquanto tentava fugir. Ao ser detido, Antônio Carlos confessou o crime, afirmando que agiu “por impulso e medo”.
Segundo o relato do suspeito à polícia, ele havia marcado o encontro com Bruna por um site de acompanhantes e, após o programa, ela teria cobrado R$ 400, em vez dos R$ 350 acordados. Sem o valor em mãos, ele teria tentado pedir emprestado, sem sucesso, e afirmou que foi ameaçado por não poder pagar. Antônio Carlos declarou que, temendo por sua vida, pegou uma faca e atacou Bruna várias vezes.
O que diz a defesa
A defesa de Antônio Carlos Sousa Pereira, preso após ser vinculado a um ato criminoso ocorrido em 26 de outubro de 2024, divulgou nota pública com explicações sobre o caso. O comunicado diz que Antônio Carlos “não tem nenhum histórico de agressividade” e “nunca agrediu uma mulher em toda sua vida”. A defesa afirma que ele conheceu a jovem Bruna Gonçalves apenas algumas horas antes do ocorrido, por meio de um site de acompanhantes de luxo.
De acordo com o relato, Bruna teria chegado à residência de Antônio Carlos em um carro de aplicativo e levado cocaína para ser consumida por ambos. A defesa argumenta que o uso da substância causou “distorção profunda na percepção” do acusado, levando-o a um estado de alucinação. “Naquele dia, não ocorreu nenhuma relação sexual, e o que deve ser esclarecido em juízo é que o ocorrido se deu por causa de uma possível cobrança do valor da droga fornecida pela vítima ou se ocorreu por divergência no valor do programa”, diz o texto.
A nota também aponta que, antes das agressões, Bruna teria realizado uma chamada de vídeo com uma colega desconhecida, durante a qual proferiu ameaças ao acusado. “Ela informava que iria matar Antônio Carlos e o humilhou, chamando-o de pobre e que sua casa era de pobre, tudo após saber que faltava parte do dinheiro para completar o valor cobrado pelo programa”, diz a defesa.
Os advogados destacam que o réu está em estado de choque no presídio e tem colaborado com as investigações desde o ocorrido. “Desde o ocorrido, ele se colocou imediatamente à disposição das autoridades policiais e tem colaborado com a apuração da verdade, solicitando as diligências necessárias à elucidação dos fatos e consequente busca pela justiça.”
A juíza da 5ª Vara do Júri determinou que a Perícia Forense do Ceará (Pefoce) inclua no processo os laudos toxicológicos do acusado e da vítima. A defesa afirma confiar na apuração dos fatos e acredita que a verdade será esclarecida em juízo.
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