Comércio fechado e circulação de pessoas reduzida. A partir deste sábado (13), todos os municípios do Ceará entram em lockdown e apenas os serviços considerados essenciais podem continuar funcionando normalmente.
Apesar de ser uma medida dura, o isolamento social rígido é importante no combate à pandemia de covid-19 e, com o apoio da população, pode ter efeitos percebidos já nos próximos 10 dias.
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Segundo uma pesquisa do Instituto Ampla, com base nos dados que são fornecidos pelo Governo do Ceará, o estado caminha, neste momento, para os piores dias da segunda onda de covid-19.
“Acreditamos que estamos nos dirigindo para o chamado ‘pico’ da doença. Este pico deve ocorrer entre os dias 15 a 22 de março. Percebe-se claramente que os números estão bem elevados tanto de novos casos diários, como também a média móvel, o que faz com que as nossas projeções estejam corretas”, explica Agliberto Ribeiro, diretor do Instituto Ampla Pesquisa
A boa notícia é que, depois desse auge no número de casos, existe uma expectativa de que os efeitos do isolamento já se tornem perceptíveis e comece uma redução da quantidade de infectados diariamente pelo vírus.
“Acreditamos que, logo após esse pico, deve-se dar início a desaceleração da doença. Que consequentemente faz com que os novos casos comecem a cair, como também as taxas de reprodução do vírus tendem a baixar”, afirma o diretor do instituto.
A projeção, porém, leva em conta a adesão da população às normas de isolamento social. Sem isso, o cenário pode continuar se agravando por mais dias.
“Fatores externos podem sim alterar as projeções. Sabemos que, diferente do lockdown aplicado em março de 2020, boa parte da população insiste em descumprir este decreto”, destaca Agliberto Ribeiro, acrescentando que as medidas de 2021 são mais brandas do que as do ano anterior. “Claramente esse lockdown deixou muitas brechas, diferente do que tivemos no ano passado em que fechamos, praticamente, 85% dos setores econômicos”.
E se não houvesse lockdown?
Suspender o funcionamento de diversas atividades e serviços pode até ser uma ação mal vista por parte da população, mas, segundo Agliberto Ribeiro, é a medida necessária para evitar um colapso. Sem o lockdown e com a capacidade de transmissão que o vírus vem demonstrando, os hospitais não teriam condições de realizar todos os atendimentos e a quantidade de mortes por conta da doença aumentaria.
“Certamente teríamos um cenário gravíssimo. Já estamos praticamente ficando com 100% da ocupação de leitos em boa parte dos municípios. Consequentemente, sem atendimento e sem internação, teoricamente teríamos um número alto de óbitos”, explica o especialista.
Segundo os dados do IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará, pelo menos 10 municípios cearenses estão sem vagas para pacientes com covid-19. Em todo o estado, a taxa de ocupação dos leitos de UTIs é de 90,44%, mesmo com o aumento constante no número de vagas por parte do Governo do Ceará.
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Vacinação
Agliberto Ribeiro reforça a máxima que a maior parte dos especialistas vêm afirmando em todo o mundo: só com a vacinação será capaz de controlar a pandemia. Somente com uma população amplamente imunizada é que o País inteiro poderá retomar a economia com segurança.
Porém, o número de doses que estão disponíveis no Brasil ainda é baixo, o que torna a vacinação lenta. “Uma projeção de nosso Instituto aponta que, se a vacinação continuar nessa velocidade, os efeitos reais só serão observados entre setembro/outubro deste ano”, conclui Agliberto Ribeiro.
Segundo os dados do Vacinômetro, atualizados ao meio-dia da última sexta-feira (12), 559.890 doses da vacina contra covid-19 foram aplicadas no Ceará. A expectativa é que mais doses cheguem no início da próxima semana, segundo o governador Camilo Santana.
Além disso, ao lado de outros governadores do Nordeste, o líder do Executivo no Ceará participa das negociações com o Fundo Soberano Russo para garantir a aquisição da vacina Sputnik V. Segundo o governador do Piauí, a partir de abril a Rússia deve começar a enviar lotes do imunizante para o Brasil.
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