Na noite da última terça-feira (2), o governador Camilo Santana anunciou um novo decreto com mais medidas restritivas, na busca de tentar diminuir a disseminação do coronavírus. Junto com ele, em uma live publicada nas redes sociais, estava o prefeito de Fortaleza, José Sarto, e o titular de Secretaria de Saúde, Dr. Cabeto.
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Desta quarta-feira (3) até o dia 17 de fevereiro, estabelecimentos na Capital vão ter os horários de funcionamento reduzidos. A medida, apesar de importante, não agradou alguns setores da economia cearense. O GCMAIS faz um resumo de toda essa situação. Confira:
O cenário da pandemia
As preocupações são muitas. Em, pelo menos, seis estados brasileiros já foram identificadas variantes do coronavírus. Em muitos deles, acredita-se que essas novas cepas são o motivo das altas no número de infecções. No Ceará, até o momento, ainda não há confirmação dessas mutações, mas existem casos em estudos.
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Para além do risco das novas variantes, os números de casos confirmados da covid-19 vêm aumentando no Ceará. Segundo o boletim divulgado na última terça-feira pela plataforma IntegraSUS, o número de casos confirmados da infecção no Ceará é de 376.653. Já de mortes, são 10.510.
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A situação da Capital é ainda mais alarmante. Aqui, 90.41% das UTIs para adultos com covid-19 estão ocupadas. Seis hospitais da rede pública de saúde estão com todos os leitos ocupados.
Aglomerações e desrespeito às normas sanitárias estão piorando a situação. Mesmo com a intensificação das fiscalizações, os noticiários das últimas semanas estão sendo marcados por festas clandestinas em Fortaleza e na Região Metropolitana.
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“O que tem aumentado os casos no Ceará são as festas e aglomerações”, disse o governador durante o anúncio do novo decreto. Na mesma noite, Camilo ainda chegou a admitir que o mundo vem enfrentando mais uma onda da pandemia de covid-19.
O novo decreto
Assim como anunciado na última terça-feira, a partir desta quarta entra em vigor o decreto que proíbe atividades não essenciais de funcionar após as 20h. Comércio, indústria e os serviços que não estão na lista dos essenciais, agora estão com o horário reduzido.
Para locais que trabalham com alimentação fora do lar, as restrições são ainda mais fortes. Nos sábados e domingos, restaurantes (inclusive os de shopping), praças de alimentação, barracas de praia e estabelecimentos similares só funcionarão até as 15h.
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O que ainda pode ajudar no faturamento destes locais é o delivery. Os serviços de entrega continuam podendo funcionar durante todos os horários.
“Compreendo os transtornos causados a alguns setores, mas o objetivo único dessas medidas é evitar o que vem ocorrendo em outros estados, como o colapso do sistema de saúde e o aumento descontrolado de casos e óbitos”, justificou o governador.
O prefeito, José Sarto, também se manifestou sobre a decisão: “com essas medidas, esperamos frear o aumento do número de casos de infecções e óbitos registrados em nossa cidade”, declarou através das redes sociais.
Críticas
Na mesma noite do anúncio do governador, entidades ligadas ao setor de restaurantes criticaram as medidas tomadas pelo Governo do Ceará.
Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Ceará (Abrasel), este novo decreto “pegou totalmente de surpresa os milhares de empregadores, afetando, inclusive, os empregados e suas famílias”. A entidade afirma que as restrições tornam inviáveis o serviço noturno nos estabelecimentos o que pode resultar “na morte de mais empresas”.
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Em uma carta aberta ao governador, o Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares no Ceará (Sindirest), fez um apelo para que o decreto seja repensado pelo gestor.
“Senhor governador, escute nossas súplicas, pondere e reveja este decreto, pois não existiu setor mais dedicado do que o de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets, Lanchonetes e Similares, a cumprir as exigências sanitárias de combate à pandemia de coronavírus”, diz a carta.
Segundo o material divulgado à imprensa, as medidas de restrições foram recebidas com espanto pelo setor, por conta da urgência e da falta de tempo hábil para preparar um planejamento por parte dos estabelecimentos.
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“Como os restaurantes e bares deste Estado poderão sobreviver sem um mínimo de tempo para, por exemplo: dar férias a funcionários (evitando mais demissões), ou mesmo comprar estoque menor, a fim de não armazenar produtos para o turno da noite?”, questiona o sindicato.
A vacinação no Ceará
Segundo os especialistas, a saída mais segura para o cenário da pandemia é a vacinação.
Em todo o Ceará, até o meio dia da última terça-feira, 120.917 pessoas já haviam recebido uma dose do imunizante. Só em Fortaleza, são 48.641 imunizados. Outros doze municípios cearenses já terminaram de aplicar todas as doses que receberam.
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Porém, ainda falta muito para completar a fase da vacinação. O Ceará, assim como diversos outros estados, continuam aplicando as doses disponíveis e esperando a chegada de mais lotes vindos do Governo Federal.
“Tenho reforçado todos os dias, junto ao Ministério da Saúde, a necessidade da liberação imediata de mais vacinas para que possamos imunizar os cearenses o mais rápido possível”, afirmou Camilo.