Ações criminosas estão vinculadas à extorsão: uma facção cobra uma taxa mensal de provedores para permitir sua operação em áreas controladas pelo grupo
Em pouco mais de um mês, Ceará registra 13 ataques contra provedores de internet; 40 pessoas já foram capturadas
Desde fevereiro, o Ceará enfrenta uma onda de ataques coordenados por facções criminosas contra provedores de internet, com impactos na conectividade de cidades como Fortaleza, Caucaia e São Gonçalo do Amarante. As ações criminosas estão vinculadas à extorsão: uma facção cobra uma taxa mensal de provedores para permitir sua operação em áreas controladas pelo grupo. Empresas que recusam o pagamento são alvo de represálias, como incêndios, tiros e destruição de infraestrutura.

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Em 12 de março, a Polícia Civil deflagrou a primeira fase da Operação Strike, prendendo 17 suspeitos em Fortaleza, Caucaia, Horizonte e São Gonçalo do Amarante. Entre os detidos, estavam dois líderes de um grupo criminoso:
- Um articulador de 21 anos, preso em São Gonçalo do Amarante, com armas e munições apreendidas. Ele era responsável por organizar ataques na região metropolitana;
- Um “braço técnico” de 30 anos, com antecedentes por tráfico e homicídio, ligado a um provedor clandestino usado para financiar a facção.
Além disso, cinco donos de empresas de internet irregulares foram presos em flagrante por funcionamento clandestino e receptação. A polícia apreendeu roteadores, distribuidores de fibra óptica e três pistolas durante buscas.
Cronologia dos ataques contra provedores de internet no Ceará
22 de fevereiro: dois veículos da empresa Brisanet são incendiados durante um ataque no bairro Jacarecanga, em Fortaleza.
27 de fevereiro: criminosos invadem e depredam a sede da provedora Giga+ no distrito do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, região onde está localizado o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
6 de março: um veículo de serviço da empresa Brisanet é completamente incendiado no Conjunto Metropolitano, em Caucaia.
7 de março: criminosos sabotam a infraestrutura de uma operadora em Caridade, destruindo cabos de internet e deixando 90% dos clientes da cidade sem conexão.
8 de março: o governador Elmano de Freitas anuncia a criação de uma força-tarefa para enfrentar facções responsáveis pelos ataques a empresas do setor de telecomunicações.
9 de março: durante a madrugada, uma empresa é alvo de criminosos no bairro Sítios Novos, em Caucaia, apenas um dia após o anúncio das medidas de segurança pelo governo.
10 de março: a fachada da empresa Acnet, em Caucaia, é atingida por disparos de arma de fogo; criminosos também destroem a fiação de outra provedora de internet na cidade.
11 de março: um veículo da empresa Brisanet é apedrejado por criminosos em Caucaia.
12 de março: a polícia realiza a Operação Strike, resultando na prisão de 17 suspeitos envolvidos nos ataques às provedoras de internet.
14 de março: uma nova fase da Operação Strike leva à prisão de mais sete suspeitos, elevando o número total de detidos para 24.
17 de março: criminosos encapuzados arrombam a sede da Giga+ no bairro Parque Soledade, em Caucaia, e ateiam fogo no local; no mesmo dia, outras duas empresas sofrem ataques, uma no bairro Parque São Gerardo, em Caucaia, e outra na cidade de Caridade.
19 de março: uma provedora de internet em Caucaia anuncia o encerramento de suas atividades após ser alvo de ataques de facções criminosas.
20 de março: criminosos incendeiam um carro da Giga+ no bairro Farias Brito, em Fortaleza; no mesmo dia, um suspeito de liderar uma facção criminosa é preso no Eusébio, elevando para 28 o número de capturados pela Operação Strike.
27 de março: equipes das Polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público, deflagraram a terceira fase da operação denominada “Dynamus”, na cidade de Caridade. Ao todo, mais oito pessoas foram presas por força de mandados de prisão por integrar organização criminosa.
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Contexto e motivações
Em Caridade, por exemplo, a queda de 90% na conexão expôs a dependência de comunidades de serviços ilegais, já que o crime organizado domina a oferta de internet em regiões periféricas. Estima-se que 400 mil pessoas na Grande Fortaleza vivam em áreas onde provedores clandestinos são a única opção.
A GPX Telecom encerrou atividades em 20 de março, citando ataques recorrentes e ameaças a funcionários. Outras empresas, como Brisanet, ACNet e Giga+ Fibra, mantiveram serviços intermitentes, mas com restrições em visitas técnicas.
Balanço de capturas
As ações das Forças de Segurança do Estado contra suspeitos de ataques a empresas provedoras de internet já resultaram nas capturas de 40 pessoas, no Ceará. As prisões ocorreram por força de mandados de prisão e em termos flagranciais. Durante os trabalhos policiais, veículos, diversos aparelhos celulares, armas e munições também foram apreendidos.
O secretário da SSPDS, Roberto Sá, ressaltou a relevância da ofensiva. “Estamos demonstrando para a nossa sociedade que entendemos o caráter importantíssimo das ações do Governo do Ceará no enfrentamento a esses grupos criminosos que realizaram esses ataques a funcionários e empresas que prestam serviço de internet. Chegamos a 40 pessoas capturadas e muitas apreensões. Somente hoje, na cidade de Caridade, foram oito capturas e 16 mandados de busca e apreensão”, detalhou. O gestor da SSPDS ainda pontuou que o trabalho é permanente. “Nenhuma ação criminosa ficará sem uma resposta de investigação e de ação operacional. Estamos trabalhando com todas as forças nessa coalizão do bem, contra esses grupos criminosos. Solicitamos aqui o apoio da população com informações, via Disque-Denúncia 181. Não toleraremos o crime aqui no Ceará. Se insistirem nessa empreitada, serão identificados um a um e presos”.
A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As informações podem ser direcionadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia ou ainda via “e-denúncia”, o site do serviço 181, por meio do endereço eletrônico: https://disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br/.
Leia também | Extorsão: facção estaria cobrando R$ 20 mensais por cliente a empresas de internet do Ceará
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