Após mais de um século sem registros no Planalto da Ibiapaba, o periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus), uma espécie nativa e ameaçada de extinção, voltou a voar pela Caatinga nordestina. Na última quinta-feira (12), 18 exemplares foram reintroduzidos na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), localizada entre os municípios de Crateús, no Ceará, e Buriti dos Montes, no Piauí.
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O feito é resultado do projeto Refaunar Arvorar, uma iniciativa do Parque Arvorar, do Beach Park, em parceria com as ONGs Associação Caatinga e Aquasis. A ação contou com o apoio de fiscais do Ibama e representantes da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), reforçando um esforço conjunto para a preservação de espécies ameaçadas.
Antes de retornarem à natureza, os 18 periquitos passaram por um cuidadoso processo de aclimatação de cinco meses dentro da reserva. Durante esse período, os animais foram submetidos a rigorosas avaliações por biólogos, veterinários e zootecnistas, que certificaram sua saúde e capacidade de adaptação.
O processo de seleção seguiu critérios estabelecidos em ações anteriores, como a reintrodução da espécie na Serra da Aratanha, em 2022. Os periquitos escolhidos pertenciam a grupos familiares, o que favorece a coesão social e a sobrevivência no ambiente selvagem. Além disso, os animais foram treinados para usar caixas-ninho e comedouros, ferramentas essenciais para facilitar a transição ao habitat natural.
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“Foi emocionante ver os periquitos voltarem ao seu ambiente natural após tantos anos. Esse momento reforça a esperança de que, com esforço conjunto, é possível restaurar a natureza e salvar outras espécies ameaçadas”, destacou Roberto Cavalcante, fiscal ambiental da Semace, presente no evento de soltura.
A Reserva Natural Serra das Almas desempenha um papel crucial na conservação da biodiversidade da Caatinga. Espécies como a paca, o tatu-bola e o guariba-da-caatinga já retornaram espontaneamente à região. No entanto, para animais localmente extintos, como o periquito-cara-suja, são necessárias ações de reintrodução planejadas.
Além dos 18 periquitos já reintroduzidos, três aves apreendidas pelo Ibama também estão em processo de aclimatação na reserva. Essa etapa garantirá sua adaptação antes de serem soltas definitivamente no habitat.
O retorno do periquito-cara-suja à Caatinga não é apenas uma conquista ambiental, mas um marco no esforço de conservação colaborativa no Brasil. A união de ONGs, órgãos ambientais e especialistas evidencia a importância do trabalho conjunto para proteger a fauna nativa.
O projeto Refaunar Arvorar se alinha ao Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Caatinga, do Ministério do Meio Ambiente, demonstrando como iniciativas locais podem contribuir para metas nacionais de conservação.
A expectativa é que, com o sucesso dessa reintrodução, outras espécies emblemáticas da Caatinga, como as emas e as araras, possam ser igualmente reintegradas ao seu habitat natural, fortalecendo a biodiversidade e resgatando o equilíbrio ecológico da região.
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