“O cenário de emergência climática é o principal desafio que a humanidade vai enfrentar ao longo das próximas décadas”, afirma o biólogo Gabriel Aguiar em concordância com o que dizem diversos especialistas em todo o mundo.

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Essa situação do meio ambiente na Terra é motivo de preocupação de dezenas de líderes mundiais que se reuniram na última quinta-feira (22) na Cúpula do Clima, evento organizado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Nos discursos, líderes de 40 nações falaram sobre os problemas gerados pelo desmatamento, produção de gases poluentes e outros problemas que ameaçam a vida no Planeta.

Apesar dessas mudanças afetarem o mundo inteiro, Gabriel Aguiar explica que o Ceará está localizado em uma das regiões mais sensíveis a essas mudanças climáticas. “Por estarmos no semi-árido, o nosso estado é especialmente vulnerável ao cenário de mudanças climáticas. Esses impactos, que afetam o mundo todo, afetam, em especial, esses climas que são mais difíceis e mais áridos para a vida se manter. Extremos climáticos vão ser mais recorrentes aqui no Ceará, a seca plurianual vai ser cada vez mais severa e as comunidades do litoral também vão sofrer as consequências da elevação do nível da água e das mudanças de migrações dos ciclos da vida que eles pescam, tanto crustáceos quanto peixes”, destaca o biólogo.

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É diante deste risco que o desenvolvimento de políticas de preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável são essenciais. Na última terça-feira (20), governadores dos estados brasileiros, entre eles Camilo Santana, participaram de uma reunião com o embaixador dos Estados Unidos. A proposta era entregar uma carta para o presidente Joe Biden, nas vésperas da Cúpula do Clima, com propostas de políticas dos estados visando a preservação ambiental.

Segundo o secretário do Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno, que participou da reunião ao lado de Camilo Santana e outros gestores do Estado, havia um receio de que o presidente Jair Bolsonaro não ganhasse a confiança dos líderes mundiais durante o encontro sobre o clima. “O governo norte-americano sempre indica que, na área ambiental, é importante envolver a sociedade civil. O governo Bolsonaro não envolve nem estados, nem municípios nem sociedade civil, o que vai contra o espírito das sociedades internacionais”, afirmou o secretário. Ele ressaltou, ainda, que tanto o presidente quanto o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estão desgastados no cenário internacional.

Foi este cenário preocupante que fez os governadores passarem na frente do presidente Bolsonaro e enviarem o documento ao presidente Joe Biden antes do início da Cúpula do Clima. Como as metas de políticas ambientais foram regionais, o Ceará assinou, além da carta geral, uma outra mensagem com propostas dos governos do Nordeste para o meio ambiente. No total, foram 11 compromissos enviados pelo Consórcio Nordeste, com propostas como “trabalhar pelo desmatamento ilegal zero em nossos biomas”, “trabalhar para a recuperação e restauração florestal”, “atuar na redução de emissões de gases de efeito estufa”, entre outros.

Diante deste debate, o GCMAIS traz alguns pontos do meio ambiente e das políticas ambientais no Ceará. Confira:

Produção de energia

“O governador Camilo Santana tem priorizado as energias renováveis. O Ceará é um dos estados que mais atrai investimentos em energia eólica e energia solar”, afirma Artur Bruno. Ele lembra que o Estado tem uma condição ambiental privilegiada para a produção de energia eólica, afinal “temos um dos melhores ventos do mundo”.

Porém, o biólogo Gabriel Aguiar alerta que, nesta questão de produção energética, o Ceará tem um ponto crítico que é a utilização de uma usina termelétrica. Segundo ele, esse tipo de energia está entre as mais poluentes do mundo e é motivo de preocupação de diversos países. “A gente ainda explora, aqui, o carvão mineral, uma energia do século passado, em uma termelétrica, a maior termelétrica do País, que fica aqui no Pecém”, destaca o biólogo.

Questionado sobre esta usina, o secretário do Meio Ambiente do Ceará ressaltou que a usina é resultado de um contrato de cerca de 20 anos firmado ainda no governo Cid Gomes. “O Estado não pode romper. A própria empresa tem interesse em mudar sua matriz energética. Caberá ao Estado, no final do prazo, decidir se continuará. Creio que faltam poucos anos”, afirma Artur Bruno.

Sobre os combustíveis renováveis, o secretário destaca que o Ceará tem investido na produção de gás natural. “Hoje, 15% do gás que a Cegás (Companhia de Gás do Ceará) vende para empresas e residências já é de gás natural renovável”. Além disso, em fevereiro deste ano, o Governo do Estado lançou um HUB de Hidrogênio Verde, para incentivar a produção de energias limpas.

Preservação do meio ambiente

Segundo Artur Bruno, o Ceará possui, atualmente, 92 unidades de preservação ambiental, sendo 30 destas de gerência estadual. A promessa é que até o final do mandato do governador Camilo Santana, mais sete unidades de conservação sejam criadas. Mais informações sobre estas unidades estão disponíveis neste link.

Além disso, o Governo também lançou um inventário da fauna, catalogando os animais no Ceará e destacando aquelas espécies que estão em risco de extinção. Um outro documento voltado para a flora deve ser lançado em breve.

Resíduos sólidos

“O Governo tem procurado, em parceria com os municípios, trabalhar nas extinções dos lixões”, afirma o secretário. Segundo ele, as cidades no Ceará possuem planos de coleta seletiva, além de formas de tratamento dos resíduos sólidos. Existe, também, o Selo Produto Verde, que reduz o ICMS em 60% dos produtos oriundos de reciclagem no Estado.

Além disso, o governo também vem contando com a participação de um trabalhador essencial nesta coleta seletiva: o catador. O Auxílio Catador é um programa que paga o valor de 25% do salário mínimo para esses profissionais que atuam neste serviço ambiental.

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