Fortaleza tem enfrentado um problema no que diz respeito aos bueiros e sistemas de drenagem. A falta de manutenção desses equipamentos tem causado acidentes, além de promover riscos diários para a população. A aposentada Lucilene ainda carrega a cicatriz de um acidente que aconteceu pouco antes do Natal do ano passado, e a dor do ocorrido persiste, não apenas física, mas também psicológica. A queda em um bueiro aberto na Rua Liberato Barroso, no bairro Henrique Jorge, deixou uma marca profunda em sua perna, que exigiu 15 pontos para fechar.

“Não vi esse bueiro aberto, até mesmo porque era um pedaço bem pequeno que só coube o meu pé dentro. Quando eu vi, eu já estava caída com a perna dentro do bueiro e quando fui olhar de lado, o ferro que estava lá do bueiro saiu rasgando a minha perna”, contou Lucilene, lembrando com tristeza do momento.

O local onde a entrevistada sofreu o acidente, na Rua Liberato Barroso, é um ponto de grande movimento de pedestres, e o bueiro que causou a queda foi fechado de forma improvisada por permissionários. Mesmo com o fechamento, o risco permanece, principalmente para crianças. “É um risco muito grande de quebrar o pé, o tornozelo, até mesmo o pé da criança cair dentro e ficar enganchado”, alertou Lucilene, que ainda tem receio de voltar a caminhar por ali.

 

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A falta de sinalização adequada também contribui para os acidentes. “A minha direção às vezes é só olhar para frente. É um perigo, né? Porque a gente tá olhando reto e de repente tá com o pé no buraco e acontece um acidente, né? Principalmente os idosos”, afirmou a moradora, evidenciando o risco que o local oferece aos pedestres que passam pela rua sem perceber os perigos escondidos.

Na mesma região, moradores de outras ruas também enfrentam problemas com bueiros mal conservados. Na Rua Guaranir, no bairro Henrique Jorge, uma grade de madeira improvisada sinaliza uma galeria aberta, oferecendo perigo tanto para pedestres quanto para veículos. A moradora de uma das casas próximas relatou o transtorno causado. “Está prejudicando a gente, a comunidade, os moradores da rua, do bairro e a mim, principalmente, que transito por aqui diariamente”, afirmou. Ela pediu urgência na restauração da galeria, que há muito tempo precisa de reparos adequados.

Além disso, a rua também enfrenta problemas com bueiros entupidos, especialmente durante as chuvas. “É o mau cheiro, quando chove, entope, a água fica subindo na calçada, a gente tem medo até de entrar nas nossas casas”, disse uma moradora, alertando sobre o risco de saúde pública que a situação gera. Ela mencionou que o trabalho da prefeitura para resolver o problema não tem sido suficiente, com os serviços sendo feitos de maneira superficial. “Sempre os homens vêm, a caixa… O pessoal da prefeitura vem ajeitar, limpa, aí com dois dias ou três, às vezes até quando dá uma chuva, começa tudo de novo. E é um mau cheiro muito forte, incomoda os vizinhos, incomoda a gente”, relatou a moradora.

Em outros pontos do bairro Henrique Jorge, como no cruzamento das ruas Professor Edgar de Arruda e Tupi, a situação é ainda mais preocupante. Um bueiro que transborda constantemente tem causado sérios transtornos à população. “Há 20 anos que eu moro aqui. A Cagece nunca arrumou esse negócio aqui. Vem, arruma, mas faz mal feito e não resolve. Está aí, desse jeito aí. Quando estoura, fica um mau cheiro. Ninguém consegue nem comer direito, nem dormir direito”, disse um morador. Segundo ele, o problema é antigo e a solução proposta pela Companhia de Águas e Esgotos do Ceará (Cagece) tem sido ineficaz, agravando o sofrimento dos moradores.

Os relatos apontam uma clara falta de manutenção e fiscalização nos serviços públicos relacionados à drenagem e saneamento básico. A população, cansada de promessas e soluções temporárias, clama por um atendimento mais eficiente e por uma infraestrutura que garanta a segurança e qualidade de vida nas áreas afetadas.

A situação demanda não apenas atenção urgente das autoridades, mas também um compromisso com melhorias permanentes que atendam às necessidades da população de Fortaleza, que segue convivendo com os riscos de acidentes e transtornos causados pela negligência no cuidado com a infraestrutura urbana.

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