Esses compostos são conhecidos por sua lenta degradação no meio ambiente
Estudo da Uece identifica compostos químicos potencialmente tóxicos em camarões pescados no Ceará
Um estudo científico com participação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), publicado na última segunda-feira (5) pela revista internacional Journal of Food Composition and Analysis, revelou a presença de substâncias químicas sintéticas — os chamados PFAs (substâncias perfluoroalquiladas) — em camarões pescados no litoral cearense. Esses compostos são conhecidos por sua lenta degradação no meio ambiente e por estarem associados ao aumento do risco de vários tipos de câncer em humanos.

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A pesquisa, intitulada “Estudo de comparação de PFAs em camarões de fazenda e de oceano no Brasil”, tem como principal objetivo entender como os materiais artificiais criados pelo homem podem ser absorvidos pelo organismo e pelo meio ambiente, bem como os possíveis impactos dessa contaminação. Além disso, busca alertar a população sobre os riscos do uso e descarte inadequado de produtos que contenham PFAs.
Segundo o professor Luan Fonsêca, da Faculdade de Educação de Crateús (Faec/Uece), “foi possível identificar a presença de nove desses compostos nas amostras, sendo dois deles derivados de PFAs reportados pela primeira vez no mundo em amostras de camarão”. Apesar de a concentração detectada ainda ser considerada baixa, o pesquisador ressalta: “Não considero que seja um risco real ao consumo moderado, mas é um alerta para o futuro”.
Além da presença de substâncias químicas nos camarões do Ceará, o estudo também evidencia a carência de legislações e infraestrutura para monitorar a presença de PFAs nos alimentos e na água no Brasil. “Não há dados sobre o nível de contaminação por esses compostos na água de consumo ou nos alimentos. Não há também legislação brasileira clara sobre a concentração de PFAs hoje permitidas em alimentos ou em água e, mais do que isso, nós temos poucos laboratórios com infraestrutura capaz de fazer esse tipo de análise”, afirma Luan Fonsêca.
A pesquisa foi realizada por uma rede de instituições: além da Uece, participaram a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Universidade de Graz (Áustria), o Instituto James Hutton (Reino Unido) e a Universidade de Kwazulu-Natal (África do Sul).
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O que são PFAs e por que preocupam?
Os PFAs são substâncias extremamente resistentes à água, gordura, calor e manchas. Devido à sua estrutura química, praticamente não se degradam no meio ambiente, o que gera grande preocupação entre cientistas e autoridades de saúde. Eles estão presentes em diversos produtos do cotidiano, como utensílios de cozinha antiaderentes, embalagens de alimentos, roupas impermeáveis e produtos de limpeza.
O descarte inadequado desses materiais pode resultar na liberação dos compostos no solo e, eventualmente, nos rios e oceanos, afetando diretamente os ecossistemas marinhos e os alimentos consumidos pela população.
Na próxima fase, os cientistas ampliarão o escopo da análise, investigando a presença de PFAs em outros alimentos comuns na mesa dos brasileiros, bem como na água de abastecimento e em fluidos humanos, como sangue e urina. O objetivo é rastrear a rota de contaminação e compreender como esses compostos são absorvidos pelo organismo humano.
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