VEJA A CRONOLOGIA

Em pouco mais de um mês, Ceará registra 13 ataques contra provedores de internet; 40 pessoas já foram capturadas

Ações criminosas estão vinculadas à extorsão: uma facção cobra uma taxa mensal de provedores para permitir sua operação em áreas controladas pelo grupo

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27 de março de 2025
Portal GCMAIS

Desde fevereiro, o Ceará enfrenta uma onda de ataques coordenados por facções criminosas contra provedores de internet, com impactos na conectividade de cidades como Fortaleza, Caucaia e São Gonçalo do Amarante. As ações criminosas estão vinculadas à extorsão: uma facção cobra uma taxa mensal de provedores para permitir sua operação em áreas controladas pelo grupo. Empresas que recusam o pagamento são alvo de represálias, como incêndios, tiros e destruição de infraestrutura.

Em pouco mais de um mês, Ceará registra 13 ataques contra provedores de internet; 40 pessoas já foram capturadas
Foto: Reprodução

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Em 12 de março, a Polícia Civil deflagrou a primeira fase da Operação Strike, prendendo 17 suspeitos em Fortaleza, Caucaia, Horizonte e São Gonçalo do Amarante. Entre os detidos, estavam dois líderes de um grupo criminoso:

  • Um articulador de 21 anos, preso em São Gonçalo do Amarante, com armas e munições apreendidas. Ele era responsável por organizar ataques na região metropolitana;
  • Um “braço técnico” de 30 anos, com antecedentes por tráfico e homicídio, ligado a um provedor clandestino usado para financiar a facção.

Além disso, cinco donos de empresas de internet irregulares foram presos em flagrante por funcionamento clandestino e receptação. A polícia apreendeu roteadores, distribuidores de fibra óptica e três pistolas durante buscas.

Cronologia dos ataques contra provedores de internet no Ceará

22 de fevereiro: dois veículos da empresa Brisanet são incendiados durante um ataque no bairro Jacarecanga, em Fortaleza.

27 de fevereiro: criminosos invadem e depredam a sede da provedora Giga+ no distrito do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, região onde está localizado o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

6 de março: um veículo de serviço da empresa Brisanet é completamente incendiado no Conjunto Metropolitano, em Caucaia.

7 de março: criminosos sabotam a infraestrutura de uma operadora em Caridade, destruindo cabos de internet e deixando 90% dos clientes da cidade sem conexão.

8 de março: o governador Elmano de Freitas anuncia a criação de uma força-tarefa para enfrentar facções responsáveis pelos ataques a empresas do setor de telecomunicações.

9 de março: durante a madrugada, uma empresa é alvo de criminosos no bairro Sítios Novos, em Caucaia, apenas um dia após o anúncio das medidas de segurança pelo governo.

10 de março: a fachada da empresa Acnet, em Caucaia, é atingida por disparos de arma de fogo; criminosos também destroem a fiação de outra provedora de internet na cidade.

11 de março: um veículo da empresa Brisanet é apedrejado por criminosos em Caucaia.

12 de março: a polícia realiza a Operação Strike, resultando na prisão de 17 suspeitos envolvidos nos ataques às provedoras de internet.

14 de março: uma nova fase da Operação Strike leva à prisão de mais sete suspeitos, elevando o número total de detidos para 24.

17 de março: criminosos encapuzados arrombam a sede da Giga+ no bairro Parque Soledade, em Caucaia, e ateiam fogo no local; no mesmo dia, outras duas empresas sofrem ataques, uma no bairro Parque São Gerardo, em Caucaia, e outra na cidade de Caridade.

19 de março: uma provedora de internet em Caucaia anuncia o encerramento de suas atividades após ser alvo de ataques de facções criminosas.

20 de março: criminosos incendeiam um carro da Giga+ no bairro Farias Brito, em Fortaleza; no mesmo dia, um suspeito de liderar uma facção criminosa é preso no Eusébio, elevando para 28 o número de capturados pela Operação Strike.

27 de março: equipes das Polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público, deflagraram a terceira fase da operação denominada “Dynamus”, na cidade de Caridade. Ao todo, mais oito pessoas foram presas por força de mandados de prisão por integrar organização criminosa.

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Contexto e motivações

Em Caridade, por exemplo, a queda de 90% na conexão expôs a dependência de comunidades de serviços ilegais, já que o crime organizado domina a oferta de internet em regiões periféricas. Estima-se que 400 mil pessoas na Grande Fortaleza vivam em áreas onde provedores clandestinos são a única opção.

A GPX Telecom encerrou atividades em 20 de março, citando ataques recorrentes e ameaças a funcionários. Outras empresas, como Brisanet, ACNet e Giga+ Fibra, mantiveram serviços intermitentes, mas com restrições em visitas técnicas.

Balanço de capturas

As ações das Forças de Segurança do Estado contra suspeitos de ataques a empresas provedoras de internet já resultaram nas capturas de 40 pessoas, no Ceará. As prisões ocorreram por força de mandados de prisão e em termos flagranciais. Durante os trabalhos policiais, veículos, diversos aparelhos celulares, armas e munições também foram apreendidos.

O secretário da SSPDS, Roberto Sá, ressaltou a relevância da ofensiva. “Estamos demonstrando para a nossa sociedade que entendemos o caráter importantíssimo das ações do Governo do Ceará no enfrentamento a esses grupos criminosos que realizaram esses ataques a funcionários e empresas que prestam serviço de internet. Chegamos a 40 pessoas capturadas e muitas apreensões. Somente hoje, na cidade de Caridade, foram oito capturas e 16 mandados de busca e apreensão”, detalhou. O gestor da SSPDS ainda pontuou que o trabalho é permanente. “Nenhuma ação criminosa ficará sem uma resposta de investigação e de ação operacional. Estamos trabalhando com todas as forças nessa coalizão do bem, contra esses grupos criminosos. Solicitamos aqui o apoio da população com informações, via Disque-Denúncia 181. Não toleraremos o crime aqui no Ceará. Se insistirem nessa empreitada, serão identificados um a um e presos”.

A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As informações podem ser direcionadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia ou ainda via “e-denúncia”, o site do serviço 181, por meio do endereço eletrônico: https://disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br/.

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