Wladimir Matos Soares, policial federal preso pela Operação Contragolpe, atuava na segurança do hotel onde a equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atuava e é acusado de usar sua posição para repassar informações privilegiadas sobre a segurança do presidente Lula durante o período de transição do governo. Segundo a Polícia Federal (PF), Soares transmitia dados estratégicos para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com as investigações, Wladimir Soares enviava informações sobre a movimentação do presidente eleito e de sua equipe para integrantes próximos ao governo Bolsonaro. Uma mensagem interceptada pela PF, enviada a Sérgio Cordeiro, então assessor especial da Presidência da República, em 13 de dezembro de 2022, revela a comunicação constante entre os dois. Na mensagem, Soares relatou a presença do Comando de Operações Táticas (COT) no hotel Meliá, onde Lula estava hospedado, como parte da segurança após a tentativa de invasão à sede da PF no dia anterior.
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Além disso, a investigação aponta que Soares usava sua proximidade com Cordeiro para buscar informações sobre membros da equipe de transição, incluindo detalhes sobre Misael Melo da Silva, integrante da segurança de Lula.
A PF encontrou evidências no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que ligam Wladimir Soares ao plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Conhecidos como “Kids Pretos”, os conspiradores pretendiam executar as autoridades como parte de um golpe de Estado. De acordo com a operação, Soares fornecia informações que poderiam subsidiar ações do grupo golpista. A PF afirmou que, como agente em Brasília, ele tinha acesso privilegiado à estrutura de segurança de Lula e Alckmin, incluindo detalhes estratégicos que foram compartilhados com pessoas próximas ao ex-presidente Bolsonaro.
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Durante as investigações, foi descoberto que Wladimir Soares frequentava acampamentos golpistas no quartel-general do Exército, em Brasília. Esse comportamento levou ao seu afastamento de funções que o colocassem diretamente em contato com a equipe de transição de governo. Além de Soares, dois tenentes-coronéis do Exército, Rodrigo de Azevedo e Hélio Lima, também foram presos. Ambos atuavam na segurança do evento G20, no Rio de Janeiro, quando foram detidos no Comando Militar do Leste.
A Operação Contragolpe revelou um esquema que envolvia militares e membros da segurança pública, indicando uma articulação ampla para comprometer a posse e a governabilidade do atual governo. Soares e outros suspeitos responderão por crimes que incluem tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e atentado contra o Estado democrático de direito.
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