O estudo, iniciado em 2019, já resultou em mais de 400 procedimentos bem-sucedidos no Ceará, representando um avanço significativo na medicina veterinária
Pele da tilápia faz cães e gatos cegos voltarem a enxergar
Uma pesquisa inovadora tem demonstrado o potencial regenerativo da pele da tilápia no tratamento de lesões oculares em cães e gatos, fazendo os animais voltarem a enxergar. O estudo, iniciado em 2019, já resultou em mais de 400 procedimentos bem-sucedidos no Ceará, representando um avanço significativo na medicina veterinária.
A técnica desenvolvida utiliza uma matriz dérmica acelular, um produto derivado da pesquisa com pele da tilápia no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), na coordenação do Dr. Edmar Maciel, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Esse material serve como um suporte para a regeneração das células da córnea, permitindo um processo de cura mais eficiente e com menos complicações.
“A pele da tilápia forma uma estrutura translúcida que facilita a cicatrização com mínima formação de cicatriz, preservando a visão dos animais. Além disso, a taxa de sucesso é alta, e o pós-operatório ocorre sem intercorrências, sem necessidade de internação prolongada”, explicou a médica veterinária e responsável pela pesquisa Mirza Melo, em entrevista à TV Cidade.
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Pesquisa com pele da tilápia faz cães e gatos cegos voltarem a enxergar
O tratamento ganhou notoriedade com casos como o da cadelinha Susy, uma Shi-Tzu que sofreu uma perfuração ocular ao fugir de casa. Sua tutora, dona Lúcia, buscou atendimento veterinário e foi surpreendida ao descobrir que o tratamento envolveria a aplicação da pele de tilápia. Quatro meses após o procedimento, Suzy recuperou totalmente a visão sem qualquer sequela.
Com um tempo médio de recuperação de 40 dias, a eficácia da técnica tem despertado o interesse da comunidade científica para sua aplicação na medicina humana. Estudos preliminares já indicam que a pele de tilápia pode ser utilizada para beneficiar pacientes submetidos a cirurgias oftalmológicas.
“O sucesso dos procedimentos veterinários nos anima a expandir a pesquisa para humanos. Acreditamos que os benefícios observados nos animais poderão ser replicados, trazendo novas possibilidades para o tratamento de doenças oculares em pessoas”, destaca a pesquisadora.
O avanço dessa tecnologia representa um marco na medicina regenerativa, consolidando a pele de tilápia como um recurso promissor tanto na veterinária quanto na oftalmologia humana. A inovação segue transformando a abordagem de tratamentos antes considerados complexos, abrindo novas perspectivas para a ciência e a saúde.
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Pesquisa com pele da tilápia completa 10 anos em 2025
A pesquisa sobre a utilização da pele de tilápia para fins médicos tem transformado a ciência e a saúde, alcançando reconhecimento internacional. Desde 2015, a equipe liderada pelo Dr. Edmar Maciel Lima Júnior tem demonstrado os benefícios desse material em diversas áreas da medicina e da veterinária.
O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) deferiu a titularidade dos processos que utilizam a pele de tilápia para tratamentos médicos, garantindo sua aplicação em procedimentos inovadores. Atualmente, a pele do peixe é usada no tratamento de úlceras, cirurgias de reconstrução vaginal e redesignação sexual. Além disso, a liofilização, técnica de desidratação da pele, tornou-se o procedimento mais utilizado pelos pesquisadores para aumentar a durabilidade e eficácia do material.
Na veterinária, a matriz dérmica da pele da tilápia tem mostrado excelentes resultados em cirurgias de córnea e procedimentos neurocirúrgicos em animais. A ampla disponibilidade da tilápia-do-nilo, o peixe mais consumido no Brasil, facilita a viabilidade da pesquisa e aplicação em tratamentos.
A pesquisa conta com 380 pesquisadores em 10 estados brasileiros e 9 países. Seus avanços resultaram em 42 publicações em revistas científicas nacionais e internacionais, além de 26 prêmios de primeiro lugar em diversas competições científicas. O trabalho também envolve colaborações com instituições renomadas como NASA, Fiocruz e Butantan.
A repercussão midiática da pesquisa é impressionante, com mais de 1000 matérias publicadas em 17 idiomas e 62 países. A importância do estudo foi reconhecida até mesmo em produções cinematográficas e televisivas, sendo citada em cinco seriados internacionais, incluindo Grey’s Anatomy, Good Doctor e The Resident.
O impacto da pesquisa também se reflete em suas quatro patentes, três delas já concedidas no Brasil e nos Estados Unidos. Além disso, a equipe participou de missões humanitárias em incêndios na Califórnia, Líbano, Pantanal e Uberaba, bem como em operações de resgate nas enchentes do Rio Grande do Sul.
A pesquisa segue em crescimento, com 101 projetos em andamento e a participação de 54 alunos em especialização, 32 em mestrado, 19 em doutorado e 3 em pós-doutorado. Além disso, já foram publicados quatro capítulos de livros com base nesses estudos.
Reconhecida como um marco na inovação médica, a pesquisa sobre a pele da tilápia continua a expandir suas aplicações e consolidar o Brasil como referência mundial em bioengenharia e medicina regenerativa.
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